Ana Ristovic: a arte de ser brasileira por um ano

Por Robério José Canto
sexta-feira, 22 de abril de 2011
por Jornal A Voz da Serra
Ana Ristovic: a arte de ser brasileira por um ano
Ana Ristovic: a arte de ser brasileira por um ano

Ana Ristovic é uma jovem norte-americana, bonita e simpática, que participa de um intercâmbio promovido pelo Rotary Clube entre estudantes de diversos países. Escolheu o Brasil e veio para Nova Friburgo. Matriculada no Colégio Nossa Senhora das Dores, aprendeu português rapidamente e logo fez muitas amizades.

Nesta entrevista, Ana fala um pouco de si mesma, e do que pensa sobre o Brasil, o povo brasileiro e a nossa cidade.

LIGHT – Ana, fale um pouco sobre você, sobre sua escola, sua cidade.

ANA – Eu sou de uma cidade com quase vinte mil pessoas e minha escola tinha dois mil alunos. Eu me formei e, quando voltar, vou estudar Relações Internacionais na faculdade de Chicago. Lá eu moro com minha mãe. Eu amo minha família, meus amigos e novas experiências. Gosto muito de viajar e conhecer novos lugares e culturas diferentes.

LIGHT – Você tem facilidade para línguas...

ANA – Eu aprendi sérvio antes do inglês, meus pais são sérvios. Acho que isso é que me fez ficar interessada em aprender sobre os outros. Minha irmã, Aleks, era intercambista, minha família também recebeu um intercambista da Turquia. Intercâmbio é uma coisa incrível. Eu me sinto sortuda por estar fazendo isso.

LIGHT – Por que você escolheu o Brasil, um país que talvez nos Estados Unidos tenha fama de um lugar estranho, atrasado?

ANA - Eu escolhi o Brasil porque é diferente dos Estados Unidos. Nenhum país é melhor ou pior, eles são diferentes. Eu amo os dois.

LIGHT – Você tinha alguma ideia sobre o Brasil? O país correspondeu às suas expectativas? Foi melhor ou pior?

ANA – Antes de começar o intercâmbio, eu conheci intercambistas brasileiros, todos muito simpáticos e abertos. Depois comecei a estudar sobre o Brasil. Minhas expectativas eram de encontrar um povo agradável e gentil. Fora isso, não sabia o que esperar. As pessoas são muito boas aqui.

LIGHT – Você está falando português bem, pelo tempo que está no Brasil. Mas o português é tido como uma língua muito difícil. Você já sabia um pouco do idioma?

ANA – É muito difícil! Eu estudei francês, espanhol e falo sérvio e, com certeza, o português é o mais difícil. Foi o meu maior desafio aqui no Brasil. Os verbos são muito difíceis. Em inglês não tem masculino e feminino. Eu ainda tenho dificuldades com os artigos. Mas as pessoas me entendem na maioria das vezes. Isso me faz muito feliz.

LIGHT – Uma coisa que todos observam é que você se entrosou rapidamente com seus colegas do Colégio Nossa Senhora das Dores. Em que aspectos as juventudes brasileira e americana são iguais ou diferentes?

ANA – São diferentes. Lá as pessoas são mais sérias. Não frias, mas mais reservadas. Quando se encontram, ninguém dá beijos e abraços, só um alô. Não que sejam frias e distantes como as pessoas podem pensar. Outro intercambista que eu conheço me dissera que na Europa era difícil fazer amizades. Mas aqui, para mim, foi fácil fazer amizades. No meu primeiro dia de aula, no intervalo, as pessoas imediatamente vieram até mim e começaram a falar comigo. Eu sou muito grata por isso. Eu sempre me senti acolhida.

LIGHT – Então, os colegas foram, como se diz no Brasil, “legais”, com você?

ANA - Foi maravilhoso! Quando chego à escola aqui sempre recebo muito “alô!”, “oi!”, “bom dia!”. Na comunicação eu tive muita ajuda de Maiara Folly. Ela era minha tradutora. Sentirei muitas saudades quando voltar para os Estados Unidos.

LIGHT – E namorado?

ANA – (Risos) Não, eu não namorei. Namoro é distração. Eu tenho coisas mais importantes no momento.

LIGHT – Também lá você não deixou ninguém chorando...

ANA – (Risos) Não, não deixei ninguém chorando.

LIGHT – Ana, todo estrangeiro sai do Brasil dizendo que o país é lindo, e o povo é muito simpático. Mas às vezes isso soa como mera gentileza. O que você realmente acha do Brasil?

ANA – Eu acho que o povo brasileiro é muito aberto, simpático, amigável, muito trabalhador. Isso é algo maravilhoso para mim, que vim dos Estados Unidos, um país que as pessoas adoram odiar. Mas acho que aqui as pessoas não se preocupam muito com outros grupos. A desigualdade de renda é muito grande. Nos EUA as pessoas têm mais chances de fazer sucesso, ganhar dinheiro, não importa em qual classe elas nascem. Todo mundo é igual. Não significa que todos aproveitem, mas as chances existem.

LIGHT – A desigualdade social no Brasil chamou sua atenção...

ANA – No Brasil, parece que a situação financeira em que a criança nasce é seu destino, que não se cria igualdade...

LIGHT – Que outros lugares do Brasil você conheceu, além de Nova Friburgo? O que achou deles?

ANA – Eu viajei de ônibus até Fortaleza, e ao longo da Costa Leste. Conheci São Paulo, Rio de Janeiro, Cabo Frio, Rio das Ostras. Eu realmente adorei o Nordeste. Um pouco quente demais, mas gostei da cultura, da comida, do povo... Em maio eu viajarei para a Amazônia. Então, estou muito animada! O Brasil é um país lindo!

LIGHT - Para encerrar, fale algo sobre Nova Friburgo.

ANA – Nova Friburgo is my home away from home. A beautiful city! Quando ocorreu a tragédia de janeiro, recebi muitos e-mails, todo mundo viu na televisão. Agora as pessoas sabem muito mais sobre a cidade. Eu amo Nova Friburgo!

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