Que o distrito de Amparo é um oásis para quem procura um lugar acolhedor, tranquilo e de natureza exuberante, não há dúvidas. A região tem recebido muitos moradores e expandido o comércio local. Mesmo assim, a simplicidade da população nascida e criada no 4º distrito, as antigas construções que fazem sentir que estamos voltando ao passado e a paisagem invejável são características que parecem não mudar com o passar dos anos.
No entanto, há fatores nada positivos vividos pela população que, infelizmente, também parecem não mudar. A espera incessante pelo novo posto de saúde é um deles. É unânime a opinião dos moradores confirmando que, de todos os males, este é o maior. Em nossa visita ao distrito fomos até o terreno do novo posto e encontramos um imóvel aparentemente pronto e nenhum operário no local. As obras começaram em 2011 e até hoje o espaço ainda não foi inaugurado. Com prazo para março de 2013, a obra foi paralisada diversas vezes. Enquanto isso, os moradores são atendidos em um pequeno imóvel alugado, com poucos equipamentos e sem ambulância.
“O posto que funciona na casa alugada é precário e a obra da nova unidade que parecia que ia solucionar nosso problema está uma vergonha. Já falaram que estava em atraso por falta de repasse de verbas, agora, a desculpa da vez é o telhado. Nos informaram que a estrutura das telhas estava mal feita e por isso precisou ser arrancada para a reposição”, afirma o comerciante Marcelo Gripp da Rocha, de 47 anos.
A Prefeitura, em nota, afirmou que, após o período de paralisação, as obras de construção do posto já estão concluídas. Faltam apenas as obras do entorno, cuja licitação já foi realizada, com previsão de que seja retomadas em aproximadamente 45 dias.
Outra questão que incomoda quem vive em Amparo é a falta de local adequado para as tradicionais festividades da comunidade. A Praça Antônio Lugon, localizada no centro do distrito, por exemplo, passou por uma obra no ano passado, porém a intervenção que denominaram de revitalização e ampliação do local se transformou em um tímido alargamento da pista.
Próximo ao local encontramos Eron, de 36 anos, e seu pai, Clesio Winter, de 71 anos, colocando a mão na massa em prol da pequena comunidade do Rancho Fundo, localidade que pertence ao distrito. Os dois trabalhavam na substituição de uma precária ponte de madeira, construída pela própria população, por uma de ferro que vai melhorar o acesso ao centro do distrito.
“Nós tínhamos uma ponte de madeira aqui que foi levada pela correnteza em janeiro de 2011. Logo depois construímos outra pontezinha também de madeira com os recursos da comunidade, só que agora resolvemos nos unir e construir uma ponte bem reforçada e mais alta que possa ser resistente caso haja outra inundação. Temos uma estrada no alto do morro que nos liga ao distrito, mas essa passagem facilita nossa vida”. Quando perguntado sobre por que resolveram tomar a iniciativa Eron Winter respondeu: “Não dá para esperar que o governo nos ajude”. De acordo com a dupla, a ponte de ferro com estrutura de concreto custou cerca de R$6,5 mil. O próximo objetivo agora, afirma senhor Clesio, é construir uma calçada. Embaixo desta ponte o descaso do poder público parece evidente, já que a vegetação está tão alta que não é possível ver as águas do córrego.
Loteamento Tiradentes
Ainda em Amparo, o loteamento Tiradentes também continua o mesmo. Tanto positiva quanto negativamente falando. O lugar ainda vive os mesmos problemas identificados pela nossa equipe no ano passado. A situação da quadra poliesportiva é o mais evidente deles. Abandonado e com diversos problemas de infiltração, o local é o único espaço público de lazer da região. Alzeir Botelho Carvalho, de 59 anos, é responsável pela faxina do espaço, mas alega que já desistiu de tentar resolver a situação. Segundo ele, os problemas já foram relatados diversas vezes à Prefeitura.
“Deste de a última vez que estiveram aqui a coisa só piorou. A associação de moradores do distrito chegou a tapar algumas rachaduras que estavam no chão da quadra, mas essa tentativa não resolveu o problema. Os banheiros estão depredados, as janelas quebradas, a infiltração está cada vez pior, de 18 lâmpadas necessárias só temos nove, não há água nos banheiros. Não temos apoio nenhum da Prefeitura”, desabafa Alzeir. Uma arquibancada de concreto e um parquinho também foram projetados para serem construídos no local.
Lúcia Perrud Magliano, de 61 anos, além da falta de funcionários para limpar as ruas, reclamou também da má qualidade da água por vezes disponibilizada pela concessionária responsável pelo serviço. “Às vezes abro a torneira de casa e a água sai escura e barrenta, como se fosse coca-cola, horrível. Isso acontece principalmente em dias de chuva. Reclamamos direto e nada acontece”.
Em nota, a concessionária Águas de Nova Friburgo afirmou que “realiza periodicamente análises da água distribuída em todo o distrito de Amparo e as amostras apresentam resultados satisfatórios, atendendo aos padrões estabelecidos pelo Ministério da Saúde”. A empresa ainda disponibilizou o telefone 0800-026-0008, que deve ser utilizado para reclamações caso os clientes tenham alguma ocorrência com relação à qualidade da água.
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