Amparo: a tranquilidade deu lugar à preocupação

sexta-feira, 02 de setembro de 2011
por Jornal A Voz da Serra
Amparo: a tranquilidade deu lugar à preocupação
Amparo: a tranquilidade deu lugar à preocupação

Eloir Perdigão

A tranquilidade salta aos olhos logo que se chega ao 4º distrito. É o lugar ideal para quem aprecia tomar uma cerveja e jogar conversa fora. Ou simplesmente andar pelas ruas de pouco comércio e trânsito quase nenhum. Mas de janeiro para cá o que era só tranquilidade deu lugar à preocupação.

Na tragédia, o córrego local transbordou e o centro de Amparo ficou com 1,2m de água, alagando residências e lojas, derrubando paredes e muros. Por causa disso a prioridade atual é a dragagem do córrego.

Há uma máquina fazendo a dragagem na localidade conhecida como Barroso, mas os moradores julgam que o serviço está muito lento, ou pelo menos, que uma só máquina não dá conta do recado. Eles temem que, até a chegada da nova temporada de chuvas, o serviço não chegue ao centro de Amparo e haja uma nova inundação.

Quem comunga dessa opinião é Carlos Emerick. Ele protesta contra a lentidão do serviço, que vem sendo executado há três meses. “E não chega, não anda. Quando chegar aqui já vai estar na época da chuva. E em outubro começa a chover de novo”, observa. Carlos mostra uma ponte de madeira, na Rua José Henrique Emerick, no acesso ao Sítio Emerick, carregada pela enchente, e refeita, com madeira, pelos próprios moradores, enquanto aguardam a construção da ponte de cimento. Outra reclamação de Carlos Emerick se refere à estrada estadual RJ-150, com barreiras e buracos que ainda carecem de conserto.

OUTROS SERVIÇOS - Dirceu Alves Nepomuceno também reivindica celeridade na dragagem do córrego. E reclama ainda da falta de uma farmácia em Amparo, além de uma só médica atendendo a população local no posto de saúde. “Ela é uma médica boa, mas é sozinha para atender muita gente”, enfatiza. E Dirceu ainda não sabia que a médica deixaria de trabalhar no posto de Amparo no final de agosto, o que tende a agravar a situação da saúde no distrito.

Um serviço que os amparenses não têm do que reclamar é o de educação. Duas escolas atendem bem aos estudantes locais. A Escola Municipal Tiradentes, do bairro do mesmo nome, está funcionando em um casarão alugado no centro do distrito. Isto porque o prédio do educandário será reformado. A licitação já foi feita e a empreiteira Natureza Engenharia contratada. A obra não deve demorar, a fim de que seja concluída por ocasião do início do próximo ano letivo.

A diretora, Janaína Rocha dos Santos Moraes, garante que, apesar da improvisação, a escola funciona bem. E esta já é a segunda sede da escola, desde que deixaram o prédio principal. A escola funcionou na sede da Aldeia da Criança Alegre, que também foi atingida pela enchente. Esses dois fatores contribuíram para que o número de alunos diminuísse. Hoje são 189—que estudam do pré-escolar ao nono ano, com total assistência da Secretaria Municipal de Educação—, número que Janaína espera que aumente tão logo a escola volte a funcionar em sua sede reformada e ampliada, no Loteamento Tiradentes. A capacidade da nova escola será de 500 alunos.

Outra boa escola de Amparo é a estadual municipalizada Hermengildo Gripp, dirigida por Cynthia dos Santos Bueno. Tem 282 alunos do primeiro ao quinto ano. A escola foi reformada pela Prefeitura há um ano e meio. Vizinha do Cemitério Fraternal Amparense, a comunidade escolar convive com mosquitos e pede providências.

O bom funcionamento também é um ponto positivo das duas creches municipais de Amparo.

A arena do esporte em Amparo é o Estádio Guilherme Gripp, do Amparo F. C., presidido por Ronildo da Silva Alcântara. É um primor em termos de manutenção. O gramado parece um tapete verde. Atualmente não há o time principal, mas em compensação as crianças—categorias de base—, aos sábados, e a terceira idade—“quarentão”, master, bengalinha e veteranos—, aos domingos, estão com todo gás.

A linha de ônibus de Amparo atende regularmente aos passageiros, com certa demora nos horários de pico. Os moradores reivindicam reforços entre 17h e 19h. O policiamento é bom, devido à presença do DPO, na entrada do distrito.

O comércio, ainda pequeno, já melhorou bastante e as lojas existentes—bem variadas: mercado, materiais de construção, moda, TV a cabo e por assinatura, bares—atendem bem à comunidade. Além da Capela Nossa Senhora do Amparo, católica, há outras igrejas evangélicas que dão sustento aos religiosos.

Um posto dos Correios funciona em anexo à sede da administração regional. No centro de Amparo as correspondências são entregues em casa, o que não acontece nos arredores, nem no populoso Conjunto Tiradentes. Não há problemas com as entregas de gás. A captação de sinais de TV é boa. Serviços bem prestados em Amparo são de água e esgoto, energia elétrica, iluminação pública (à exceção do Jardim do Éden, que precisa melhorar), telefone (exceto os orelhões, quase todos com defeito ou mudos), celular (da Vivo) e coleta de lixo.

Há reclamação quanto à atenção do governo municipal ao distrito, através de sua administração regional. Os funcionários são poucos para tanto serviço. O básico, como varrição, é feito. As duas pracinhas estão abandonadas, tanto a que fica em frente à sede da administração, quanto a que fica na confluência do asfalto com a Rua 10 de Outubro. O jardim desta última estava sendo regado pelo vizinho Marcos Vertuli, a fim de evitar que as plantas secassem. Inclusive ele lembra que um terreno vizinho à sua propriedade pertence à Prefeitura, para que ali seja construído um posto de saúde, para substituir o atual, improvisado numa antiga creche. Marcos lamenta que a médica do posto, Fabíola Campos, estivesse de saída, pois era muito prestativa, e espera que seja designado outro profissional tão bom quanto ela para atendimento à população.

A quadra de esportes Lucinésio Eller, do Tiradentes, carece de melhorias. Os “fominhas” ainda conseguem rolar uma bola, mas é perigoso. De um total de 90 crianças, só restam 30 na escolinha do “tio” José Luiz Navázio, também diretor de esportes do Amparo F. C. Houve casos de crianças se machucarem e um caso até de fratura.

Para as devidas reivindicações, entra em ação a Associação de Moradores e Amigos de Amparo (Assamam), que comemorou 50 anos recentemente. O atual presidente é Valtair Maia.

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