Amistoso entre Brasil x Inglaterra marca a reabertura do Maracanã

Com ares de modernidade, mas sem perder a magia, o Maracanã está de volta. Principal palco do futebol brasileiro, o estádio Jornalista Mario Filho será reaberto neste domingo, 2, no amistoso entre Brasil e Inglaterra, às 16h, e receberá três partidas da Copa das Confederações, inclusive a final. Na Copa do Mundo, serão seis duelos e mais a decisão do título. 

Em dois anos e oito meses de obras, foram gastos R$ 1,188 bilhões nas reformas consideradas necessárias para atender às exigências da Fifa. O período de reestruturação do estádio foi marcado por polêmicas, sendo o uso de recursos públicos a maior delas.

O orçamento inicial, de 600 milhões de reais, praticamente dobrou. Logo no início das obras, o valor saltou para 705 milhões. Segundo o portal "Transparência da Copa”, os contratos com as empreiteiras sofreram 10 aditivos — o último deles acrescentou 200 milhões de reais. Vale lembrar que os governo federal e os governos estadual e municipal do Rio de Janeiro asseguraram que toda a reforma seria feita com recursos privados.

Polêmica ou não, a reforma mexeu com a estrutura do Maracanã. Exceto a fachada, tombada pelo patrimônio histórico, todos os espaços sofreram modificações. O gramado, por exemplo, deixou de medir 110x75 e passará a ter 105x68. Novas rampas de acesso foram construídas, para cumprir a exigência de esvaziamento em até 8 minutos. Os novos camarotes dividirão os setores leste e oeste, uma vez que as arquibancadas não terão barreiras de separação entre as torcidas. O conforto, entretanto, reduziu a capacidade do estádio, que já recebeu 199.854 torcedores em 1950, para 78.838. 

O "Maraca” também passou por reformas entre abril de 2005 e janeiro de 2006, antes da realização dos Jogos Pan-americanos de 2007, no Rio de Janeiro. Nesta fase, foram investidos 397 milhões de reais na colocação de cadeiras, rebaixamento do nível do gramado, instalação de modernos telões e construção de novas rampas de acesso.

De fato, as últimas edições do Estadual não tiveram o mesmo brilho. Apesar da participação de Fred, Ronaldinho Gaúcho e Seedorf, a ausência do Maracanã freou a empolgação de torcedores e jogadores. "É uma felicidade enorme ter o Maracanã de volta. Espero ter a oportunidade de jogar lá de novo no próximo ano. O futebol carioca precisa desse estádio”, comentou o meia Victor Hugo, campeão da João Ellis Filho, pelo Friburguense, no estádio. "O sonho de todo jogador é atuar no Maracanã e espero jogar lá, novamente. O estádio faz muita falta e para nós jogadores de times menores, é um incentivo a mais”, reitera Bidu.

Os momentos vividos no estádio também marcam a história dos clubes de menor expressão, e com o Friburguense não é diferente. O Tricolor da Serra jogou 21 vezes em sua história no Maracanã, onde obteve duas vitórias. Alguns jogos marcaram a história do clube, como a vitória sobre o Botafogo em 1999, gol de Nevada, e o título da Taça João Ellis Filho, há quatro anos. "Logo que a gente entra no estádio, a sensação é diferente de todos os outros estádios. Participar de uma final e ser campeão é algo que vou guardar para o resto da vida, não importa o peso do título. Lembro até hoje da decisão por pênaltis. No final do nosso jogo, o Maracanã já recebia um bom público para Flamengo x Botafogo, que decidiram o estadual daquele ano. Sentir a vibração da torcida é inexplicável”, conta Victor Hugo.

Apesar da conquista do título, o jogo considerado como o mais importante do Friburguense no "Maior do Mundo” foi em 2004. Na ocasião, o time de Nova Friburgo disputou a semifinal da Taça Rio contra o Vasco. "Esse jogo nos marcou muito. O árbitro tentou nos complicar, e mesmo com um jogador a menos nós conseguimos jogar de igual pra igual com o Vasco. Essa partida está na memória de todos nós”, garante Sergio Gomes.

Expulso aos 23 min do 1º tempo, Bidu ainda se emociona ao comentar a partida. No entanto, o volante também guarda boas recordações do estádio: em 2000, estreou pelo time profissional do Friburguense e marcou um gol contra o Flamengo. "Foram dois jogos que me marcaram muito. Fiz a minha estreia como profissional contra o Flamengo. Nós perdemos por 7x1, mas marquei um gol. O segundo foi a semifinal contra o Vasco em 2004, quando fui expulso injustamente em minha opinião. Eu fiz duas faltas normais. Lembro-me do quanto eu fiquei triste, pois saíram 22 ônibus de Nova Friburgo e a minha família também foi ao estádio.”

A partir deste domingo, novas histórias serão escritas no Maracanã, por times de grande expressão, de menor porte, jogadores renomados ou não, e até mesmo anônimos. Apesar da capacidade reduzida, ainda há espaço para todos no eterno "Maior do Mundo”.