Américo Ventura Filho - Nosso Referencial

Um homem que era a síntese e o símbolo das melhores tradições friburguenses.
terça-feira, 07 de abril de 2015
por Jornal A Voz da Serra
Américo Ventura Filho - Nosso Referencial
"Morre Américo Ventura Filho, um homem que era a síntese e o símbolo das melhores tradições friburguenses.” Foi assim, num pequeno quadro incluído às pressas na edição de 24 de fevereiro de 1973, um dia depois de seu falecimento, que o então semanário A VOZ DA SERRA noticiou a morte de seu diretor. 

Em todas as atividades que desempenhou, era conhecido por sua retidão e firmeza de caráter.
No sábado seguinte, com uma manchete sugestiva, "Tomba um homem”, a primeira página foi inteiramente dedicada a ele e vários foram os artigos assinados por diversas personalidades locais. Era prestada a devida homenagem àquele que foi, desde a sua fundação, durante três décadas, o corpo e a alma do jornal. E Nelson Kemp escreveu em seu obituário: "De origem modesta, as circunstâncias e sua natureza o transformaram num autodidata nas atividades que desenvolveu ao longo de uma vida toda ela em função de sua comunidade e de sua família. Fibra, determinação e coragem nunca lhe faltaram”.

 

Ainda menino, Venturinha foi trabalhar na Fábrica de Rendas Arp de lá saindo para o setor de despacho de encomendas da Estrada de Ferro Leopoldina. Quando decidiu ganhar a vida por conta própria, abriu uma quitanda e tamancaria na Rua Leuenroth e, para aumentar sua renda, trabalhava à noite como redator de atas das reuniões na Câmara Municipal de Nova Friburgo, sendo depois transferido para a Prefeitura, onde exerceu quase todas as funções administrativas, ocupando, inclusive, as de chefe de gabinete e secretário geral de diversos prefeitos, até se aposentar em 1963. Em todas as atividades que desempenhou, era conhecido por sua retidão e firmeza de caráter.

Durante sua vida, Américo Ventura teve uma intensa participação comunitária, sendo um grande incentivador de grupos teatrais e por muitos anos participou ativamente da diretoria da Sociedade Musical Euterpe Friburguense. Em 1957, junto com outros jornalistas, fundou a AFI (Associação Friburguense de Imprensa). Foi também um dos fundadores do extinto Esperança Futebol Clube e da Associação Serrana de Esportes Atléticos, assim como da Liga Friburguense de Desportos, que presidiu por diversos períodos. Participou, ainda, da fundação da Federação Fluminense de Desportos.

Era um exemplo e um referencial não só para a família Ventura como para quem teve a oportunidade de com ele conviver, legando para seus descendentes as mais lindas lições de honradez e dignidade. Leal, disciplinado, incapaz de um deslize, Américo Ventura era, sobretudo, um eterno apaixonado por Friburgo. E não por outro motivo, se envolveu com a política partidária como fundador e membro atuante do PSD (Partido Social Democrático) local. Venturinha, como era conhecido, jamais ambicionou cargos, embora tivesse ocupado importantes funções no diretório municipal.

Quando Dante Laginestra, o líder do PSD no município, decidiu fundar um jornal para ser um porta-voz dos ideais do partido e dar suporte a sua candidatura a deputado estadual, Américo Ventura estava lá, pronto para colaborar. E desde o começo sua atuação foi sempre criteriosa, ponderada e preponderante surgindo, aí, as outras paixões em sua vida: o jornalismo e A Voz da Serra. 

Com um texto brilhante que saía pronto, sem precisar de retoques, ele logo demonstrou que era muito mais que um funcionário público e homem de confiança de diversos prefeitos, independente de partidos. De sua máquina de escrever os textos iam direto para a oficina, localizada no quintal das casas em que morou, onde as páginas eram compostas em "tipos” e "clichês”, formando as páginas que seriam impressas, uma a uma, na velha impressora Marignone. E a cada semana, quando o jornal ficava pronto, Venturinha se alegrava, experimentando a sensação de mais uma etapa vencida e entrava em casa com a edição semanal fresquinha debaixo do braço, entoando o mais feliz dos assovios, que sempre foi sua marca registrada.

Nosso patrono era um homem severo, inflexível e até certo ponto rígido no trato com amigos e familiares. Mas no fundo isso era só fachada, e quem o conhecia sabia disso. Solidário nas horas difíceis, incomparável no amor aos pais, filhos, irmãos e demais parentes, com o coração sempre pronto a ajudar a quem quer que fosse sem esperar reconhecimento e retribuição. Casado com a professora Maria de Lourdes Rangel Ventura, com ela teve cinco filhos: Laercio, Lair, Layse, Antônio Américo e Dalva Maria. Sua vida foi uma linha reta, dela jamais se afastou. Felizes os que, hoje, podem imitar-lhe o exemplo.

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