Texto: Eloir Perdigão / Fotos: Amanda Tinoco
Há dois anos foi aberto o Ambulatório Bento XVI na Catedral São João Batista, com entrada pela Rua Monsenhor José Antônio Teixeira, antiga São João. À época ninguém poderia imaginar que agora já se pensaria em expansão. Um novo espaço junto ao Colégio Nossa Senhora das Dores (CNSD) foi conseguido, na Rua Augusto Spinelli, também no Centro. Isto porque mais de seis mil atendimentos foram feitos por profissionais e atendentes voluntários a pessoas carentes (que comprovadamente ganham salário mínimo, ou menos).
As instalações do ambulatório, por ocasião do início dos trabalhos, eram satisfatórias. Com o passar do tempo e o aumento da demanda, principalmente a parte destinada à espera do público começou a ficar pequena. A solução foi buscar outro imóvel.
A EXPANSÃO – O vigário da Catedral, padre Marcus Vinícius Brito de Macedo, mostra-se entusiasmado com o serviço. É feita uma triagem através do setor de assistência social e pelas coordenadoras para que o atendimento seja realmente prestado à população mais carente. Além do grande número de atendimentos, padre Marcus Vinícius enxerga o serviço do ambulatório da Catedral como o desejo de contribuir com as necessidades da sociedade através da fé, pois a Igreja Católica tem também a função de promotora da dignidade humana.
O vigário da Catedral afirma que os dois anos de funcionamento do ambulatório foram de muita alegria e entusiasmo. E anunciou para o final deste ano, ou mais tardar início do próximo, a expansão da unidade para o imóvel alugado do CNSD. Ali funcionarão sete consultórios, sendo um deles odontológico, além do dispensário de medicamentos (uma espécie de farmácia, sendo que os remédios são gratuitos).
A expansão está sendo organizada sob supervisão do bispo Dom Edney Gouvêa Mattoso, que impulsiona os sacerdotes e paróquias da Diocese de Nova Friburgo à promoção humana. "É como fruto do nosso encontro com Deus, ir ao encontro do próximo. Isso é o que nosso bispo nos pede para estarmos em sintonia com o Papa Francisco, que é essa teologia da Igreja que sai ao encontro de todas as necessidades da periferia. Temos que auxiliar a saúde dos nossos irmãos.”
O ambulatório da Catedral tem o amparo da Anvisa para o dispensário de medicamentos e licença da Secretaria Municipal de Saúde, que por sua vez agradece muito o serviço ali prestado. Toda a equipe é constituída de voluntários --- médicos, psicólogos, fisioterapeutas, advogados, pessoal da secretaria e do atendimento, entre outros. "E não somente paroquianos da Catedral, mas de todos que desejam uma nova Nova Friburgo e sabem que este é um recinto de esperança e alegria para essa população”, observa o padre Marcus Vinícius.
ACOLHIMENTO DOS NECESSITADOS – Regina Helena de Lima é uma das voluntárias. Mesmo antes da abertura do ambulatório ela já colaborava na Catedral. Regina é uma das duas coordenadoras do setor (a outra é Ana Carolina Barbosa de Souza) e sempre procura fazer o melhor em prol dos atendidos. Normalmente são pessoas sofridas, carentes, de baixa renda e que não têm condições de pagar plano de saúde ou que não conseguem atendimento na saúde pública.
E os voluntários ainda são poucos. Aliás, em função da expansão, o ambulatório da Catedral necessita de mais profissionais de todas as especialidades e até mesmo de voluntários leigos, dispostos a fazer a ponte entre os profissionais e as pessoas atendidas.
Por ser um setor da Igreja Católica, a assistência espiritual também é prestada no ambulatório da Catedral. "Nós também fazemos um trabalho neste sentido para que a pessoa realmente saia daqui se sentindo bem melhor”, enfatiza Regina.
A SATISFAÇÃO EM AJUDAR – Uma das médicas voluntárias é Eunice Amaral. Colaborando desde a inauguração do ambulatório, dedica um pouco do seu tempo ao atendimento aos carentes, até para compensar um pouco a carência de médicos na saúde pública do município.
Já o médico Renato Abi-Râmia é colaborador antigo da Igreja. Há seis anos desenvolvia seu trabalho voluntário num ambulatório anexo à Capela Nossa Senhora Aparecida, no Catarcione. Transferiu-se para o ambulatório da Catedral desde sua abertura, pela proposta de atendimento às pessoas carentes de toda a cidade e pela possibilidade de encaminhamentos para exames.
Com a mudança do ambulatório da Catedral para uma sede maior, o conforto, tanto para os profissionais quanto para o público atendido será maior. Essa expectativa anima o médico, que julga o serviço ali prestado importante para a cidade, pois sempre viu em um número maior de ambulatórios uma das soluções para a saúde pública friburguense, porque reduz as idas ao Hospital Municipal Raul Sertã e até internações.
Renato Abi-Râmia crê que outros médicos que estão se aposentando também passem a colaborar voluntariamente no ambulatório da Catedral, melhorando ainda mais o atendimento ali prestado. "Eu fiz faculdade de graça, era pública, não paguei nada. Não é nem favor, é obrigação”, diz ele, gratificado por poder atender alguns pacientes que corriam risco de morrer por não terem atendimento em outro lugar.
O atendimento é prestado de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, para as diversas especialidades. As pessoas que não podem comprar os medicamentos os recebem gratuitamente. Os voluntários do ambulatório da Catedral usam uma camisa com a inscrição "Não podemos permitir que alguém saia de nossa presença sem se sentir melhor e mais feliz”, de autoria de Madre Tereza de Calcutá.

O dispensário de medicamentos: os remédios doados também são entregues gratuitamente

Padre Marcus Vinícius: entusiasmado com os atendimentos do ambulatório

A coordenadora Regina: "Fazemos um trabalho para que a pessoa saia daqui bem melhor”

O médico Renato Abi-Râmia é antigo colaborador da Igreja

A médica Eunice Amaral: voluntária desde a abertura do ambulatório
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