Alunos do curso tecnológico de turismo da unidade Cefet de Nova Friburgo visitaram no último sábado, 9, com a professora Gisela Bochner, o projeto “Praia para todos”, que teve origem numa ideia entre paciente — Ricardo Gonzalez Rocha Souza — e terapeuta — Alexandre Pinto Reis — acerca das dificuldades e possibilidades de um deficiente físico, em especial cadeirante, de exercer seu direito à cidadania. O objetivo é desenvolver, mediante parceria entre os setores públicos e privados, uma infraestrutura acessível às pessoas portadoras de deficiência em pelo menos um posto de cada praia da cidade do Rio de Janeiro.
O projeto piloto — inédito e inovador no Brasil — batizado de “Praia Acessível - Lazer para todos”, teve início na Praia do Leblon (Posto 11), no verão de 2009, aproveitando a esteira de bambu instalada em 2006 pela Prefeitura do Rio, em parceria com o Centro de Vida Independente (CVI). Na época não havia nenhuma ação conhecida de inclusão nas praias. A esteira de bambu, instalada dois anos antes do projeto começar, não era usufruída pelos cadeirantes, que também careciam de apoio e infraestrutura específicos.
O projeto recebeu apoio da empresa Michelin e da Secretaria Municipal de Turismo, além da parceria com um grupo de surf adaptado, convidado com o intuito de agregar mais uma iniciativa desportiva ao projeto. Com a parceria da Prefeitura o projeto percorreu as principais praias cariocas, com o objetivo de contemplar diferentes cenários e comunidades e disseminar os conceitos de acessibilidade e inclusão.
O projeto teve enorme repercussão em nível nacional e internacional e transformou, sem dúvida, o paradigma em relação à acessibilidade nas praias brasileiras. Representantes de todos os estados do litoral fizeram contato para conhecer o projeto, de forma a replicá-lo em sua região.
Os alunos de turismo puderam observar o trabalho realizado pelo grupo e participar de atividades como banho de mar assistido, surf adaptado, vôlei sentado em praia, peteca, frescobol, handibike, jogos recreativos e futebol adaptados.
A ideia de isolamento e passividade que se tem de pessoas com deficiência — como se não fossem capazes de gerir suas próprias vidas, como se o fenômeno “deficiência” fosse fruto do acaso, da negligência individual ou da vontade divina — não pode perdurar por muito tempo diante de uma nova ordem social onde prevalece o respeito mútuo pelas diferenças.
O trabalho tem a participação da Universidade Estácio de Sá do Rio de Janeiro e patrocínio de várias empresas. Hoje em Nova Friburgo há locais já adaptados para pessoas que precisam de acesso diferenciado, mas muito ainda precisa ser feito, principalmente no setor de turismo. Hotéis e pousadas, assim como restaurantes, estão se adaptando ao novo mercado, possibilitando a integração não só de cadeirantes, mais de todos os que possuem alguma necessidade especial.
Neste momento em que a cidade deverá passar por várias reestruturações, uma delas seria principalmente no setor de turismo, que deveria adaptar e ampliar a acessibilidade, principalmente nos pontos turísticos.
O objetivo da visita é organizar e treinar os alunos da Faculdade de Turismo para atuar junto à gastronomia, hotelaria e outros atrativos, orientando e apoiando com mão de obra especializada e treinada na transformação dos principais pontos turísticos da cidade com acessibilidade. A proposta é — em parceria do Cefet com empresários locais — a construção e adaptação para cadeirantes, entre outros com algum tipo de dificuldade, física ou não, para que também possam ter acesso a esportes de aventura, restaurantes, hotéis, pousadas e demais atrativos — proporcionando o mínimo de dignidade e conforto a essa parcela da sociedade, transformando e conscientizando o empresário sobre a importância da acessibilidade.
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