Apesar dos pesares, o ano de 2016 guardará uma memória especialíssima para Jeffrey, Silvana, Juliana, Matheus, Otávio e Ezequiel, em pleno solo quente e arretado de Olinda, Pernambuco. Quem são eles, o que eles fazem? São jovens artistas friburguenses. Jovens, aventureiros, corajosos - e agora viajantes - artistas friburguenses.
Se você parou algum momento esse fim de ano para reparar as postagens dos seus amigos nessas redes sociais da vida, vai perceber uma coisa um tanto triste quanto curiosa: o que não falta é gente reclamando que 2016 não vai deixar saudades. Ou pior: gente torcendo para o ano acabar ligeiro – onde já se viu, torcer para o futuro atropelar o presente? Isso reflete um quadro de descontentamento geral da população, sim, causado principalmente pela recessão econômica e a instabilidade política, mas, também, denota a esperança de que as coisas melhorem lá na frente. Porém, no meio de tanta coça, caô e desestímulo, felizmente ainda há quem tenha nobres motivos para comemorar o finalzinho desse malfadado ano de 2016. Dentre essas pessoas, estão os pais, professores e alunos da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae Nova Friburgo), principalmente esses que foram citados ali em cima.
Em plena época de retrocesso acadêmico no país, com o esvaziamento de disciplinas do ensino médio – travestido de “reforma” –, em que os currículos de artes, educação física, filosofia e sociologia tornam-se, segundo a medida, facultativos, a arte e a educação têm estado indiscutivelmente ligadas no contexto das Apaes em todo o Brasil. O conteúdo pedagógico da instituição reconhece a relevância do ensino da arte enquanto espaço de participação dos alunos, em todas as expressões artísticas, assegurando ao seu alunado a igualdade de direitos e de oportunidades para todos. Todo esse desvelo com a educação das pessoas com deficiência e sua inclusão no universo das expressões artísticas resultou na criação do festival nacional Nossa Arte, realizado pela primeira vez em 1991, na cidade de Pirassununga-SP, e que chegou à sua décima edição entre os últimos dias 30 de novembro e 4 de dezembro em Olinda, Pernambuco.
Com organização da Federação Nacional das Apaes, o Festival Nacional Nossa Arte ocorre a cada três anos e garante a acessibilidade ao mundo das artes, em todas as suas dimensões e expressões, aos artistas com deficiência intelectual e múltipla atendidos pelas Apaes de todo o país. Para participarem do festival nacional, as federações estaduais organizaram seletivas durante todo o ano, e os artistas foram escolhidos para apresentarem seus trabalhos nos gêneros: dança, música, artes cênicas, dança folclórica, artes visuais, artes literárias e artesanato. Entre eles, Jeffrey, Silvana, Juliana, Matheus, Otávio e Ezequiel, alunos da Apae Nova Friburgo, representando o estado do Rio de Janeiro no evento. Eles apresentaram seus trabalhos nos gêneros música e artes cênicas, acompanhados do ator, músico e professor Leonardo Benvenuti, responsável pelas duas apresentações.
No gênero artes cênicas, a Apae de Nova Friburgo apresentou uma cena intitulada “O Lanche”, com os palhaços Geleia e Gelatina, representados por Jeffrey e Silvana, no último dia 1º, no Centro de Convenções de Olinda. Já na música, a apresentação ficou a cargo do Grupo Expressom, composto por Juliana (vocais); Jeffrey (bateria); Mathews (baixo); Otávio (violão); e Ezequiel (percussão). No evento, eles tocaram a música “Pra você”, da cantora Paula Fernandes.
Por que não largar o feed triste de notícias do Facebook um pouquinho e dar uma conferida nas apresentações desses jovens? Afinal, é nossa arte, saindo de dentro da sala de aula, ganhando a estrada e conquistando o Brasil. É só acessar os links https://www.youtube.com/watch?v=jSNRY_4hPS8&feature=share e https://www.youtube.com/watch?v=fQCxQg8WyKM&feature=share e se encantar com o trabalho de Leonardo Benvenuti e seus alunos.
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