Alto do Catete: prejuízos para o turismo e apreensão com a proximidade das chuvas

sexta-feira, 26 de agosto de 2011
por Jornal A Voz da Serra
Alto do Catete: prejuízos para o turismo e apreensão com a proximidade das chuvas
Alto do Catete: prejuízos para o turismo e apreensão com a proximidade das chuvas

Henrique Amorim

Quase oito meses após a tragédia das chuvas, os empreendimentos comerciais do ponto turístico Véu da Noiva, na RJ-116, altura do Alto do Catete, distrito de Conselheiro Paulino, amargam queda superior a 50% no movimento de clientes. A cascata artificial já não abrilhanta mais o local, que costumava ser ponto de parada obrigatória para fotografias de turistas que se dirigiam ao Parque do Cão Sentado—também prejudicado pelas chuvas—ou aos municípios do Centro-Norte fluminense. No mirante, a imagem outrora bela das quedas do Rio Bengalas deu lugar a um cenário de destruição com o deslocamento de pedras gigantes, derrubada de árvores e o carreamento de imóveis às margens. Até mesmo as paradinhas na estrada para um lanche nos quiosques podendo-se apreciar a exuberância da natureza local já não acontecem mais por ali, nem mesmo entre os moradores de Nova Friburgo. Um restaurante e alguns quiosques fecharam as portas devido a debandada de clientes.

“Quando ameaça chover, quem está aqui vai logo embora com medo de novos deslizamentos na encosta junto à margem da pista de sentido Bom Jardim. Houve um grande deslizamento na montanha em janeiro e até hoje nenhuma contenção foi feita. O perigo é visível. Há mais terra que pode descer”, observa Isaías Rodrigues Pereira, que tem um quiosque no Véu da Noiva e também é vice-presidente da Associação de Moradores do Alto do Catete. A necessidade de investimentos tem sido alvo de uma série de apelos às autoridades, infelizmente sem êxito até agora, tanto dos comerciantes do Véu da Noiva como da associação de moradores.

Ao longo das estradas do Alto do Catete e Francisco Luiz Zebende, ambas de acesso ao bairro, as melhorias recentes nas vias de terra batida que receberam nivelamentos com máquinas da Prefeitura tem sido motivo de elogios. “Na maioria dos trechos, a estrada de chão está melhor que muitas com calçamento por aí”, garante um motorista. As obras de recuperação da Escola Municipal Lina Rosa dos Santos que reúne cerca de 20 alunos do 1º ao 5º ano do ensino fundamental numa única sala também são motivo de elogios, assim como o parquinho da escola e a reforma da sede da associação de moradores—que ganhou consultório médico com consultas gratuitas à comunidade pelo menos uma vez por mês com um clínico geral.

Já a iluminação pública é motivo de questionamentos, pois só há luminárias no trecho inicial da Estrada Francisco Luiz Zebende, a partir do entroncamento com a RJ-116. No loteamento Parque dos Eucaliptos, moradores denunciam ainda a queda de potência no fornecimento, principalmente nos horários de pico, o que dificulta a ligação simultânea de chuveiros e outros equipamentos. A precariedade já foi objeto de reivindicação na concessionária do setor.

Outro questionamento dos moradores do bairro é a circulação dos micro-ônibus da linha urbana Centro-Alto do Catete em apenas quatro horários diários. A última saída do Centro é as 18h30. “Quem trabalha até as 19h ou precisa estudar a noite tem que depender de caronas ou desembarcar de outros ônibus na RJ-116 e arriscar-se no escuro até chegar em casa”, revela outro morador. A solicitação da implantação de novos horários de ônibus já foi encaminhada à concessionária de transporte coletivo.

Na Rua Babilônia, encosta que deslizou em janeiro ainda é ameaça

Na localidade conhecida como Parque dos Eucaliptos, os moradores estão apreensivos com uma encosta que deslizou na tempestade de 12 de janeiro. “Pelo menos eu não vi ninguém da Prefeitura promovendo alguma avaliação desse local. Com a proximidade das chuvas temos medo que novos acidentes possam acontecer”, diz o morador Paulo Ribeiro do Amaral. Com o deslizamento da encosta que levou, em janeiro, muita lama e entulho à margem da RJ-116, o irmão de Paulo mudou do bairro com medo que um novo deslizamento da mesma encosta possa comprometer sua casa. Paulo conta que até hoje a Defesa Civil não vistoriou o imóvel.

Para tentar evitar que a água da chuva intensifique o peso no topo da encosta, os moradores pretendem se reunir e construir uma espécie de quebra-molas na direção da encosta para frear o volume de água. A capina irregular é outro problema enfrentado pelos moradores. “Aqui cada um tira o mato da porta de sua casa”, informou outro vizinho.

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