All Hallows’ Eve: vigília de todos os santos

Conheça a história do Halloween — o Dia das Bruxas
sábado, 29 de outubro de 2016
por Jornal A Voz da Serra
Quadro
Quadro "Snap-Apple Night", pintado por Daniel Maclise em 1833, mostra uma comemoração de Halloween na Irlanda

Halloween — ou, aportuguesando, o “Dia das Bruxas” —, comemorado agora, no próximo dia 31, é uma festa celebrada em muitos países, principalmente no mundo anglófono, e é produto da mescla de tradições de várias culturas, sejam pagãs ou cristãs. Sobre as tradições pagãs, acredita-se, o dia das bruxas teria surgido do antigo festival celta Samhain, festividade gaélica que tinha como objetivo dar culto aos mortos e à deusa YuuByeol (símbolo antigo da perfeição celta), mas há quem defenda a visão de que o culto começou independentemente do Samhain e tem raízes cristãs. O primeiro registro do termo é de cerca de 1745 — uma contração do termo escocês All Hallows’ Eve, que significa véspera do Dia de Todos os Santos, data comemorativa do calendário cristão, que começa com a vigília de três dias do Allhallowtide, tempo do ano litúrgico dedicado a lembrar os mortos, incluindo santos (hallows), mártires e todos os fiéis falecidos.

Para os druidas [adeptos do druidismo, a religião celta], a “festa dos mortos” era uma das suas datas mais importantes, pois celebrava o que para os cristãos seriam “o céu e a terra”. Para os celtas, o lugar dos mortos era um lugar de felicidade perfeita, onde não haveria fome nem dor. As festas eram presididas pelos sacerdotes druidas, que atuavam como “médiuns” entre as pessoas e os seus antepassados. Dizia-se também que os espíritos dos mortos voltavam nessa data para visitar seus antigos lares e guiar os seus familiares rumo ao outro mundo.

Já sob o ponto de vista cristão, desde o século 4 a Igreja da Síria consagrava um dia para festejar “Todos os Mártires”. Três séculos mais tarde o Papa Bonifácio IV transformou um templo romano dedicado a todos os deuses (Panteão) num templo cristão e o dedicou a “Todos os Santos”. A festa em honra de Todos os Santos inicialmente era celebrada no dia 13 de maio, mas o Papa Gregório III mudou a data para 1 de novembro, que era o dia da dedicação da capela de Todos os Santos na Basílica de São Pedro, em Roma. Mais tarde, em 840, o Papa Gregório IV ordenou que a festa de Todos os Santos fosse celebrada universalmente.

Como festa grande, esta também ganhou a sua celebração de vigília, que prepara a festa no dia anterior (31 de outubro). Na tradução para o inglês, essa vigília era chamada All Hallow’s Eve (Vigília de Todos os Santos), passando depois pelas formas All Hallowed Eve e “All Hallow Een” até chegar à palavra atual “Halloween”.

Ou seja, originalmente, Halloween nada tem a ver com bruxas, abóboras luminosas ou mesmo crianças ameaçando aprontar travessuras se não ganharem doces, mas foram estes costumes que contribuíram para a popularização da data. Hoje, a festa com tamanha alusão aos mortos possui um caráter completamente distinto do que tinha no princípio, inclusive incorporando uma série de elementos estranhos tanto aos costumes religiosos quanto pagãos.

  • Na Idade Média, um costume do Dia de Finados era o souling [de “soul”, alma], em que crianças iam pedindo pelas portas um pedaço de bolo, o “bolo das almas”. Em troca do quitute, ofereciam uma oração pelos familiares falecidos de quem lhes dava o bolo. E esse costume pode ter evoluído para a tradição de pedir um doce, sob ameaça de fazer uma travessura (trick or treat, “doce ou travessura”), que teve possivelmente origem na Inglaterra, no período da perseguição protestante contra os católicos (1500-1700).
  • A tradicional abóbora com uma vela dentro tem origem no folclore da Irlanda. Contam que Jack, um alcoólatra incorrigível, recebeu certa noite a visita do Diabo, que anunciou ter ido buscar sua alma, mas aceita lhe conceder um pedido final. Jack pede um último trago, mas, já sem dinheiro, consegue convencer o Diabo a usar seus poderes para se transformar em uma moeda para pagar a bebida.
    Assim que vê a moeda, Jack a coloca na carteira, que tem um fecho em forma de cruz. Preso, o Diabo implora para sair e Jack impõe uma condição: quer continuar vivo por mais um ano. O acordo é fechado e, um ano depois, quando o Diabo reaparece, Jack já tem um novo golpe. Ele convida o algoz a comer uma maçã antes de partirem e, quando o Diabo sobe em uma macieira, Jack desenha uma cruz no tronco da árvore e só borra o desenho quando o demônio aceita não procurá-lo mais.
    Mas a sorte se vira contra o irlandês e ele morre naturalmente apenas um ano depois. Por suas maldades em vida, não o deixam entrar no céu. Por seus truques, o Diabo o barra na porta do inferno, mas se compadece da alma perdida e lhe entrega uma brasa para iluminar o caminho. Jack a coloca dentro de um nabo, para que queime por mais tempo, e começa a vagar pelo mundo sem destino. Quando os imigrantes irlandeses chegaram aos Estados Unidos, onde as abóboras são mais comuns que os nabos, a alma penada de Jack passou a vagar com a abóbora, buscando abrigo na noite de Halloween.
  • O Halloween tem símbolos. A vassoura simboliza o poder feminino; a ideia é limpar a negatividade da vida. O morcego é a visão que vai além das aparências e consegue ver o íntimo das pessoas. A maçã é associada aos deuses do amor. No Halloween, ela é símbolo de vida.
  • O Halloween tem cores. O laranja tem a ver com energia e vitalidade. Dizem que os espíritos sugavam as energias de quem usava essa cor. O roxo é símbolo da magia que rodeia as comemorações do Halloween e o preto é a cor favorita dos magos, feiticeiras, bruxas e sacerdotes.
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