Alexandre Cruz: “Atingimos 70% das metas que estabelecemos”

De volta à Câmara, vereador faz balanço dos 14 meses à frente da Secretaria de Obras
domingo, 10 de abril de 2016
por Márcio Madeira
(Foto: Alexandre Cruz)
(Foto: Alexandre Cruz)

A VOZ DA SERRA: Qual o balanço que o senhor faz desse período em que esteve à frente da Secretaria de Obras?
Alexandre Cruz: Na verdade, todos sabem que eu fui pego de surpresa. Naquela altura [fevereiro de 2015] eu já não tinha mais esperanças de ser secretário. Daí, numa segunda-feira, o prefeito me chamou para o seu gabinete e disse que eu estava deixando a liderança de governo na Câmara. Fiquei até assustado, perguntei se tinha acontecido algum problema, e ele disse que não, que no dia seguinte eu iria assumir a Secretaria de Obras. Eu argumentei que antes precisava renunciar à vice-presidência da Câmara, pois eu tinha acabado de ser reeleito, e tinha que pedir licença do mandato. E assim foi feito. Anunciei em primeira mão ao jornal A VOZ DA SERRA que eu estava sendo nomeado secretário na quarta-feira, e no dia 4 de fevereiro fui nomeado secretário de Obras, até mesmo para agilizar a usina de asfalto. Ela já tinha cumprido todos os trâmites legais, tinha as licenças ambientais, e isso é mérito do José Bisel [José Augusto Spinelli], que era secretário antes de mim. E felizmente a montagem da usina, o entorno, a preparação, a casa de força... Tudo isso isso foi feito e a usina ficou muito bonita. O prefeito Rogério Cabral exigiu um prazo e conseguimos fazer que a usina pudesse funcionar, preservando a totalidade de sua capacidade, que é de 80 toneladas/hora.

Logo no início de sua gestão a secretaria promoveu uma operação para tapar buracos em calçadas, que foi bastante elogiada pela população...
Essa foi uma operação de baixo custo que funcionou muito bem. Veja vem, o que a gente via na cidade? Reclamações no próprio jornal, de que a cidade era esburacada, não só de buracos de rua, onde passam veículos, mas também nas calçadas. E nós sabemos perfeitamente que, pela nossa lei do solo, pela Lei Orgânica, quem teria que cuidar das calçadas seria o proprietário, tanto em residências quanto no comércio. Mas isso não acontece. E nós começamos a trabalhar no sentido daqueles que pudessem nos ajudar, fazendo uma parceria que chamamos de “calçada cidadã”, o indivíduo entrava com o material e nós entrávamos com a mão de obra. Houve lugares em que muitos comerciantes ajudaram, houve outros que não, mas, graças a Deus, em dois meses nós conseguimos fazer com que a Secretaria de Obras mudasse a cara da cidade. Tapamos os buracos das calçadas no Centro, onde circula o maior número de pessoas. Tinha um comércio em frente a Prefeitura que reclamava sempre desses buracos, inclusive com relato de senhoras que chegaram a quebrar o fêmur por falta de calçada. E nós conseguimos. Essa foi uma vitória que não envolveu grandes investimentos. Precisou apenas de ação, de vontade, de trabalho, porque nós conseguimos fazer e as calçadas foram sendo recuperadas. Hoje existe uma ou outra passando por manutenção, e este trabalho vai continuar acontecendo. Nós temos um pedreiro e um ajudante só para esse serviço.

Seria possível dizer que o destaque de seu trabalho foram as obras de baixo custo, com reflexo na qualidade de vida?
Penso que sim. Obras pequenas, mas que mexem com a cara da cidade. Coisas simples, mas que estranhamente eram esperadas havia quinze anos. Fizemos a reforma da praça do Parque Maria Teresa, fizemos a reforma do banheiro do Paissandu, e eu aproveito para pedir a compreensão dos taxistas porque o banheiro não é apenas deles, mas também das pessoas da terceira idade. É preciso ter a consciência para manter ele limpinho, organizado. Fizemos corrimão no Jardinlândia, fizemos a reforma da ponte no Rio Grande de Cima - também uma reforma esperada há mais de 15 anos. Fizemos um ponto de ônibus no Toledo que chamou muita atenção da população, juntamente com o muro de contenção com ponto de ônibus na Chácara do Paraíso, em frente ao Hospital Unimed, num esforço dividido com o DER. Aquele foi um excelente trabalho que está servindo a população, o fluxo de pessoas que passa por ali é imenso. Fizemos o escadão da Rua Leonino Dutra, em Varginha. Quem viu o estado daquele espaço... Mães, grávidas, idosas, que usavam uma escada de barro que era algo de dar pena do ser humano, de ver que ainda tem gente que precisa de tão pouco, e não tem, E nós fizemos o escadão novo com recursos próprios da Prefeitura.

E os canteiros...
Sim, fizemos os canteiros da Avenida Alberto Braune, que deram outra cara ao centro da cidade. Porque as raízes expostas derrubavam as pessoas. A gente não podia cortar raiz, porque teríamos problemas com o meio ambiente, se cortasse uma raiz daquelas matava a planta... Então qual foi a nossa ideia? De novo, uma solução barata. Pegamos os blocos, fizemos aqueles canteirinhos, a Secretaria de Serviços Públicos cedeu as plantas, e ficou parecido com Santiago do Chile, que tem em sua avenida principal canteiros como os que fizemos. E o que é melhor: muitos comerciantes adotaram os jardins. Os mais bem cuidados estão assim porque estão sendo tratados por moradores e comerciantes. Alguns puseram umas gradezinhas, umas telas. Enfim, foi uma coisa muito pequena, que não custou quase nada para o município, mas a população se sentiu prestigiada. Coisa fácil de fazer, e nós fizemos logo nos primeiros meses de nosso trabalho.

E quanto às pontes? Houve problemas com ao menos uma delas...
Nós fizemos cinco pontes na cidade, com empresas que ganharam as licitações. Tivemos até problemas com uma delas, na Lagoinha, mas cobramos energicamente e ela teve que consertar o serviço. Este foi o único caso. A do Parque Santa Luzia não deu problema, a do Alto do Schuenck também não, na Lagoinha foram duas, a de São Geraldo e a do Santa Bernadete também não...

Faltaram insumos para o funcionamento da usina de asfalto?
Faltaram, num período pequeno de quase 30 dias, naquela ocasião em que houve um aumento de preços, porque o secretário não pode fazer um aditivo sem antes ter a aprovação do controle interno, da procuradoria... ou do contrário depois eu terei que responder por isso, como secretário. Graças a Deus nós conseguimos, a Petrobras entendeu, nós fomos enérgicos com eles, lembramos que nós não tínhamos nada a ver com os problemas que estavam acontecendo a nível nacional, e que nós tínhamos que receber o material pelo qual havia sido quitado. E que ia haver o reajuste, mas dentro do acordo jurídico. Mas nós não podemos ser penalizados porque a Petrobras estava passando por dificuldades naquele momento. E graças a Deus também resolvemos, e hoje eu posso garantir que a Prefeitura tem os insumos e agregados já licitados para que o novo secretário possa continuar esse trabalho de asfaltamento na cidade.

E o que já foi asfaltado?
Fizemos asfaltamento em inúmeras ruas da cidade. No Girassol fizemos um alargamento, onde todos tinham medo de mexer. Nós desapropriamos o terreno e hoje o Girassol é uma realidade. Nós temos ali uma caixa de sete metros e meio de largura com asfalto a quente, com rede pluvial, porque nós fizemos ali dois bueiros para não formar um balão de água. Fizemos o muro do proprietário dentro do processo licitatório, fizemos o alargamento da terceira pista no Paissandu, e a imprensa nos ajudou com isso, pois a obra gerou transtornos durante alguns dias. Isso foi feito com recursos próprios, com trabalhadores braçais. Foram os pedreiros e ajudantes da Prefeitura que fizeram aquele alargamento no Paissandu e da rotatória, e todos viram que melhorou um pouco aquele pedaço. Tenho certeza de que o novo secretário vai fazer outras intervenções, como a que ainda precisa ser feita em frente à Igreja Luterana, embora ali seja um pouco mais complexo uma vez que será necessário mexer na ponte. Isso ficou faltando. Importante lembrar também que fizemos o asfaltamento de seis ruas no bairro Nova Suíça, e faltam apenas três para que todo o bairro seja concluído.

Alguma outra intervenção que mereça ser lembrada?
Fizemos, mais uma vez, a reforma na pracinha do bairro Ypu, que estava muito feia, com o banheiro destruído... E fizemos uma parceria com a Pestalozzi e com o Rotary, em relação à equoterapia, que vem sendo muito importante. Também é preciso lembrar do trabalho em conjunto com as subprefeituras, porque quem manda material para as subprefeituras é a Secretaria de Obras. Trabalho em conjunto com as subprefeituras de Olaria, de Conselheiro Paulino, do quinto distrito... Eu, há quatro meses sou também o subprefeito de Campo do Coelho. E tive ainda parcerias com a Secretaria de Serviços Públicos, dando condições para que todos estes órgãos pudessem fazer seus próprios trabalhos.

O senhor ficou satisfeito com o que conseguiu realizar?
Não fiquei satisfeito. Eu confesso que faltaram ainda muitas ruas a serem tapadas, muitas vias a serem asfaltadas, muita falta de planejamento... O que falta no poder público é planejamento. O prefeito Rogério Cabral tem incansavelmente cobrado planejamento por parte de todos os secretários. ‘Faça, e termine o serviço. Não vamos deixar nada por terminar’. As metas que eu não consegui cumprir foram coisas que dependeram de burocracia. Licitação que ficou atrasada, compra de material que ainda está em curso, mão de obra não qualificada, escassez de funcionários... Atualmente tenho quatro pedreiros na Secretaria de Obras, seis calceteiros para a cidade inteira! Tenho quatro pessoas para instalar manilhas na cidade toda. Dá para acreditar nisso? É  um grupo muito pequeno de pessoas que efetivamente vai para as ruas. Infelizmente, isso faltou. Mas considerando o planejamento que fiz, e as metas que pretendia alcançar, eu consegui 70%.

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