Este é um documentário cinematográfico (quarenta minutos), de lvy Goulárt, catarinense de Urussanga, vertido para o inglês (Beyond the Light) para exibição nas Nações Unidas, ponto alto da homenagem ao bicentenário de nascimento de Louis Braill – o criador do sistema de comunicação para cegos – prestada pelo Senado Federal em dezembro passado, incluído na pauta da V Semana de Acessibilidade e Valorização da Pessoa com Deficiência O filme retrata a vida de quatro cegos da Associação de Deficientes Visuais de Cocal do Sul, SC, com suas dificuldades, alegrias, sonhos e emoções. O Auditório Petrônio Portela abrigou seleta plateia.
A temática se nos apresenta no momento em que um amigo cego questiona se poderia ser maçom. A resposta é negativa face normas estabelecidas; simbolicamente aquele que não viu a verdadeira luz não deve ser admitido nos mistérios da maçonaria, porém maçons que, por infortúnio, ficaram sem visão, devem permanecer nos quadros.
O progresso avança. Os cegos não vivem mais num universo restrito. Participam da ordem social. O mundo dos que veem diferente. Quem não enxergar este mundo, é que é cego. Deficientes visuais se encontram na literatura (maçônica, inclusive) no seu aprendizado humano. Têm acesso ao computador e à internet para ler e escrever, mandar e receber e-mails, participar de chats, enfim, trocar ideias com ‘videntes’. Eles leem todos os jornais e revistas. Leem e escrevem pela voz acessada no teclado. (Lembram-se das aulas de datilografia? Teclado é para se trabalhar ‘às cegas’, não é para se visualizar).
Dosvox. Este é o programa de computador, com sintetizador de voz, (as letras são transformadas em voz), do professor Antonio Borges da UFRJ.
Volto ao nosso homenageado. Cego aos três anos de idade em consequência de um acidente doméstico, Louis Brame (1809-1852) empregou sua inteligência no desenvolvimento de um código de comunicação universal, perceptível ao tato, que tornou possível ao deficiente visual o acesso à leitura e à escrita.
Nascido em Coupvray, França, filho de Simon-René, um fabricante de arreios e selas, Braille, apesar da cegueira total estudou na escola local e tomou-se organista e violoncelista Na escola de Valentim Haüy – a primeira escola para cegos, em Paris estudou pelo sistema linear em relevo apoiado em caracteres comuns (letras e algarismos). Com uma bolsa de estudo conseguiu dar continuidade à sua educação no Instituto Nacional para Jovens Cegos (1819), em Paris, tornando-se professor aos 18 anos de idade. Braille seguiu em frente e aperfeiçoou outro sistema inventado pelo Capitão Charles Barbier de La Serre, baseado em pontos em relevo, agrupados de doze em doze e formando trinta e seis combinações. A partir daí Braille reduziu para seis os pontos de cada grupo e conseguiu sessenta e três combinações, formando seu próprio sistema de leitura.
Em 1829 publicou seu novo método de escrita e leitura que o tornou mundialmente famoso. O ‘braille’ é um sistema com um alfabeto convencional cujos caracteres são indicados por pontos em relevo. Com os seis pontos salientes é possível fazer sessenta e três combinações que podem representar letras simples e acentuadas, pontuações e algarismos.
Com as homenagens de hoje, nosso apelo e proposição aos estudiosos da ciência maçônica para novos avanços nos campos da diversidade e inclusão.
(*) – Escritor e jornalista, reside em Brasília
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