A Aldeia da Criança (Kinderdorf – 45 anos, 1968/2013) está vivendo uma fase de reestruturação em seu trabalho nos últimos anos, quando desativou as atividades de acolhimento institucional. Passou do modelo de casas-lares, no qual as crianças eram cuidadas por “pais sociais”, para o desenvolvimento de ações com crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, junto às suas próprias famílias, reafirmando a importância do convívio familiar.
Para isso, foram desenvolvidos projetos, como: “Creches Comunitárias”, contando com o recurso técnico de assistentes sociais, psicólogos e estagiários para as reflexões e rodas de conversa com as equipes e as famílias; como desdobramento é realizado também, o “Acompanhamento Sociofamiliar” de famílias em maior vulnerabilidade, que necessitam de um apoio mais intensivo, próximo e emergencial, na maioria das vezes indicados pelas creches. Além disso, há o projeto “Portas Abertas”, que apresenta a essas crianças e também aos adolescentes da região um terceiro espaço, além da família e da escola, para a realização de atividades culturais, sociais, esportivas, educacionais e pastorais, de forma orientada e permanente, na própria comunidade rural em que residem, sem a necessidade de deslocamento para o centro urbano.
A coordenadora de projetos da instituição, Fernanda Milanez, considera estas atividades não como fim, mas como meio para toda a equipe da Aldeia da Criança refletir sobre valores que reconhece como essenciais, como respeito, companheirismo, amizade, numa convivência baseada em afeto, inclusão e liberdade.
A Casa do Saber
Com as novas atividades esportivas em andamento, diz Fernanda, os profissionais envolvidos pensam numa ação voltada para a formação do leitor. “Que possa responder positivamente ao último levantamento do governo federal—o Ideb [Índice de Desenvolvimento de Educação Básica]—onde se pode avaliar o baixo desenvolvimento pedagógico dos alunos desta região, cujos índices das escolas estão entre os mais baixos do país, não alcançando a média nacional. Um dos principais fatores desse baixo rendimento está diretamente relacionado com a questão da leitura e da formação do leitor”, disse.
Partindo dessa constatação foi decidido checar a demanda apresentada pela pesquisa, verificando na localidade do 3º distrito de Nova Friburgo, na área rural de Centenário a inexistência de uma biblioteca pública ou sala de leitura que pudesse atender às crianças pequenas, incentivando o hábito da leitura, e aos adolescentes, em suas pesquisas e estudos. Foi o ponto de partida para ser reformada uma casa-lar da Aldeia, transformada então num espaço comunitário e com muitas oportunidades criativas e artísticas.
“Assim nasceu a ‘Casa do Saber’ inaugurada em 5 de dezembro, em parceria com a Secretaria municipal de Educação, através da Creche Dolores Schuenck. Com esta nova proposta, pretendemos promover o acesso livre ao conhecimento e o incentivo à leitura através da disponibilização de um acervo diversificado, da realização de atividades culturais para públicos de diferentes faixas etárias, contribuindo para a melhoria do índice das escolas bem como possibilitando às crianças e adolescentes um novo caminho em suas vidas. O espaço também contempla uma brinquedoteca, uma DVDteca e uma sala de artesanato para a confecção de personagens e cenários de novas histórias”, disse a coordenadora.
Fernanda acredita que a inserção de crianças e adolescentes ao hábito da leitura provoca um importante impacto na formação de cidadãos mais criativos, críticos e participativos. O espaço já está disponível para os moradores da região de Centenário e entorno, que podem realizar pesquisas no local, bem como levar livros para empréstimos.
O leitor pode participar tornando-se um colaborador/parceiro através de doações de livros, como voluntário realizando contação de histórias nestas férias ou com a oferta de outra proposta que desenvolva com enfoque nesta área.
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