Eloir Perdigão
A Associação Friburguense de Pais e Amigos do Educando (Afape), situada na Avenida José Pires Barroso (Via Expressa) 1001, em Olaria, também passou por maus momentos em 2011. Há um ano, um deslizamento de terra junto ao Rio Cônego quase levou sua sede, logo interditada pela Defesa Civil. A diretoria, liderada pelo presidente Jorge Wilson Soares Vieira, conseguiu junto à escola de samba Imperatriz de Olaria um abrigo para continuar com as atividades dos seus mais de 300 alunos, portadores de necessidades especiais. E aí permaneceu durante quase o ano todo. Em outubro as atividades foram retomadas na sede, porém apenas 60% do prédio podiam ser usados. E até hoje o muro de contenção ainda não foi construído. A espera continua.
Para este ano são aguardados de 300 a 350 alunos na Afape, que de certa forma se ressentem da área física limitada da entidade. Muito grato à Imperatriz por ter acolhido a entidade que preside, Wilson conseguiu junto à Defesa Civil que o prédio fosse liberado, embora parcialmente interditado, afetando cozinha, fisioterapia, neurologia e padaria experimental, além do parquinho.
AJUDA QUE NÃO SE CONCRETIZOU - Desde o início, Wilson empreendeu uma verdadeira via-crúcis em busca de uma solução para o desabamento do barranco, que seria a construção do muro de contenção. Na época foi procurado por uma equipe da TV Record e do Instituto Ressoar, oferecendo duas opções: se a Prefeitura apresentasse o projeto, a construção do muro seria bancada por eles, ou cederia um terreno e eles ergueriam uma nova sede. No entanto, nada foi conseguido e o vínculo com a TV Record foi perdido.
Posteriormente Wilson procurou o vereador Nami Nacif, que lhe afiançou que o deputado Hugo Leal havia destinado uma verba para a construção da contenção. Em contato com a Secretaria de Projetos Especiais da Prefeitura, tomou conhecimento do projeto, mas dependia de uma concorrência pública, o que foi feito e a empresa ganhadora do edital chegou a colocar uma placa na parte frontal do prédio da Afape. “E até hoje não foi feito nada”, lamenta.
MAIS DE MIL PESSOAS AFETADAS – O presidente destaca que, com o impasse, mais de mil pessoas estão sentindo as consequências. Além dos mais de 300 alunos, a questão envolve também seus familiares e os profissionais da entidade. Wilson ainda teme uma interdição total do prédio. “Vamos imaginar que uma coisa mais grave aconteça, vamos levar esses alunos para onde? Como ficam os pais desses alunos que têm suas atividades laborativas, estão acostumados a trabalhar fora em busca de uma receita para sustentar suas famílias, o que eu faço? É uma situação incômoda, difícil, enquanto não se soluciona isso”. Até hoje Wilson não teve nenhum retorno sobre o caso, nem da empresa, nem da Prefeitura.
A AJUDA VEIO DE LONGE - Enquanto a espera continua, o ano letivo está para ser iniciado e somente 60% do prédio continuará sendo usado. Até agora a Afape teve um grande apoio da Fundação Banco do Brasil, com sede em Brasília. Patrocinou principalmente computadores e uniformes. Só neste segundo item foram gastos mais de R$ 60 mil.
Para Wilson, a ajuda foi providencial. Ele comenta que mesmo a Afape sendo uma escola de alunos portadores de necessidades especiais há de ter um referencial, um uniforme bonito. “Afinal, 16 de maio vem aí e todo mundo deve estar direitinho, com o uniforme que a Afape nunca teve”, diz, satisfeito.
Enquanto isso, Wilson continua esperando ajuda mais próxima para a construção da contenção, a fim de que a Afape restabeleça a plenitude de suas atividades. “Nova Friburgo tem uma demanda muito grande de portadores de necessidades especiais que as autoridades desconhecem. O número é muito maior do que se pensa. Se nós abríssemos as portas aqui, teríamos mais de mil pessoas. Por isso há necessidade de se manter uma instituição dessa aqui ativa. Não podemos deixar que essas pessoas, que precisam daqui, sejam devolvidas a seus pais ou outra entidade que não tem condições de atender”, finaliza o presidente.
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