Adeus a um amigo de infância

quarta-feira, 07 de abril de 2010
por Jornal A Voz da Serra

Max Wolosker

Sábado pela manhã minha caixa postal estava cheia de e-mails de colegas meus, ex-beneditinos da turma de formandos do antigo curso ginasial do colégio São Bento. Turma de 1965, ano do quarto centenário da cidade do Rio de Janeiro. Tratava-se de um comunicado da morte de Buza Ferraz, falecido naquele dia e que seria enterrado à tarde, no cemitério São João Batista, no Rio.

A última vez em que o vi foi em 2005 quando comemoramos os nossos 40 anos de formados Mas confesso que nunca liguei meu colega dos bancos escolares com o artista, diretor e produtor conhecido e famoso dos dias de hoje. Também pudera éramos muito jovens e Buza saiu do colégio, pois naquela época o São Bento tinha apenas o científico que preparava seus alunos para as faculdades de engenharia ou medicina. Não havia o clássico, que era cursado pelos que seguiam advocacia, comunicação social e outras carreiras ligadas às letras.

1969, ano em que Buza, então cursando a faculdade de jornalismo, inicia sua trajetória artística trazendo para o Rio o musical Hair; nessa época começava eu a faculdade de medicina da UFF e os colegas mais chegados ou eram os da universidade ou aqueles que fizeram o curso científico do colégio e escolheram também a área médica como curso universitário.

1972, eu nem era formado ainda e Buza já estreava na Globo, ao lado de artistas famosos como Dina Sfat, Francisco Cuoco e Regina Duarte, na novela Selva de Pedra. Em 1977 com a minha mudança para Nova Friburgo os laços que mantinha com o Rio de Janeiro foram rompidos e só de vez em quando tinha notícias dos antigos colegas. Nossa turma era como um espírito que pairava no limbo e apenas o álbum de formatura reavivava as lembranças daqueles tempos felizes, mas que ficaram para traz.

Foi somente em 2005, num trabalho conjunto de Ronaldo Caldeira, Luiz Santoro e Pedro Lessa que após um missa na igreja do Mosteiro de São Bento aqueles mais que cinquentões se reuniram na Churrascaria Porcão, no Aterro do Flamengo e puderam resgatar seu passado, sua história, numa confraternização tardia, mas revigorante.

Cumprimentei Buza, mas sem saber que já era famoso; isso ocorreu também com o Santoro, que foi contemporâneo na extinta rede Manchete, do meu colega de jornalismo, Paulo Carvalho e que se eu vi no ar, no antigo jornal da Manchete, jamais pensei em se tratar de um amigo de adolescência.

Sábado, recebi a triste notícia de que Buza Ferraz falecera após três paradas cardiorrespiratórias, no Hospital Samaritano, no Rio. Nem pude ir ao seu enterro, pois quando abri meus emails já passava das quatro da tarde, hora em que foi sepultado. Descanse em paz meu amigo, que seja recebido com carinho pelos nossos amigos beneditinos que já nos deixaram e transcrevo aqui as palavras do nosso amigo Luiz Santoro:”Tenho certeza, que nesta hora, o Buza está nos orientando para que tenhamos uma vida melhor aqui na Terra. Deus nos abençoe e nos guarde, pois os momentos que passamos juntos são mais do que suficientes para demonstrar que só o amor constrói.Baci a tutti e um viva a quem sempre exaltou a vida!!”

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