Reduzir a quantidade de sódio consumida diariamente pela população brasileira é a meta do Plano Nacional de Redução de Sódio em Alimentos Processados que conseguiu, em sua segunda fase, reduzir em até 10% o teor de sódio presente em 839 produtos. O compromisso entre o Ministério da Saúde e a Associação das Indústrias da Alimentação (Abia) possibilitou que, em três anos (2011-2014), fossem retiradas 7.652 toneladas de sódio dos produtos alimentícios. A meta é que até 2020 as indústrias do setor promovam a retirada voluntária de 28.562 toneladas de sal do mercado brasileiro.
Nesta segunda fase foram analisados bolos, snacks (batata-palha e salgadinhos de milho), maioneses e biscoitos. Esses produtos, de 69 empresas, retiraram 5.793 toneladas de sódio de suas fórmulas desde 2013, quando foi firmado o acordo para essas categorias. Na primeira etapa, de 2011, que envolveu macarrão instantâneo, pão de forma e bisnaguinha, 1.859 toneladas de sódio saíram do mercado. Fazem parte do acordo outras duas etapas que deverão ser divulgadas até 2016. O cumprimento das metas, que envolve os produtos mais consumidos pela população, contribuirá para a redução do consumo de sódio diário no país para menos de 2 mg por pessoa (cerca de 5g de sal).
“Conseguir retirar mais de 7 mil toneladas de sal é uma parte importante no enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis e promoção da saúde do brasileiro. O impacto disso é a garantia de mais quatro anos de vida e uma redução de 15% nos óbitos por acidente vascular cerebral (AVC). Significa também que 1,5 milhão de brasileiros não precisarão de medicamentos e vão poder controlar sua pressão com atividade física e alimentação saudável. É um ganho de vida”, garantiu o ministro da Saúde, Arthur Chioro.
A maior redução foi observada na categoria rocamboles, com queda de 21,11% no teor de sódio, seguida pela mistura para bolo aerado — 16,6% — e maionese, com queda de 16,23%. Todas as demais categorias também registram queda: bolos prontos sem recheio (15,8%); bolos prontos com recheio (15%); batata frita e batata palha (13,71%); biscoito doce (11,41%); salgadinho de milho (9,4%); biscoito doce recheado (6,48%); mistura para bolo cremoso (5,9%); e biscoito salgado (5,08%).
No primeiro ano da parceria, em 2011, foram retiradas 1.295 toneladas de sódio de três tipos de alimentos no mercado: pão de forma, bisnaguinhas e macarrão instantâneo. Em 2013, das 69 indústrias analisadas, 95% dos produtos conseguiram reduzir o teor máximo de sódio da composição. Neste monitoramento, grande parte dos participantes também conseguiu antecipar as metas estabelecidas para 2014, que variam de 204 para 1.051 mg/100g de acordo com o alimento: 83% dos bolos prontos com recheio; 96,2% das misturas para bolo aerado; 89,7% do salgadinho de milho; 68% da batata palha e batata frita e 77,8% do biscoito doce recheado.
“O alimento industrializado não é o único responsável por todo o excesso de sal que ingerimos. Precisamos cuidar muito da maneira que preparamos os alimentos em casa e no que comemos nos restaurantes. Mas precisamos, principalmente, deixar de adicionar o sal nos alimentos já prontos, isso significa retirar o saleiro da mesa. A Vigitel (Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico) mostra que o brasileiro acha que consome pouco sal, mas nós consumimos muito. Em média são 12g por dia quando deveríamos, no máximo, ingerir 5g”, alertou o ministro.
As indústrias que não alcançaram o resultado esperado de redução foram notificadas pelo Ministério da Saúde e deverão apresentar uma justificativa, além de uma nova estratégia para diminuir a quantidade de sal dos alimentos.
Para os próximos passos, está prevista a redução, não somente dos níveis máximos de sódio nas categorias, mas também do nível médio. Os produtos analisados continuam fazendo parte do programa, ainda que com as metas alcançadas, e a cada ano, novas metas são traçadas visando maiores reduções. O Plano Nacional de Redução de Sódio em Alimentos Processados é uma ação que alerta a população para o consumo de sal na hora das refeições e na escolha dos produtos nas gôndolas dos supermercados.
Estável
O número de brasileiros com hipertensão no país tem se mantido estável segundo dados da Vigitel. Em 2014, a população com a doença chegou a 24,8% contra 24,1% em 2013. As mulheres são maioria nesse cenário e respondem a 26,8% dos casos, enquanto os homens respondem a 22,5% dos casos. Os hipertensos crescem com o avanço da idade e também com a diminuição da escolaridade. Nas capitais, Palmas apresenta o menor número de hipertensos no país, com 15,2%, e Porto Alegre a maior, com 29,2% das pessoas com hipertensão.
Ainda segundo a Vigitel, a população brasileira ainda apresenta uma percepção pequena sobre o consumo de sal em excesso, o que pode ser observado com o fato de que 47,9% dos entrevistados consideram seu consumo de sal adequado. Apenas 2,3% admitem ter um consumo muito alto e 13,2% um consumo alto.
Segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF/IBGE) de 2008, o consumo de sódio do brasileiro excedia em mais de duas vezes o limite máximo recomendado pela OMS, de cinco gramas por dia. A média nacional é de 12 gramas. Sendo assim, a redução do teor de sódio, até 2020, teria impacto direto nos gastos do SUS e na saúde dos brasileiros, garantindo redução de 15% dos óbitos por AVC e 10% por infarto. Além de 1,5 milhão de pessoas livres de medicação e um aumento de quatro anos na expectativa de vida para os hipertensos.
Alimentação e nutrição
O Ministério da Saúde vem desenvolvendo ações estratégicas de alimentação e nutrição para promover e proteger a saúde dos brasileiros, em parceria com o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis. Entre elas está o lançamento, em novembro de 2014, do Guia Alimentar para a População Brasileira, que relata quais cuidados e caminhos para alcançar uma alimentação saudável, saborosa e balanceada. Em 2015, para complementar o guia, foi lançada a publicação Alimentos Regionais Brasileiros, que divulga a variedade de alimentos no país e orienta as práticas culinárias, estimulando a valorização da cultura alimentar brasileira e o consumo de alimentos in natura.
Por meio do Programa Saúde na Escola (PSE), o Ministério também investe em ações preventivas para evitar doenças em crianças e adolescentes. Em 2014, aderiram ao programa 4.787 municípios. Outra ação importante é o Programa Academia da Saúde, que prevê a implantação de polos com infraestrutura, equipamentos e profissionais qualificados para a orientação de saúde e atividades físicas. Atualmente, há 1.165 academias em todos os estados brasileiros.
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