A história do carnaval em Nova Friburgo é algo verdadeiramente interessante. Em 1849, as posturas da vila de Nova Friburgo proibiam expressamente o entrudo, uma brincadeira em que os foliões lançavam limões de cheiro uns aos outros. Tais limões eram bolas de cera recheadas com água perfumada ou farinha. Porém, apesar da proibição, a brincadeira continuou a ser praticada até o final do século XIX.
Na virada do século XIX para o XX, Nova Friburgo ainda era uma típica cidade de veraneio. Mesmo com a melhoria urbana alavancada por Pereira Passos no Rio de Janeiro, muitos turistas dessa cidade veraneavam em Nova Friburgo, cidade dos cravos, de clima agradável e simplicidade tão encantadora quanto as camélias brancas que ornavam inúmeros jardins.
Nesse cenário aprazível, acontecia a batalha das flores, um tipo de carnaval que inspirado no que acontecia em Nice, na França, e promovido pela elite carioca que veraneava na cidade serrana. Era um desfile de carruagens adornadas por flores, principalmente, as camélias brancas tão comuns nos jardins friburguenses à época. Percorria as ruas do centro da cidade, saindo da Praça Getúlio Vargas e se dirigindo até o Suspiro. Terminado o desfile, os ocupantes dos "carros” se divertiam numa batalha, jogando flores uns nos outros.
Após o prefeito Pereira Passos promover a reforma no centro do Rio de Janeiro e Oswaldo Cruz erradicar a febre amarela, a frequência dos cariocas diminuiu consideravelmente em Nova Friburgo. Mas o clima da cidade ainda a manteve como ponto de veraneio da elite niteroiense e da carioca. Ao se inaugurar os clubes como o Clube do Xadrez, Clube dos 50, a Sociedade Alemã de Nova Friburgo (depois SEF) e o Country Club, os bailes carnavalescos passam a acontecer nesses locais.
Muitos foram os friburguenses que se dedicaram a dar brilho ao carnaval. Uma figura exponencial no carnaval não só de Nova Friburgo, mas a nível nacional foi Clovis Bornay. Em 2016, celebrou-se o ano do centenário de seu nascimento desse ilustre friburguense. Foi carnavalesco das escolas de samba Salgueiro, em 1966, Unidos de Lucas em 1967, 1968 e 1969, Portela em 1969 e 1970, Mocidade em 1971 e 1972, Unidos da Tijuca e Viradouro, em 1973. Com a Portela ganhou o campeonato de 1970 com o enredo "Lendas e Mistérios da Amazônia". Sem dúvidas, Clovis Bornay, tão pouco lembrado em sua cidade natal, foi campeão na passarela e, acima de tudo, na vida.
Cumpre ressaltar ainda que o carnaval de Nova Friburgo perdeu, em 2017, uma personalidade cativante da cidade, o carnavalesco Eduardinho, Eduardo Rodrigues. Figura muito colaborativa, decorava festas, inclusive da ACIANF, sendo muito atuante na gestão do presidente da entidade, Cláudio Verbicário, sendo muito atuante na organização da II Festa da Flor.
Foi funcionário da Prefeitura de Nova Friburgo, chefe de cerimonial da Câmara de Nova Friburgo, decorador de casamentos, festas, vitrinista de boutiques, consultor de moda, amante da música, em especial da banda Campesina Friburguense, amigo da Marinha do Brasil, amigo de Nova Friburgo, cidade à qual ele declarou e demonstrou inúmeras vezes o seu amor. Mas foi de fato no carnaval que Eduardinho conseguiu traduzir toda a sua plenitude. Venceu inúmeros concursos de fantasia e tornou-se uma referência no município quando o assunto era folia.
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