As admissões de trabalhadores com carteira assinada no último mês de abril em Nova Friburgo superaram os desligamentos. De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, Nova Friburgo foi o município do estado do Rio de Janeiro que mais gerou novas oportunidades de trabalho no quarto mês do ano. Ao todo, foram 276 novos empregos com carteira assinada.
Divididos por setores — como extrativa mineral, indústria da transformação, serviço industrial de utilidade pública, construção civil, comércio, serviços, administração pública e agropecuária — o Caged detalha também as áreas que mais abriram e fecharam vagas no período. O destaque em Nova Friburgo ficou com o setor de indústria da transformação, com um saldo positivo de 208 admissões, seguido pelo comércio, com 66 contratações. Já os setores de construção civil e administração pública fecharam, respectivamente, 25 e 18 postos de trabalho.
Comparados ao mesmo período do ano passado, os números também são favoráveis. Embora o total absoluto de admissões tenha sido maior em 2015 (1.406), do que em 2016 (1.356), o número de demissões naquele período também foi superior; 1.252 desligamentos contra apenas 1.080 deste ano.
Outro dado importante destacado pelo Caged é que, dos 92 municípios do Rio, apenas 19 contrataram mais do que demitiram em abril. Depois de Nova Friburgo, Cachoeiras de Macacu foi a cidade que mais abril postos de trabalho: foram 225 carteiras assinadas na cidade vizinha.
A inusitada melhora nas contratações em abril deu-se após sucessivas quedas: os três primeiros meses do ano, juntos, somaram 437 desligamentos. Em janeiro, Nova Friburgo registrou 44 empregos a menos. Em fevereiro foram contabilizadas 365 demissões e, em março, 28. Deste modo, a súbita melhora nos índices não é garantia de crescimento econômico e criação de novos postos de trabalho, já que, no acumulado, 2016 ainda tem resultado negativo de perda de 161 empregos no município.
Thaís Schausse, de 21 anos, conta que trabalhava em um laboratório de análises químicas, mas está desempregada desde agosto de 2014. “Trabalhei durante um ano e fui dispensada. Alegaram que a empresa estava em crise e, por isso, tiveram que reduzir o quadro de funcionários. Uma colega que trabalhava lá há dez anos também foi demitida”, relata Thaís acrescentando que de lá pra cá, só tem feito "bicos", sem carteira assinada, uma ou duas vezes por semana. “Estou procurando trabalho faz tempo, mas ninguém está contratando e, quando vou a uma entrevista há 40 pessoas disputando uma vaga. Está muito difícil conseguir emprego”, exclama.
Situação parecida vive o comerciante João Guilherme Ferreira, de 36 anos. “Eu trabalhava no comércio, na área de materiais de construção. Fui demitido por conta da queda no movimento, junto com um outro funcionário de vendas. Estou há aproximadamente dois meses sem trabalho e também sem obter respostas de empregadores”, diz.
João conta também que está tentando voltar ao mercado de trabalho, mas que “a desaceleração da economia brasileira atingiu também toda a nossa região, o que dificulta sua recolocação no mercado”, pontua.Vale destacar que a pesquisa do Caged ainda não divulgou os dados referentes aos mês de maio.
Mais de 11,4 milhões de desempregados no Brasil
Em meio à recessão da economia e à crise política, o número de brasileiros desempregados já chega a 11,4 milhões de pessoas, isto é, uma taxa de 11,2% de desocupados nos três primeiros meses do ano, conforme aponta a Pesquisa Nacional por Amostra e Domicílios (Pnad) Contínua.
O resultado representa a maior taxa de desemprego apurada até então pelo Pnad desde que a pesquisa teve início em 2012. No mesmo período de 2015, o desemprego do trimestre encerrado em abril chegou a 8%. No trimestre, anterior, também daquele ano foi 9,5%. Ainda de acordo com o levantamento, no intervalo de um ano, 1,545 milhão de pessoas perderam seus empregos, queda de 1,7% em relação ao mesmo período do ano passado.
A indústria foi o setor que mais fechou postos de trabalho no país. Foram 1,569 milhão de vagas em um ano, uma queda de 11,8%. O coordenador de Trabalho e Renda do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Cimar Azeredo, explica que "para cada posto de trabalho que se perdeu, surgiram duas pessoas a procura de emprego". Na combinação, o número de pessoas que perderam o emprego chegou a 1,5 milhão e os que buscam por uma oportunidade de trabalho a 3,3 milhões, mais que o dobro de ocupados.
A Pnad é a pesquisa de desemprego oficial do IBGE. Ela apura dados por trimestre e tem divulgação mensal. Além disso, o levantamento faz uma verificação em todo o território nacional.
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