#aBaseÉoFrizão: a unidade pelo todo

Friburguense adota sistema do ‘esquema único’ desde as divisões de base
sexta-feira, 05 de junho de 2015
por Jornal A Voz da Serra
Destaque do time juvenil, João Pedro é exemplo de atleta nascido em Nova Friburgo (Vinicius Gastin/A Voz da Serra)
Destaque do time juvenil, João Pedro é exemplo de atleta nascido em Nova Friburgo (Vinicius Gastin/A Voz da Serra)
Em alguns grandes clubes do futebol mundial, o trabalho nas divisões de base é feito com o respaldo e orientação do departamento de futebol profissional. O exemplo clássico, utilizado com frequência na atualidade, é o Barcelona. A equipe espanhola padroniza o esquema tático em todas as categorias desde 1970, quando começou a ter a influência holandesa em sua filosofia de trabalho. Fábrica de talentos e títulos, o Barça atribui grande parte do sucesso à unificação. No Friburguense, o cenário não é diferente. A segunda reportagem da série #ABaseéoFrizão mostra que, desde as categorias iniciais, especialmente a partir do infantil, o Tricolor da Serra prioriza um esquema de jogo para que os atletas possam se adaptar à filosofia do time principal.

Com maioria de jogadores friburguenses, clube abre portas para atletas da região
Um jeito de jogar

Nos últimos anos, sempre quando o técnico Gerson Andreotti — que participa ativamente do processo — precisa de um atleta com determinadas características para suprir uma ausência, encontra na base o socorro necessário em meio às limitações financeiras. O volante Zé Victor é um exemplo clássico. Revelado pelo Friburguense, atua em posição semelhante à de Bidu, e desde o juvenil atua na mesma função que o experiente jogador. Sendo assim, sempre é utilizado por Andreotti quando Bidu não pode estar em campo por motivos de lesão ou suspensão.

“O Friburguense possui esse caráter revelador, e não temos como fugir disso. É a filosofia de trabalho do clube, e eu gosto muito disso. Queira ou não, o Friburguense está sempre revelando bons jogadores”, destaca Gerson Andreotti.

Outro exemplo é o também volante Rômulo Azevedo. O atleta, promovido aos profissionais há dois anos, passou a jogar como terceiro homem de meio-campo em algumas partidas da equipe de juniores. Com a saída de Marcelo, após o estadual de 2014, Rômulo foi testado na posição e atuou no setor em diversas partidas da equipe principal no estadual deste ano.

“O Siqueira, junto ao Gerson Andreotti, orientam desta forma. Do sub-9 ao sub-11, nós orientamos algo em termos de posicionamento e deixamos fluir. A partir de 13 anos, observamos características nos jogadores que o profissional pode precisar. Então, o esquema do Friburguense é um pouco diferente e existe essa tentativa de fazermos um trabalho longitudinal taticamente, assim como é feito nas partes física e técnica. Ajuda muito ao longo do tempo. Não que eles não tenham que saber outros esquemas, mas é bom pra ter um rumo”, comenta Sávio Badini, coordenador da base do Friburguense.

No comparativo entre o time que começou o campeonato carioca profissional e a equipe juvenil do clube, não é difícil perceber as semelhanças táticas. O volante Rafael, por exemplo, faz uma espécie de terceiro zagueiro quando o Friburguense não tem a bola, a mesma função de Bidu no time profissional. João Pedro comanda o meio-campo, assim como faz Jorge Luiz, enquanto João Victor e Igor marcam e saem pra jogar, de modo semelhante a Damião (ou Zé Victor) e Rômulo, que posteriormente perdeu a titularidade para João Victor. A dupla formada por Humberto e Dinho faz trabalho semelhante a Ziquinha e Caíque: velocidade e movimentação pelos lados de campo, com Dinho e Caíque um pouco mais centralizados.

Caráter competitivo

Em meio à padronização do esquema, o Friburguense prioriza o espírito competitivo. Sem deixar o lado da formação do caráter e entendimento do jogo de fora, o clube procura dosar o êxtase do sucesso e a depressão do fracasso, preparando assim o jovem jogador para as mais diversas situações que o profissionalismo poderá apresentar.

“Mesmo trabalhando com crianças, sempre vai existir um caráter competitivo. O nosso objetivo é formar equipes de fato. Tudo isso está interligado ao sucesso da nossa escolinha, que pertence ao futebol e conta com muitos alunos. Já temos captado alguns desses atletas para as equipes. Precisamos intensificar esse trabalho exatamente porque a escolinha está cheia, e precisamos abrir espaço para novos jogadores”, ressalta Sávio.

O mito da falta de oportunidades

Durante anos, criou-se um mito em Nova Friburgo de que o Friburguense não dava oportunidades para jogadores da cidade e região. Não é difícil comprovar que a afirmação é infundada: basta observar a quantidade de atletas friburguenses que integram as categorias de base do clube.

“Não temos como negar que a gente absorve, experimenta e avalia jogadores de toda a região, fora pessoas de outros estados que entram em contato com o Friburguense. Mas a gente tem um grau de captação forte pro lado de Bom Jardim, Cordeiro, Monnerat, Duas Barras, Cantagalo, Cachoeiras de Macacu e cidades próximas. No entanto, de 70 a 80% dos nossos plantéis, de todas as categorias, é composto essencialmente por atletas de Nova Friburgo”, afirma Sávio Badini. “Essa história de que o Friburguense não dá oportunidades é um mito”, completa.

Entretanto, o dirigente admite que o Friburguense, em alguns casos, deixa de absorver alguns bons talentos. O coordenador da base encara o processo com naturalidade, e afirma que o caráter profissional restringe o espaço para a realização do trabalho.

“Nós damos oportunidade pra todo mundo que é daqui da cidade e região. Mas é lógico que não temos condições de trabalhar com todo mundo. E admitimos que a gente deixa de absorver bons jogadores. Não é porque não queremos, e sim, porque já temos naquele momento alguns outros tão bons quanto. Erramos bastante, mas acertamos também. A ideia de trabalhar com os mais novos é justamente pra tentar ter os atletas da cidade mais perto e mais cedo.”

  • Preparado desde a base, volante Zé Victor cumpre função semelhante à do experiente Bidu (Vinicius Gastin/A Voz da Serra)

    Preparado desde a base, volante Zé Victor cumpre função semelhante à do experiente Bidu (Vinicius Gastin/A Voz da Serra)

  • Rômulo Azevedo foi a aposta de Andreotti para suprir a perda de Marcelo para o futebol paulista (Vinicius Gastin/A Voz da Serra)

    Rômulo Azevedo foi a aposta de Andreotti para suprir a perda de Marcelo para o futebol paulista (Vinicius Gastin/A Voz da Serra)

  • Times-base do profissional e juvenil em 2015: esquemas táticos semelhantes (Reprodução)

    Times-base do profissional e juvenil em 2015: esquemas táticos semelhantes (Reprodução)

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