A série sobre o trabalho feitos nas divisões de base do Friburguense chega ao último capítulo. Nas reportagens anteriores, A VOZ DA SERRA mostrou a estrutura, os novos projetos — que incluem investimentos no futebol de salão —, a filosofia e os métodos utilizados para o descobrimento e formação de novos atletas no município. Acostumado a revelar jogadores, o Tricolor da Serra faz do trabalho com os garotos o seu oásis contra a limitação de recursos disponíveis para investir no futebol profissional.
A última edição da série #aBaseÉoFrizão apresenta os profissionais que são responsáveis por conduzir todo o trabalho, coordenados por Sávio Badini e chefiados pelo gerente de futebol José Siqueira. Atualmente, Luiz Mendonça, Merica e Eduardo — vale também citar Felipe Malhard, que inicia o projeto com as categorias inferiores — integram a equipe de treinadores do clube, e são auxiliados pelos preparadores físicos Ana Paula Siqueira e Paulo César Fagundes. O fisiologista Gustavo Pergentino também auxilia nas atividades diárias.
Entre esses profissionais existe uma característica comum: todos eles possuem história e identificação com o clube, estratégia adotada há algum tempo. Dentre outros, já fizeram parte da comissão técnica nomes como Almir Fonseca e Anderson Alves, ex-atletas do clube. O atual trio de técnicos das principais categorias já vestiu a camisa tricolor dentro dos gramados — Mendonça apenas nas divisões de base, mas possui longa história no Friburguense —, e agora assumem a missão de observar novos valores para dar continuidade à trajetória que outrora ajudaram a construir.
Juniores: Luiz Mendonça
Luiz Mendonça já experimentou quase todas as funções como funcionário do Friburguense. A primeira passagem pelo clube aconteceu ainda como jogador, no time de juniores, onde o sonho de jogar profissionalmente não se concretizou. O passo seguinte no esporte aconteceu nos Estados Unidos, onde morou durante alguns anos. Mendonça jogou o campeonato amador no país norte-americano e subiu com a equipe da terceira para a primeira divisão. Uma séria lesão no joelho encerrou a carreira de maneira precoce, mas não o afastou do futebol.
Além da seleção, trabalhou na escolinha de futebol que ele próprio montou durante um bom tempo. Após o retorno ao Brasil em 2004, a oportunidade de trabalhar no Nova Friburgo Country Clube surgiu paralelo ao emprego de gerente em um posto de gasolina. A chance no Friburguense apareceu no ano seguinte, e a experiência de anos nos Estados Unidos pesou. A estrela brilhou novamente quando Eduardo não pôde dirigir o time juvenil em uma partida contra o Fluminense, em Xerém. A equipe acumulava três derrotas consecutivas, e neste jogo empatou por 1 a 1. “A partir dessa partida, eu fui mantido na equipe e o Eduardo assumiu o infantil.”
Era o início da trajetória por todas as categorias do clube, até chegar ao comando dos profissionais em 2011. Mendonça substituiu Edson Souza e desde a chegada de Gerson Andreotti tornou-se auxiliar. Nesse meio tempo, assumiu o Friburguense na Copa Rio do ano passado, após o empréstimo de Andreotti para o Macaé. “Eu já havia comandado o time em dois jogos na Copa Rio de 2012, enquanto o Friburguense mantinha a equipe principal na série D do Brasileiro. Desde que estou na base do clube, surgiram vários meninos que fizeram parte do elenco no estadual deste ano.”
Juvenil: Merica
A carreira de Merica começou em 1990, quando membros da comissão técnica do Tupi observaram o então garoto em um jogo contra o time de Recreio, sua cidade natal. O passo seguinte na carreira representou a primeira passagem pelo futebol carioca. Merica foi contratado pelo Bangu e ficou no time de Moça Bonita por duas temporadas. Na sequência defendeu o Ypiranga e retornou ao Tupi em 1998. No ano seguinte, o volante vestiria a camisa do Friburguense. A oportunidade surgiu após um duelo com o Tricolor da Serra pelo Brasileiro da série C em 1998, vencido pelo Tupi por 3x1. Merica marcou um gol e foi o responsável por marcar o meia Eduardo, hoje técnico da equipe infantil. Após o jogo, Julio Marinho, então treinador do Friburguense, o convidou para um teste. Merica enfrentou o Vasco, campeão da Libertadores, no jogo de inauguração dos refletores do Eduardo Guinle. Após o empate por 0x0, assinou contrato com o Tricolor da Serra.
Depois da passagem pelo Frizão, Merica jogou profissionalmente por mais três anos. Defendeu Vila Nova-MG, Ypiranga e Cachoeiro de Itapemirim. Ao deixar os campos, não abandonou o futebol e continuou envolvido no meio esportivo. Merica revela que recebeu um convite do gerente de futebol José Siqueira há algum tempo, mas não pôde aceitar naquele primeiro momento. Há pouco mais de um ano no clube, foi auxiliar do técnico Gerson Andreotti nos profissionais durante o estadual de 2015.
Ao fim da principal competição estadual, retornou ao comando do time juvenil, que já havia comandado no carioca do ano passado. Nesta temporada, o time sub-17 do Friburguense realiza campanha memorável, e briga por uma vaga nas semifinais da Taça Guanabara.
Infantil: Eduardo
Um dos grandes nomes da história do Friburguense, Eduardo teve carreira brilhante como jogador de futebol. Em 1982, aos 16 anos, começou a treinar no Fluminense. O jovem costumava atuar como ponta-esquerda e foi aprovado nesta posição nos três primeiros testes no clube carioca. A necessidade fez Eduardo se transformar em lateral-esquerdo. Em Xerém, conheceu Siqueirinha, o atual gerente de futebol do Friburguense. Eduardo conquistou o Carioca no juvenil pelo Fluminense, disputou três copas São Paulo de Futebol Junior e em 1985 passou a fazer parte do elenco principal. No ano seguinte, assinou o primeiro contrato profissional com o clube das Laranjeiras. Era o início de uma carreira vitoriosa. O lateral permaneceu no Rio de Janeiro até 1989, período no qual acumulou passagens pela Seleção Brasileira — em 1987, conquistou o Pré-Olímpico com a amarelinha e passou a ser convocado com frequência para o time principal.
No fim da década de 80, Eduardo foi vendido para o Cruzeiro e conquistou um título mineiro durante as duas temporadas em Minas Gerais. O retorno ao Rio de Janeiro aconteceu através do Vasco da Gama, onde Eduardo voltou a comemorar uma conquista estadual. Na sequência, vestiu as camisas de Grêmio, Santos, Ponte Preta e outros clubes de menor expressão.
Eduardo chegou a desistir do futebol em 1997, segundo ele, por conta de problemas pessoais e decepções em alguns clubes por onde passou. Em 1998, voltou atrás na decisão e vestiu a camisa do Friburguense, onde participou de diversas campanhas memoráveis — como as de 1999 e 2002. Após a aposentadoria, Eduardo foi novamente acolhido pelo Friburguense, e já passou por praticamente todas as categorias da base como treinador. Atualmente comanda o time infantil do clube.
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