Nos últimos anos, o torcedor do Friburguense se acostumou a assistir pelo menos um atleta com 17 anos de idade no time profissional. Assim aconteceu com Lohan, em 2013, Luis Felippe em 2014 e Luquinhas nesta temporada. Em 2016, nomes como João Pedro e Humberto surgem como candidatos a integrar o elenco comandado por Gerson Andreotti. O fato não é coincidência, e sim, uma estratégia adotada pelo Tricolor da Serra. A antecipação de jovens atletas, com experiências em categorias acima da idade, tem rendido bons frutos ao clube.
“Com todas as dificuldades que um clube de médio porte possui para tocar uma divisão de base, vislumbrando um sub-7 aos juniores, temos conseguindo fazer a roda girar ano a ano. O trabalho idealizado pelo Siqueira tem dado certo. É um trabalho de antecipação”, explica o coordenador da base Sávio Badini.
O dirigente refere-se ao adiantamento de etapas com relação à idade dos atletas. Alguns jogadores com idade para atuar na categoria juvenil, por exemplo, são utilizados nos juniores. Exemplo recente é o meia João Pedro, titular da equipe sub-20 em algumas partidas do Campeonato Carioca de 2015 aos 17 anos. O atacante Lohan, artilheiro dos juniores no estadual desta temporada, treina e atua com os profissionais há alguns anos sob o comando do técnico Gerson Andreotti. Luis Felippe, aposta do clube em 2014, pulou a categoria sub-20 e chamou a atenção do Grêmio ao se destacar no estadual de 2014.
“Alguns atletas do juvenil jogaram o primeiro turno com os juniores este ano. E quando montamos a base do ano passado, que já vinha com o juvenil, ela ficou forte e experimentada emocionalmente. Os jogadores já haviam experimentado algo além da realidade deles. O somatório disso é reflexo de alguns jogadores que estão com a gente hoje, no juvenil, desde o mirim. Sete trabalharam com Mimi (ex-treinador), há cinco e sete anos. Já pensamos em dois ou três para soltarmos, aos poucos, entre os profissionais em 2016. Esse é o objetivo do nosso trabalho.”
Na temporada atual, boa parte dos atletas que integram o time juvenil do clube já treinou e atuou com os juniores. A equipe infantil, em sua maioria, é composta por jogadores da categoria mirim. Desta forma, o Friburguense abre mão dos resultados imediatos em detrimento da formação do atleta e dos resultados futuros.
“Estamos muito felizes com o nosso juvenil, e os resultados são importantes. Vencer um Flamengo, Botafogo, dá moral e confiança. Mas existe algo mais importante. Se não tivessem acontecido essas vitórias, estaríamos felizes também, pois sabemos que temos uma gama de jogadores com potencial para se tornarem profissionais. Esse é o nosso grande objetivo, muito mais do que vencer uma equipe grande, por exemplo. Existe o trabalho do Merica, da comissão técnica, mas é tudo a longo prazo, e começou lá trás.”
A preocupação em controlar a ansiedade dos jovens atletas, tanto nas vitórias como nas derrotas, é constante. O clube realiza palestras, sessão de vídeos e outras ferramentas para esclarecer a importância da continuidade do processo, e minimizar sucesso e fracassos. Desta forma, a evolução dos resultados acontece de maneira natural. Nos últimos três anos (como mostra o quadro de desempenho nos estaduais), as três principais categorias anteriores ao profissional apresentaram crescimento em termos de pontuação e classificação final.
“O resultado é importante, pois fortalece, dá confiança e eleva a autoestima. Mas existem duas coisas, no futebol e na vida, que são perigosas: o excesso da depressão ou do êxtase, da autoestima. Deve haver um limite para tudo isso. A base desse juvenil que está jogando hoje e vencendo atuou pelo infantil em 2014, e tivemos um resultado muito ruim. O Siqueira faz muitas palestras, mostra vídeos e dessa forma eles focam no trabalho. Precisamos prepará-los pra vida. Para o sucesso, a distância da família, vitórias ou derrotas”, completa Sávio.
Profissionais: maioria revelada no clube
Outro dado importante é a utilização de atletas formados nas divisões de base do Friburguense no elenco profissional. Desde o rebaixamento, em 2010, o Tricolor da Serra teve os investimentos financeiros limitados e intensificou a atenção — que já existia — para a formação de atletas. Ao observar os elencos formados para o Campeonato Carioca nos últimos quatro anos, não é difícil perceber a importância das categorias inferiores para o clube.
Desde 2012, o Friburguense mantém uma média de 14 jogadores revelados na base no grupo principal, que geralmente conta com 25 a 30 atletas. Ou seja, mais da metade do elenco profissional é formada por jogadores formados em Nova Friburgo. “Essa é a nossa forma de trabalhar. Apostamos nisso e vem dando certo. Revelamos vários atletas nos últimos anos, e temos certeza que vamos colher novos frutos”, analisa o gerente de futebol José Siqueira.
Resultados das principais categorias no Carioca
Juniores
- 2012 – 15ª colocação, com 11 pontos
- 2013 – 14ª colocação, com 10 pontos
- 2014 – 13ª colocação, com 28 pontos
Juvenil
- 2012 – 14ª colocação, com 11 pontos
- 2013 – 16ª colocação, com 19 pontos (32 equipes)
- 2014 – 13ª colocação, com 18 pontos
Infantil
- 2012 – 11ª colocação, com 17 pontos
- 2013 – 18ª colocação, com 17 pontos (32 equipes)
- 2014 – 13ª colocação, com 17 pontos
Jogadores da base nos profissionais:
- 2012: 16 (Afonso, Luiz Felipe, Vaguinho, Davi, Diego Guerra, Bruno, Clayton, Bidu, Lucas, Marquinhos Galhardo, Rômulo, Zé Victor, Leomir, Marcelo, Romulo Cabral e Ricardinho)
- 2013: 14 (Afonso, Luiz Felipe, Diego Guerra, Bruno, Clayton, Bidu, Lucas, Rômulo, Zé Victor, Daniel, Marcelo, Romulo Cabral, Douglas e Lohan)
- 2014: 14 (Afonso, Luiz Felipe, Bruno, Clayton, Bidu, Lucas, Rômulo, Zé Victor, Léo, Marcelo, Romulo Cabral, Luis Felippe, Paulo Roberto e Lohan)
- 2015: 14 (Afonso, Luiz Felipe, Leon, Clayton, Léo, Felipe, João, Bidu, Zé Victor, Rômulo, Pierre, Damião, Luquinhas e Lohan)
Deixe o seu comentário