A VOZ DOS TROVADORES - 11/12/2013

terça-feira, 10 de dezembro de 2013
por Jornal A Voz da Serra

A Grande Viagem do  Maquinista do Trem da Trova

Mesmo sabendo que a vida tem começo, meio e fim, uma coisa que jamais passou pela cabeça de A Voz dos Trovadores foi a ideia de que um dia teríamos de incluir em nossa pauta o tema: Rodolpho Abbud morreu! "Morreu”, entre aspas. Não se pode conjugar o verbo morrer, pois:


Desculpe a minha ousadia

que a lembrança nos socorre:

– Com alma de poesia,

Rodolpho Abbud não morre!

Elisabeth Souza Cruz


Aos 87 anos, se isso pode ser considerado como uma idade avançada, pelo prisma da emoção, consideramos que o Abbud contrariou sua própria máxima: "A última coisa que se deve fazer na vida é morrer”. Houve um equívoco, quem sabe?! Mas bom aluno como era: 


Rodolpho, na luta ousada,

ao teu destino inerente,

quando Deus fez a chamada

tu respondeste: – Presente!

Edmar Japiassú Maia


Conhecendo agora outras paragens, o Abbud tantas vezes repetiu: "Por intermédio do esporte, eu conheci o Estado do Rio de Janeiro e, por conta da trova, o Brasil inteiro!” Intitulado como "O Maquinista do Trem da Trova”, agora, em vez de Trem, pode ser que dirija um Carrossel de Estrelas. Habilitado para tanto, ele já possuía um conhecimento além do plano material, como expressado em sua trova:


Contemplo o céu para vê-las

com um respeito profundo,

pois na raiz das estrelas 

eu vejo o dono do mundo!


Para quem teve a alma banhada em luz e aprendeu a se manter numa vibração de energias positivas, procurando agregar apenas os sentimentos de altruísmo e amor aos semelhantes, viver era uma arte:


Tendo a fé que me conduz,

não temo a sorte malsã...

– Há sempre um raio de luz

entre as sombras do amanhã! 


Se na vida adquiriu a maestria de se conduzir descobrindo luzes entre as sombras, na trova soube se expressar, passando adiante conceitos filosóficos, humanitários:


Vamos brincar de mãos dadas,

crianças pretas e brancas...

– O Sol de nossas estradas

não tem porteiras nem trancas!


A luz da nova premissa

brilhará na Humanidade

quando o prisma da justiça

for o mesmo da Igualdade!


Sensato em tudo o que fazia, usava a filosofia de contar infinitamente para não emitir julgamentos apressados, evitando, assim, qualquer procedimento injusto:


Ter pressa não é pecado,

mas pode ter alto custo...

Um julgamento apressado

muitas vezes não é justo!


Mas, sobre o pecado, no lirismo que imprimia em suas trovas, deixava evidente que valia a pena ir mais além da razão:


Em tudo o que já vivi

nesta existência terrena,

se um pecado eu cometi,

com ela, valeu a pena!


Se no lirismo era um romântico inveterado, no humor era um bamba. Gostava de uma brincadeira, de uma sátira e encontrava as ideias mais inovadoras para dizer o que muitos gostariam de dizer:


Após batida no morro,

indaga o Zé, com malícia:

– A quem pedimos socorro,

ao ladrão ou a polícia? 


Tricolor de coração, não escondia a paixão pelo Fluminense:


É paixão que longe vai

na força do coração;

– Tricolor era meu pai,

filhos, netos também são!


Uma pessoa modesta! É assim que o podemos definir. Sempre adotando o ideal da fraternidade, o Abbud teve a certeza de que não atuava sozinho. Além da inspiração que vinha do "além”, quando os "homens lá de cima” sopravam as diretrizes, ele adotou uma outra máxima de se entender como apenas fazendo "ôôô” para que os outros empurrassem a carroça. Em termos de Jogos Florais essa máxima era por ele muito defendida, porque sabia que coisa alguma se realizaria se não houvesse junto uma equipe muito bem estruturada. Sua humildade fluía naturalmente: 


– Aos Teus pés eu me ajoelho,

erguendo graças, Senhor!

– Quem me dera ser o espelho

para a Luz do Teu Amor!


Se o plano terreno perdeu o Abbud, o celestial ganhou mais uma estrela, que se junta a tantas outras formando a classe dos "homens lá de cima” que continuarão a soprar o que se deve fazer aqui embaixo. Para os Jogos Florais ele deixou o exemplo de luta e perseverança e nos cabe continuar o legado:


Rodolpho, na sua fé,

manteve os seus ideais.

– Defenderemos, de pé,

a Trova e os Jogos Florais!

Dilva Maria de Moraes


Avante, trovadores! Avante, parceiros! Como dizia o Abbud: "Não há sábado sem Sol nem domingo sem futebol...” E completamos: nem maio sem Jogos Florais! 


Onde dois ou mais, reunidos

pela Trova, intensamente,

em todos os seus sentidos,

o Abbud estará presente!

Elisabeth Souza Cruz


Cantinho da Nadinha

Feiticeira de alma nua,

eu danço liberta, ao léu...

Sob o feitiço da Lua

não tem limite o meu céu!

Nádia Huguenin


#Contatos: Desejando saber mais sobre a UBT e a Trova, entre em contato com Elisabeth Souza Cruz — pelos tels (22) 2527-3585 e (22) 2522-8907 ou pelo e-mail: elisabethsouzacruz@yahoo.com.br

Até a próxima e uma feliz trova para todos!


 


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