A Grande Viagem do Maquinista do Trem da Trova
Mesmo sabendo que a vida tem começo, meio e fim, uma coisa que jamais passou pela cabeça de A Voz dos Trovadores foi a ideia de que um dia teríamos de incluir em nossa pauta o tema: Rodolpho Abbud morreu! "Morreu”, entre aspas. Não se pode conjugar o verbo morrer, pois:
Desculpe a minha ousadia
que a lembrança nos socorre:
– Com alma de poesia,
Rodolpho Abbud não morre!
Elisabeth Souza Cruz
Aos 87 anos, se isso pode ser considerado como uma idade avançada, pelo prisma da emoção, consideramos que o Abbud contrariou sua própria máxima: "A última coisa que se deve fazer na vida é morrer”. Houve um equívoco, quem sabe?! Mas bom aluno como era:
Rodolpho, na luta ousada,
ao teu destino inerente,
quando Deus fez a chamada
tu respondeste: – Presente!
Edmar Japiassú Maia
Conhecendo agora outras paragens, o Abbud tantas vezes repetiu: "Por intermédio do esporte, eu conheci o Estado do Rio de Janeiro e, por conta da trova, o Brasil inteiro!” Intitulado como "O Maquinista do Trem da Trova”, agora, em vez de Trem, pode ser que dirija um Carrossel de Estrelas. Habilitado para tanto, ele já possuía um conhecimento além do plano material, como expressado em sua trova:
Contemplo o céu para vê-las
com um respeito profundo,
pois na raiz das estrelas
eu vejo o dono do mundo!
Para quem teve a alma banhada em luz e aprendeu a se manter numa vibração de energias positivas, procurando agregar apenas os sentimentos de altruísmo e amor aos semelhantes, viver era uma arte:
Tendo a fé que me conduz,
não temo a sorte malsã...
– Há sempre um raio de luz
entre as sombras do amanhã!
Se na vida adquiriu a maestria de se conduzir descobrindo luzes entre as sombras, na trova soube se expressar, passando adiante conceitos filosóficos, humanitários:
Vamos brincar de mãos dadas,
crianças pretas e brancas...
– O Sol de nossas estradas
não tem porteiras nem trancas!
A luz da nova premissa
brilhará na Humanidade
quando o prisma da justiça
for o mesmo da Igualdade!
Sensato em tudo o que fazia, usava a filosofia de contar infinitamente para não emitir julgamentos apressados, evitando, assim, qualquer procedimento injusto:
Ter pressa não é pecado,
mas pode ter alto custo...
Um julgamento apressado
muitas vezes não é justo!
Mas, sobre o pecado, no lirismo que imprimia em suas trovas, deixava evidente que valia a pena ir mais além da razão:
Em tudo o que já vivi
nesta existência terrena,
se um pecado eu cometi,
com ela, valeu a pena!
Se no lirismo era um romântico inveterado, no humor era um bamba. Gostava de uma brincadeira, de uma sátira e encontrava as ideias mais inovadoras para dizer o que muitos gostariam de dizer:
Após batida no morro,
indaga o Zé, com malícia:
– A quem pedimos socorro,
ao ladrão ou a polícia?
Tricolor de coração, não escondia a paixão pelo Fluminense:
É paixão que longe vai
na força do coração;
– Tricolor era meu pai,
filhos, netos também são!
Uma pessoa modesta! É assim que o podemos definir. Sempre adotando o ideal da fraternidade, o Abbud teve a certeza de que não atuava sozinho. Além da inspiração que vinha do "além”, quando os "homens lá de cima” sopravam as diretrizes, ele adotou uma outra máxima de se entender como apenas fazendo "ôôô” para que os outros empurrassem a carroça. Em termos de Jogos Florais essa máxima era por ele muito defendida, porque sabia que coisa alguma se realizaria se não houvesse junto uma equipe muito bem estruturada. Sua humildade fluía naturalmente:
– Aos Teus pés eu me ajoelho,
erguendo graças, Senhor!
– Quem me dera ser o espelho
para a Luz do Teu Amor!
Se o plano terreno perdeu o Abbud, o celestial ganhou mais uma estrela, que se junta a tantas outras formando a classe dos "homens lá de cima” que continuarão a soprar o que se deve fazer aqui embaixo. Para os Jogos Florais ele deixou o exemplo de luta e perseverança e nos cabe continuar o legado:
Rodolpho, na sua fé,
manteve os seus ideais.
– Defenderemos, de pé,
a Trova e os Jogos Florais!
Dilva Maria de Moraes
Avante, trovadores! Avante, parceiros! Como dizia o Abbud: "Não há sábado sem Sol nem domingo sem futebol...” E completamos: nem maio sem Jogos Florais!
Onde dois ou mais, reunidos
pela Trova, intensamente,
em todos os seus sentidos,
o Abbud estará presente!
Elisabeth Souza Cruz
Cantinho da Nadinha
Feiticeira de alma nua,
eu danço liberta, ao léu...
Sob o feitiço da Lua
não tem limite o meu céu!
Nádia Huguenin
#Contatos: Desejando saber mais sobre a UBT e a Trova, entre em contato com Elisabeth Souza Cruz — pelos tels (22) 2527-3585 e (22) 2522-8907 ou pelo e-mail: elisabethsouzacruz@yahoo.com.br
Até a próxima e uma feliz trova para todos!
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