Leonardo Lima
Há seis anos o Centro de Atenção Psicossocial de Nova Friburgo (Caps) iniciava um projeto de divulgação interna com um jornal/mural. Além de desenvolver as aptidões dos usuários da instituição, a iniciativa serviu como uma atividade a mais oferecida pela entidade. Entretanto, desde junho a ideia se expandiu e em outubro foi lançada a primeira edição do “A Voz do Caps”. Segundo a coordenadora, a psiquiatra Ângela Moura, a publicação serve como um instrumento de inserção social. “Na verdade todos os Caps oferecem algum tipo de instrumento de comunicação. Isso é muito comum nas outras unidades. E nossa intenção é divulgar a nova relação existente na saúde mental, que é com o indivíduo próximo à família, sem a necessidade de internação, enfim, com um convívio social”, explica.
Atualmente o “A Voz do Caps” é desenvolvido por oito usuários—Aline Ferreira, Sílvio Poeta, Ednéa Bravo, Feliciano Herdy, Roseni Loretti, Sebastião Muniz, Bruno Almada e Ângelo Antônio—, sob a supervisão de dois psicólogos, Zoraya Pinheiro e Leandro Gouget. Colaboram ainda a estudante de jornalismo Thays Lima e a voluntária Ana Lúcia Canto. “São os próprios usuários que fazem o jornal. Eles escolhem as pautas, realizam as entrevistas, produzem as matérias. Desde que isso começou percebemos que eles estão bastante motivados”, analisa Ângela Moura.
As três edições trimestrais lançadas até hoje tiveram uma tiragem de cerca de 400 unidades e foram distribuídas gratuitamente no Hospital Municipal Raul Sertã, postos de saúde e em todos os eventos externos onde o Caps esteve presente. “Nossa intenção é crescer e ampliar a divulgação sobre a questão da saúde mental em Nova Friburgo”, garante a coordenadora, revelando que na próxima edição, que deverá ser lançada já no fim deste mês, a expectativa é de que a Fundação Municipal de Saúde faça a impressão de mais de mil cópias.
O que é o Caps?
Ednéa Bravo
O Caps é um Centro de Atenção Psicossocial. O nosso Caps II de Nova Friburgo foi fundado em junho de 2004. Sua origem é o Movimento Antimanicomial. Como processo decorrente desse movimento, temos a Reforma Psiquiátrica, transferindo o foco do tratamento, que se concentrava na instituição hospitalar, para uma Rede de Atenção Psicossocial, o Caps.
O objetivo é que as pessoas com sofrimento mental sejam cada vez mais acolhidas, cuidadas e tratadas como sujeitos com direito de estar no convívio social e receber apoio especial para a sua reinserção na sociedade.
O trabalho do Caps proporciona um espaço de convivência para os usuários.
No Caps são oferecidos cuidados individualizados, através de uma equipe multidisciplinar, e atividades terapêuticas, como marcenaria e artesanato. O “Criarte Eu Q Fiz” valoriza a expressão artística dos usuários e favorece a reinserção profissional.
Precisamos nos juntar aos trabalhadores, usuários e seus familiares, estagiários e voluntários para dar visibilidade ao modelo Caps, que comprova ser o mais digno, humano e eficiente no cuidado com pessoas com sofrimento psíquico.
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