Flávia Namen
Localizado no distrito de Conselheiro Paulino, o Loteamento Rosa Branca vem crescendo nos últimos anos sem no entanto receber a devida atenção do poder público. O bairro apresenta uma série de problemas de infraestrutura. A equipe de A VOZ DA SERRA esteve esta semana no loteamento para conferir as principais reivindicações dos moradores.
A maior queixa da comunidade refere-se às marcas da tragédia de janeiro de 2011, ainda presentes em alguns pontos do bairro. Na parte alta da Rua Las Vegas várias casas estão abandonadas e com marcas que determinam sua demolição. As construções estão cercadas de mato, lixo e terra, comprovando o abandono da área. "Até agora nada foi feito no local. Uma hora dizem que as casas serão demolidas, depois dizem que vão construir um muro de contenção. Enquanto isso, o tempo vai passando. Daqui a pouco a temporada de chuvas começa novamente e a nossa correria também. Ninguém fica aqui em dia de temporal”, disse uma moradora que preferiu não se identificar.
O risco de casas condenadas desabarem sobre outras residências também preocupa. "Continuamos em área de risco porque desde a tragédia nada foi feito. Logo acima de onde moro tem uma casa condenada que está um perigo e ameaça desabar”, disse o aposentado José Ventura. Opinião semelhante tem José Alberto Pires Laje, que se mudou para o centro do distrito após ter a casa interditada na catástrofe e periodicamente volta ao local para conferir a situação.
Para a dona de casa Angélica de Oliveira Holtz, a falta de solução das autoridades vem causando incertezas. "Não sabemos o que fazer e continuamos esperando uma obra de contenção para evitar novos deslizamentos. Ouvi dizer que se essa obra não for feita todas as casas daqui terão que ser demolidas. Eu mesma voltei para minha casa interditada e estou igual a uma turista. Passo uma temporada aqui e na época das chuvas alugo outra casa em um local mais seguro. Estou esperando ser contemplada com o aluguel social para me mudar. Acho que as autoridades já deveriam ter feito alguma coisa aqui. Gostaria de reformar minha casa, mas não me sinto segura de investir.”
Transporte, lazer e pavimentação são outros alvos de reclamações
A pavimentação precária das ruas é outra reclamação. A situação é mais crítica nas ruas Las Vegas e Nilzo Bravo, duas das principais do loteamento. Motoristas e pedestres precisam de uma boa dose de atenção para evitar acidentes. "Essas ruas estão uma buraqueira só”, protesta um morador da Rua Nilzo Bravo.
A falta de uma área destinada a lazer e recreação da comunidade é outro problema apontado. Alguns aproveitaram a presença da reportagem para sugerir a construção de uma praça arborizada ou quadra de esportes em um terreno localizado na entrada do loteamento, pertencente à Prefeitura. "Poderiam fazer uma pracinha ou quadra neste terreno que está sobrando. Tem muitas famílias que moram aqui e sentem falta de um espaço para diversão”, afirma José Ventura.
O setor de transporte é outro que deixa a desejar e os moradores reclamam das deficiências do serviço. "Às vezes, ficamos horas esperando passar um ônibus que demora muito”, desabafam alguns usuários que preferem não se identificar. Um deles apelou para que a empresa coloque mais linhas para atender à comunidade.
Completam a lista de reivindicações dos moradores melhorias nos serviços de limpeza, capina e manutenção do loteamento, onde há trechos com muito lixo e carros abandonados. Também faltam placas de identificação das ruas e lixeiras. "Precisamos de mais atenção das autoridades. Estamos esquecidos e desde a catástrofe nada é feito por aqui”, conclui Angélica.
Prefeitura esclarece:
As queixas dos moradores do Loteamento Rosa Branca foram encaminhadas à assessoria de Comunicação Social da Prefeitura, que enviou nota ao jornal sobre as principais demandas como a demolição das casas interditadas na catástrofe e a construção de um muro de contenção. "De acordo com o secretário de Obras, José Augusto Spinelli, não há previsão de demolições na cidade, pois não existe verba para essa finalidade por parte da Prefeitura. Também não há previsão de construção de muro de contenção no local”, diz a nota.
A construção de uma área de lazer no bairro também não está prevista. "Segundo o subsecretário do Escritório de Projetos Especiais (EGP), Cesar Jassuí, não há previsão de construção de área de lazer nessa comunidade. Para isso, é preciso que os moradores indiquem um terreno ao EGP para que seja feito o projeto”, informa a nota.
Os moradores que não conseguiram até agora o aluguel social receberam a seguinte resposta da assessoria: "Conforme explica a secretária de Assistência Social, Simone Almeida, as questões relativas ao aluguel social devem ser analisadas caso a caso, pois dependem de inscrição. Há pessoas que têm direito e outras não, tinham que ser proprietárias do imóvel, enfim, as pessoas interessadas devem procurar a coordenadora do aluguel social, Kelly Gravino, na sede da Secretaria de Assistência Social, que funciona na Rua Augusto Spinelli, 160, no Centro.”
Quanto a falta de placas de identificação das ruas, a nota diz o seguinte: "O chefe da Divisão de Logradouros Públicos, da Secretaria de Fazenda, Cláudio Abrahão, informa que se as ruas não têm denominação oficial, os moradores devem procurar a Câmara Municipal para essa oficialização; caso já tenham, devem fazer a solicitação das placas na sua divisão, na Prefeitura”.

Estas casas na Rua Las Vegas estão condenadas
pela Defesa Civil, mas até hoje não foram demolidas

Algumas construções estão cercadas de mato,
lixo e terra, comprovando o abandono do trecho

Faltam placas de identificação das ruas e os moradores improvisam

Faltam placas de identificação das ruas e os moradores improvisam


O risco de casas condenadas desabarem preocupa muita gente, como o aposentado José Ventura
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