Sou Friburguense do tempo de pés no chão,
árvores frutíferas à espera das crianças da casa,
galo cantando,
cheirinho de bolo da avó no ar,
pipas no céu anunciando as férias escolares.
Sou Friburguense do tempo que amigos de colégio seriam pra vida toda,
que sobrenome identificava toda uma trajetória familiar,
que o que foi construído pela família devia ser preservado ao máximo.
Sou Friburguense do tempo que cigarras cantavam anunciando o calor, no meio de uma manhã fria onde não se conseguia ver a casa do vizinho em meio a névoa.
Sou Friburguense do tempo que Nova Friburgo existia.
Na noite do dia 12 de janeiro de 2011 começou a descer pelas montanhas toda lama que sustentaria morros ao redor da cidade, e lá embaixo encontrou o rio, que transbordava toda a sua ira.
Como artérias que irrigam o coração, a lama foi traçando seu caminho até o centro da cidade.
Sim, o sangue da natureza resolveu tomar seu lugar de origem.
Diante do desespero dos que perderam tudo (bens materiais, familiares, amigos), surgem desconhecidos solidários, que se tornam heróis por disponibilizarem toda a ajuda que podem dar.
Pessoas que não sabem a dor de ver sua cidade ruir juntamente com vidas que, fazem com que a sua tenha algum sentido, vão se juntando e arrecadando tudo que conseguem, para tentar levar um pouco de conforto aos inúmeros friburguenses.
Escrevo esta carta para agradecer aos desconhecidos solidários que fazem com que dignidade, carinho, afeto, comida, água, roupa... subam a serra para amenizar a dor de quem já não sabe como será o dia de amanhã.
O coração de uma Friburguense agradece o empenho de TODOS vocês!
Deus os abençoe!
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