Márcio Madeira da Cunha
A cinco anos do bicentenário e ainda sentindo os efeitos de uma das fases mais difíceis de sua história, Nova Friburgo é hoje uma cidade que já não pode mais se contentar em simplesmente ser amada por seus moradores. O momento pede mais, em atitude e iniciativa.
E é com o intuito de estimular o cidadão, através de bons exemplos, que A VOZ DA SERRA dá início à série de reportagens "O que eu faço por Nova Friburgo”, abrindo espaço em suas páginas para mostrar os bons resultados que pequenas iniciativas individuais ou coletivas podem alcançar quando existe a compreensão de que exercer a cidadania é algo que - como nos diz um dos personagens dessa matéria - vai além da cobrança por direitos ou pelo cumprimento de promessas de campanha.
Nesta primeira matéria, AVS mostra o exemplo da Rua Luiza Sousa Barros, na Ponte da Saudade, onde uma associação de moradores unida e atuante tem conseguido diversas melhorias para a qualidade de vida da população.
"Aqui existia uma lixeira no fim da rua que era um horror! Nas noites de domingo era lixo que não acabava mais. Era lixo orgânico, e ninguém tinha horário para descartar. O lixeiro passava na sexta à noite, e no sábado de manhã já tinha alguém colocando sacola de lixo. Então eu e meu marido fizemos uma campanha para que as pessoas passassem a colocar o lixo apenas uma ou duas horas antes da coleta e em frente às suas próprias casas. Assim nós acabamos com a lixeira, e isso funcionou”, explica a moradora Hildimar Cabral de Barros, antes de concluir com uma frase que deveria provocar reflexões: "A gente tem que cobrar, mas a gente não pode só cobrar...”
E as conquistas não param por aí, pois a associação dos moradores, liderada pelo incansável presidente José Roberto, também conseguiu implementar a coleta seletiva, feita sempre às terças-feiras. "No bairro essa é a única rua com esse serviço”, explica o morador João Nunes. E foi o próprio senhor João, empresário do setor de segurança, quem cedeu e instalou as várias câmeras que fazem o monitoramento de toda a extensão da rua. Este serviço, somado à presença frequente de patrulhas policiais, faz da Rua Luiza Sousa Barros uma das mais seguras da cidade.
Recentemente a associação de moradores ainda conseguiu que fossem substituídos todos os postes de luz da rua, com cabos dispostos de maneira a não serem arrancados pelo caminhão de lixo, como
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tantas vezes aconteceu no passado. "Essa rua é um exemplo de que, com os moradores unidos, é possível conseguir muita coisa”, resumiu o morador Wallace Quintana. Sua esposa, Daniele, acrescentou que "todos respeitam as regras combinadas. Quando ficou estabelecido que o lixo só seria descartado próximo aos horários de coleta e na frente das respectivas casas, todo mundo respeitou.”
É certo que algumas características contribuem para a grande capacidade de mobilização dos moradores dessa rua. "Aqui é uma rua sem saída e a maioria dos moradores é proprietário. Então isso também ajuda, porque são pessoas que se conhecem há muitos anos”, explica Hildimar. E também restam problemas por resolver, claro, como a dificuldade que os ônibus encontram para chegar ao topo do bairro em dias chuvosos, gerando o desejo de que o caminho seja asfaltado. Ainda assim, os bons resultados obtidos através da união dos moradores deve servir de exemplo sobre a importância de uma ideia de cidadania que vá além de reclamações e cobranças, e passe também por iniciativas pessoais e coletivas na busca por melhorias na qualidade de vida.
Hildimar Cabral de Barros, moradora e integrante da associação
de bairro: "A gente tem que cobrar, mas a gente não pode só cobrar”
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A Rua Luiza Sousa Barros é a única do bairro
com coleta seletiva. A iniciativa partiu dos moradores
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monitoramento, também por iniciativa dos moradores
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