Feliz é a cidade que tem um grupo de artistas e abnegados pelas mais diversas formas de arte e que se preocupam sempre em valorizar a cultura promovendo inúmeras ações”. A afirmação do compositor e músico Teleco Ventura resume bem a filosofia implementada em Nova Friburgo há 43 anos pelo Grupo de Arte, Movimento e Ação (Gama) que já soma em seu invejável currículo dezenas de peças teatrais, espetáculos, musicais e anda sempre envolvido em atos que vislumbram resgatar o potencial artístico, turístico e cultural desta terra solidificada no alto das montanhas. Pode ter absoluta certeza. Está totalmente enganado quem pensa que o Gama é apenas mais um grupo de teatro. Suas ações transcendem e seus integrantes se dedicam agora também a valorização total do grande potencial cultural friburguense nem sempre percebido.
Alguns exemplos são as edificações de monumentos em concreto e artes visuais do artista plástico Felga de Moraes, no Parque Santa Eliza, que não só homenageiam grandes nomes da cultura local tão pouco valorizados por aqui como o ex-deputado federal, nascido em Trajano de Morais, mas que desenvolveu sua vida pública em Nova Friburgo, Galdino do Valle Filho. Mais que um nome de avenida no centro da cidade, ele é o autor do projeto sancionado em 1924 pelo ex-presidente da República Arthur Bernardes, que criou o Dia da Criança (12 de outubro). Em honra a ele o Gama, com o apoio da Prefeitura e do conglomerado empresarial Gemini, Pedrinco e Wermar, criou a Praça da Criança.
No mesmo bairro foi construída a Praça Guignard em reverência ao pintor de fama internacional e friburguense, Alberto da Veiga Guignard estilizado com uma enorme e colorida aquarela. O artista também dá nome a troféus entregues anualmente pelo Gama a artistas que escolheram Nova Friburgo para viver e expressar sua arte. “Quando fazemos palestras em escolas e faculdades sobre a rica obra de Guignard, as crianças ficam surpresas em saber que Guignard nasceu em Nova Friburgo. Os universitários se revoltam por não terem aprendido na escola que o famoso pintor é um talento da terra”, observa a presidente de memória e pesquisa do Gama e também pesquisadora e admiradora da obra de Guignard, June Mastrângelo.
A ação mais recente do Gama é a imensa caravela de concreto em homenagem ao rei dom João VI que criou por decreto, há 191 anos, a primeira cidade planejada do Brasil: Nova Friburgo. No monumento há ainda reverências a Portugal, Brasil e Suíça, primeiro país europeu a colonizar a antiga fazenda do Morro Queimado. As iniciativas também foram viabilizadas com apoio da Prefeitura e das empresas, cujos sócios abraçaram a causa em prol da cultura.
Uma justa e merecida homenagem a quem faz
Em todos os monumentos, o Gama reverencia seus apoiadores, mas também os pedreiros que ergueram as obras. Todos têm seus nomes impressos em placas. “Afinal de contas, quem fez esses lindos trabalhos foram eles, os pedreiros. Eles é quem tem que ser eternizados. Quando alguém perguntar quem foi que fez essa beleza. Está aí a relação completa desses heróis que pegaram pesado”, valoriza o fundador e presidente de honra do Gama, Júlio Cezar Seabra Cavalcanti, o Jaburu.
Pensou que para por aí? Que nada. O Gama já anda às voltas com os preparativos de outros três projetos artístico-culturais que irão incrementar ainda mais o já consagrado circuito cultural e turístico do Parque Santa Eliza: o monumento ao poeta bonjardinense Júlio Salusse, que ganhará dois cisnes estilizados em meio ao lago do bairro que será revitalizado pela prefeitura e a Praça Caminho das Artes, em homenagem a todas as manifestações artísticas desenvolvidas na cidade.
O presidente do Gama, Chico Figueiredo, avisa que outro projeto já na boca do forno é o museu em papier machê que será erguido ao lado da Praça Guignard, onde friburguenses e visitantes poderão conhecer um pouco mais sobre a história de famosos e anônimos que ajudaram a enriquecer o potencial de Nova Friburgo em todos os seus setores. Através de um sistema informatizado, o visitante poderá obter informações variadas sobre os primeiros colonizadores, políticos e precursores da prestação de serviços.
“No museu poderemos saber quem criou e como se desenvolveu a primeira farmácia, o primeiro sapateiro e muito mais. Todos serão representados com bonequinhos em papier machê do talentoso artista Zeppe”, adianta Felga de Moraes, presidente de artes visuais do Gama, que já está criando o projeto do museu em estilo futurista e funcional. Uma surpresa.
Gama: um potencial que faz história
Além das montagens de espetáculos de sucesso ao longo de sua trajetória, todas essas demais iniciativas do Gama, como as premiações com troféus e a construção de monumentos turístico-culturais são resultados do potencial histórico do grupo. “Talvez não se tenha no Brasil um referência cultural como o Gama. A cultura não é só a promoção de espetáculos. É muito mais e esse mais que o Gama persegue sempre e faz”, diz o coordenador geral do Gama, Giovanni Bizzotto.
E ele tem razão. Alguns exemplos dessa tradição histórica é rememorada pelos integrantes do Gama com fotografias que registraram encontros marcantes, como o do ex-candidato à presidência da República, Juarez Távola com o deputado federal Galdino do Valle Filho e Humberto Teixeira de Moraes, pai de Felga, além do encontro do ex-presidente da República, Arthur Bernardes com Zilad Marlene Cavalcanti de Aguiar, irmã de Jaburu, na escadaria da casa do político em Viçosa-MG, terra natal do fundador do Gama, hoje um inveterado apaixonado por Nova Friburgo.
Se o Gama tem história, as ações de seus integrantes acabam também por fazer história. Através de uma sensibilização do Gama, o vereador Isaque Demani propôs e seus pares na Câmara Municipal aprovaram a criação dos dias municipais da música e da pintura que irão reverenciar, respectivamente, nos próximos dias 28 de novembro e 25 de fevereiro, os friburguenses Benito di Paula, cantor e compositor e Alberto da Veiga Guignard, nas datas dos aniversários dos homenageados. É o Gama em ação de maneira sempre plural. Não é Jaburu?
O Gama pelo Gama
- O Gama tem sempre uma iniciativa inspiradora. Hoje não basta ter ideia, tem que realizá-la quebrando qualquer barreira. Viabilizar parcerias com o poder público e a iniciativa privada não é fácil, mas o Gama consegue e ergue obras de grande vulto. Esse grupo é um marco cultural e referência para o Brasil em termos de resgate e promoção da cultura”. – Giovanni Bizzotto, coordenador geral
- As constantes homenagens a quem merece e as edificações dos monumentos mostram que as propostas do Gama não são só discursos. Os projetos às vezes passam despercebidos, mas o circuito cultural do Santa Eliza eterniza nosso objetivo. Felizmente nossa ideia está sendo abraçada pelos friburguenses. Na preparação da cidade para o bi centenário, talvez não haja projetos mais sólidos que os implementados pelo Gama”. – Chico Figueiredo, presidente
- Já participei de vários grupos de teatro que sucumbiram e o Gama está aí firme e forte. Nova Friburgo está de parabéns por ter um grupo que valoriza a cultura com diversas ações”. – Teleco Ventura, presidente de música
- Voltei ao Gama motivada com minha paixão pela obra de Guignard e me encanto porque Nova Friburgo teve a valorização merecida com os monumentos desenvolvidos pelo Gama e que tornaram-se hoje uma referência. Com isso, o município só tem a ganhar e deve aproveitar a chance de desenvolver-se ainda mais culturalmente”. – June Mastrângelo, presidente de memória e pesquisa
- O circuito cultural que o Gama vem desenvolvendo é um dos maiores resgates históricos de Nova Friburgo. Nosso raio de atuação não tem limite. Não fazemos negócio, fazemos doação de nosso talento para a cidade, sem querer nada em troca. O prestígio que o Gama tem e a boa vontade de seus integrantes tem um grande alcance”. – João Baptista Felga de Moraes, presidente de artes visuais
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