A riqueza do lixo

terça-feira, 01 de dezembro de 2009
por Jornal A Voz da Serra

Jorge Picciani

O lixo hoje é um problema nas 92 cidades do nosso estado. E o desafio de dar aos resíduos sólidos a destinação mais adequada, acabando com os lixões, tem sido foco em diversos fóruns em todo o país. Às vésperas da Conferência Mundial sobre Mudanças Climáticas, que ocorrerá em Copenhague, a Assembleia Legislativa do Rio irá trazer, por meio do Fórum de Desenvolvimento, este assunto à tona e, junto com as universidades e organizações da sociedade civil, buscará alternativas que estimulem os quatro Rs: a redução dos resíduos; a reutilização dos materiais, a reciclagem e a recuperação, a partir da transformação do lixo em combustível alternativo.

 Vamos reunir no plenário no dia 30 de novembro, em um evento aberto ao público, gestores estaduais e municipais, especialistas na transformação do lixo em energia e em fertilizante, além das associações de catadores e de recicladores. O objetivo é apresentar um panorama da atual situação em nosso estado e soluções que estimulem o adensamento da cadeia da reciclagem, a organização dos catadores em cooperativas, bem como a troca de experiências sobre as alternativas nacionais e internacionais de transformação do lixo em energia.

Não se muda a realidade de um dia para o outro. Apesar das soluções serem relativamente simples no que concerne aos cidadãos, que têm um papel fundamental ao estabelecer dentro de suas casas, prédios e no próprio bairro a coleta seletiva, é preciso que se desenvolvam políticas públicas que viabilizem a correta destinação deste material e que permitam que aqueles que vivem do lixo possam ter uma vida digna. Já há iniciativas sendo tomadas pelos governos federal e estadual junto às prefeituras, responsáveis pela coleta e destinação do lixo, mas é preciso intensificá-las.

Recentemente, o ministro do Meio Ambiente Carlos Minc me disse que, junto com o presidente Lula, deve anunciar em breve a desoneração tributária da cadeia produtiva da reciclagem, o que significa uma verdadeira revolução para esta indústria, já que a alta carga de impostos é um dos grandes entraves para o seu desenvolvimento. Por outro lado, há que se estabelecer nos níveis federal, estadual e municipal uma política séria de gestão dos resíduos sólidos. E isso só é possível com investimentos, públicos e privados, e informação.

Não é possível adiar esta discussão que tem impacto direto na vida cotidiana de nossa população. Transformar o que resta de um dia de consumo de um indivíduo em emprego, saúde, novos produtos e evitar com isso enchentes e proliferação de doenças é papel de todos. Na Alerj, estamos buscando, a partir da articulação com as autoridades federais e estaduais, atuar a favor não só da economia, mas das mais de 40 mil pessoas que vivem do lixo.

 

Jorge Picciani é presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. www.jorgepicciani.com.br

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