A redescoberta do “bolachão”

Cresce a procura pelos discos de vinil e uma nova mania se alastra
sexta-feira, 15 de agosto de 2014
por Jornal A Voz da Serra
A redescoberta do “bolachão”
A redescoberta do “bolachão”

Ela cresceu ouvindo discos de vinil, de música clássica a rock’n’roll. Um gênero e uma banda em especial despertaram a sua paixão e a conquistaram, definitivamente: o som do Led Zeppelin (IV, de 1971), quando tinha 12 anos. "Tanto que, por conta dele, batizei meu filho de Led”, revela a jornalista Scheila Santiago (foto), cuja paixão por esse tipo de disco se mantém até hoje, embora não se considere colecionadora. "Tenho poucos diante do que eu gostaria de ter”, adianta. 

Mas, a evolução tecnológica inventou os CDs e os ‘bolachões’ foram deixados de lado, desaparecendo até virarem peças de museu, coisa para colecionadores. Da mesma forma, foram deixando de ser fabricados os toca-discos, as charmosas vitrolas, em seus diferentes modelos, do tipo armário ao portátil. "Não esqueço a última vez em que estive na Modern Sound (tradicional loja de Copacabana), no Rio, que logo depois fechou as portas. Como eu queria ter passado mais horas naquele espaço, me deliciando com tantos vinis...”, lembra Scheila, citando alguns pontos comerciais que ainda vendem discos de vinil em Friburgo. 

Em 2010, um amigo lhe contou que esporadicamente reunia um grupo de pessoas na garagem da sua casa para escutar velhos discos. "Não cheguei a participar, mas, em 2011, propus algo como um encontro de vinil, um sonho que teve que esperar”. Mas ela não desistiu, vivia pensando naquilo. 

Finalmente, este ano, disposta a dar o primeiro passo no projeto que, tinha certeza, lhe daria o maior prazer, decidiu criar e promover um Encontro de Vinil, o primeiro. 

"Costumo dizer que foi um encontro de almas que ainda curtem esses discos. Comecei a pesquisar e descobri que na cidade há um Clube Du Vinil, em Olaria, que funciona nos finais de semana na Rua Vicente Sobrinho, comandado por seu Lalá. Fui conferir de perto e achei verdadeiras preciosidades, que eles não vendem de forma alguma. Trocar, talvez”.

 

   


Antes um ruído desagradável, hoje um chiado cheio de charme

Em 21 de junho deste ano, no Serra Verde Shopping, na Ponte da Saudade, cerca de mil pessoas passaram o dia inteiro em um espaço que Scheila reservou para quem quisesse levar discos para vender, trocar ou apenas escutar em uma pickup moderna, que ela fez questão de alugar, para valorizar ainda mais o som dos discos, preservando inclusive aquele chiado característico, que, se antes incomodava, hoje faz parte do charme dessas ‘peças’.

Pessoas de todas as idades e de várias cidades vizinhas estiveram no encontro e viveram momentos de feliz nostalgia, além da troca de conhecimento, curiosidades. E, naturalmente, ficou aquela vontade de um novo encontro, que certamente será marcado, em breve. "Percebi o quanto os vinis precisam de cuidados específicos e frequentes. Colecionadores, de verdade, dão tratamento vip para os bolachões”, concluiu.

No item gênero musical, tem pra todos os gostos. Colecionadores e comerciantes oferecem para venda, troca ou apenas para escutar discos de tudo quanto é lugar, do pop ao clássico. Pesquisando, Scheila descobriu um clássico psicodélico: 

"O disco de vinil com a trilha sonora do filme Geração Bendita (dirigido em 1971 pelo fribuguense Carlos Bini, em Friburgo), gravado em 1971 por uma obscura banda local, a Spectrum, considerado cult na Europa, onde colecionadores pagam até US$ 2 mil pelo LP. Esses e tantos outros fazem parte de acervos e só mesmo um Encontro de Vinil para localizar essas raridades”, revela. 

 

 


As capas, para muitos, obras de arte

Mas é bom lembrar que bandas novas estão lançando seus trabalhos em vinil. Segundo Scheila, pesquisa de 2013 revela que mais de um terço dos atuais compradores têm menos de 35 anos de idade.  "Isso significa, de alguma forma, que no futuro, quando os CDs trilharem o mesmo caminho dos vinis, e quando toda a produção musical gravada estiver suspensa em uma nuvem, ainda haverá quem compre discos pretos de plástico, sem ter certeza se serão tocados ou vão decorar suas paredes. Mas eles estarão lá, ao alcance de suas mãos, para seu total deleite. Não podemos esquecer, também, as capas. Eram (são) lindas, produzidas por grandes desenhistas ou fotógrafos, verdadeiros artistas. Em alguns casos, as capas podiam fazer diferença na hora de comprar um disco para dar de presente”, encerra Scheila.

 

Dicas para preservar sua coleção

Os discos de vinil devem ser arrumados em lotes de 10 a 20, para evitar o empenamento, e protegidos do calor e da umidade excessiva. Deve-se evitar manuseá-los com as mãos sujas, assim como deixá-los em lugar com muita poeira ou que tenha gordura de cozinha. Os plásticos que os protegem da capa também são importantes (descobri no Encontro que em Nova Friburgo há uma pessoa que possui uma máquina para embalá-los e outra pessoa, que possui uma máquina para lavar!). Quando os discos estão muitos sujos, recomenda-se lavar com água corrente e uma espoja bem macia; no mais, um pano que não solte pelos faz o trabalho perfeitamente. Para contatos com Scheila Santiago: https://www.facebook.com/encontrodevinil?fref=ts

O Blog http://devoltaparaovinil.blogspot.com.br/ dá umas dicas bem legais.

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