A pele que habitamos, segundo a dermatologia

Com o doutor Akira Iwamoto
sexta-feira, 22 de agosto de 2014
por Jornal A Voz da Serra
A pele que habitamos,  segundo a dermatologia
A pele que habitamos, segundo a dermatologia

Texto: Ana Borges / Fotos: Amanda Tinoco

Para início de conversa, a pele, o órgão que envolve o corpo determinando seu limite com o meio externo, é o maior entre todos, e corresponde a 16% do peso corporal. É o que afirma o médico dermatologista Akira Iwamoto logo no início de nossa conversa. E completou: a pele exerce diversas funções, como regulação térmica, defesa orgânica, controle do fluxo sanguíneo, proteção contra agentes do meio ambiente e funções sensoriais (calor, frio, pressão, dor e tato). "Portanto, trata-se de um órgão vital, sem o qual a sobrevivência seria impossível.”

Sendo a pele o maior órgão que temos e com tantas funções, naturalmente precisa de cuidados internos e externos. Não basta passar cremes, máscaras e submeter-se a diversos tratamentos se sua alimentação não for equilibrada. Além disso, o uso incorreto de produtos e a falta de simples hábitos, como a limpeza diária e a ingestão de água, também podem dificultar os bons resultados. 

O doutor Akira ressaltou que frio, toque, dor, coceira, entre outras, são sensações que a pele expressa continuamente através da interação corpo e mente para relacionarmos com o meio interno e externo. Ele concorda com o que diz um psicólogo de Boston (EUA), Ted Grossbart, que enfatizou: "Íntimas ligações com o sistema nervoso tornam a pele altamente sensível às emoções; ela pode estar em contato mais estreito com necessidades, desejos e medos mais profundos do que a mente consciente, e todos os problemas da pele, independente da causa, têm impacto emocional”. 

Portanto, ele reitera, "podemos dizer que a recíproca também é verdadeira; transtornos mentais, emoções ou estresse crônico agindo diretamente no surgimento ou agravamento das doenças da pele”.

 

Toques e carícias 

O especialista cita ainda a colega Marcia Senra, para quem "a pele, como órgão tátil, é extensamente envolvida no crescimento e desenvolvimento do organismo, tanto no aspecto físico quanto no comportamental. É o meio através do qual o mundo é percebido”. 

Para Akira, tanto nas crianças, que estão começando a aprender as primeiras sensações, como nos idosos que vão perdendo o equilíbrio desses mesmos sentidos da pele, é importante estimular através do toque e carícias a relação de existência com o meio externo ao qual pertencem. Com isso eles se sentem acolhidos e confortáveis. 

"Mas para que a pele exerça essas funções de maneira plena, e fique mais resistente tanto às influências externas como internas (por exemplo, as psíquicas mencionadas anteriormente), devemos mantê-la saudável com aqueles cuidados diários já bem divulgados, mas que não custa relembrar: limpar a pele diariamente com produtos adequados para cada tipo de pele (seca, oleosa ou mista)”.


O estresse nosso de cada dia 

O estresse, de tão batido e presente em nosso cotidiano, virou condição sem o qual parece que não conseguimos mais tocar a vida. Respiramos estresse, "corremos” atrás dele. Há até quem pareça viciado em estresse. No entanto... sabemos o quanto ele pode ser perigoso para a saúde, em todos os sentidos. A cada dia mais se comprova a sua influência negativa nos processos orgânicos. Quando a pessoa está em equilíbrio físico, o estresse cria as condições para a doença; quando já há uma doença instalada, o estresse agrava a doença ou dificulta a recuperação. 

Isso diz respeito a todos os órgãos do corpo, o estresse se alastra por dentro de nós. O estrago é inevitável e arrasa a pele.  

Alterações na pele ocorrem por ação do estresse na secreção de mensageiros químicos do sistema nervoso. O conhecimento da transmissão do estado de tensão à pele por via dos nervos e da corrente sanguínea está apenas no início, mas já torna claro que efetivamente a resistência da pele aos agressores diminui sob ação do estresse, assim como diversas outras alterações no funcionamento das células de defesa da pele e dos outros tipos de células cutâneas abrem caminho para a manifestação de doenças diversas. 

Por isso, o cuidado em reduzir o estresse permanentemente é básico para o estado saudável e equilibrado do organismo. Sempre que uma doença é tratada, devemos dar atenção ao estresse que a acompanha. Há casos em que somente esse controle é suficiente para eliminar o distúrbio. 


Conexão entre beleza interior e exterior

Deixando o estresse de lado, vamos falar de beleza. A externa, aquela que vem de outra fonte que não a interior, mas de nossos pais, e a interna que vem do nosso crescimento, amadurecimento, compreensão da vida em sua plenitude, enfim.  

Não é absolutamente necessário que o exterior seja um reflexo do interior, nem vice-versa. Às vezes acontece que sua beleza interior é tamanha, sua luz interna é tanta que ela irradia de seu corpo externo, que pode não ser belo, mas a luz que vem de suas fontes faz com que mesmo um corpo que não seja belo no sentido ordinário pareça bonito, radiante. 

Visto por esse ângulo, o tema é abrangente e envolve questões que fogem da área clínica, pura e simples, embora cada vez mais os especialistas estejam preocupados na investigação das causas dos problemas de pele trazidos por seus pacientes. 

 

 

Básico

No mais, valem as recomendações básicas: hidratar a pele com ingestão de líquidos; fazer dieta rica em frutas e verduras; usar hidratantes cremosos de acordo com tipo de pele; evitar exposição solar em excesso; evitar uso excessivo de sabonetes, buchas, banhos muito quentes e demorados; evitar esfoliações excessivas na pele.

E nunca esquecer o protetor solar. Ao ar livre, buscar a sombra, principalmente entre 10h e 16h. Usar sempre protetor solar FPS de 30 ou maior nas áreas expostas, roupas que cubram a pele, chapéus de abas largas. Óculos escuros complementam a proteção da pele e dos olhos.


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