Vinicius Gastin
Depois de cruzar o continente americano e desbravar 40 países pela Europa, Ásia e África, o motociclista Augusto Lins e Silva almeja percorrer todas as capitais do Brasil a partir do próximo sábado, 8. O retorno a Nova Friburgo deve ocorrer 60 dias e 35 mil quilômetros depois do início da aventura. A meta é estabelecer um novo recorde nacional de quilometragem/tempo.
O Projeto Brasil Total começou a ser planejado ainda em 2013, e a viagem significará não só a realização de um sonho antigo, como também o maior desafio no motociclismo de estrada para o aposentado de 71 anos. "Talvez eu rode mais em quilômetros nesta viagem do que pelos continentes. Isso exige uma moto mais potente e uma estrutura de viagem mais elaborada.”
Por esse motivo, Augusto escolheu uma moto de baixo consumo e alta potência. O modelo é o NV700 da Honda, recém-lançado pela empresa, com pneus sem câmara de ar, bicilíndrica e capacidade para percorrer 30 quilômetros por litro. O estradeiro terá cerca de 1.200 concessionárias espalhadas por todo o Brasil para fazer a manutenção necessária durante a viagem. Os pneus da Michelin aumentarão ainda mais a resistência do veículo. "Não terei problemas de parar em algum lugar porque a moto quebrou. Essa vantagem eu não tive no Projeto Eurásia, pois eu raramente encontrava uma concessionária pelos locais onde viajei. Dessa vez, eu terei uma moto muito forte, feita para a estrada e que tem todas essas características — e a assistência está disponível.”
A principal novidade, entretanto, é a parceria com a Opensat para acompanhar toda a trajetória em tempo real, através do site da empresa, o www.opensat.com.br. Augusto deixará Nova Friburgo com destino a Belo Horizonte e seguirá viagem por Brasília, Palmas, Cuiabá, Rio Branco e Manaus. Da capital amazonense, uma breve viagem até Boa Vista e o retorno ao Amazonas. Para o destino seguinte, Belém, a viagem será feita dentro do barco pelo Rio Solimões, durante oito dias. Macapá, passando pelo Oiapoque até a fronteira com a Guiana Francesa, São Luís, Teresina e todos os demais estados do Nordeste também compõem o roteiro, que terá sequência em São Paulo até o Chuí, com passagem pelas três capitais da região sul — Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre. "Apesar das dificuldades que enfrentaremos por conta das fortes chuvas na região e o transbordamento do Rio Madeira, que já inundou várias estradas e isolou Rondônia e Acre, vemos que essas intempéries servem como uma dose extra de adrenalina e animam nossa jornada, que será bastante longa.”
Projeto recebe ajuda de empresas
Augusto nunca escondeu que as viagens representam a oportunidade de reunir duas paixões: as viagens e o motociclismo. O pernambucano radicado em Nova Friburgo percorre, no mínimo, 90 mil quilômetros por ano. Durante as viagens são 800km diários. "Os projetos começaram quando eu me aposentei. Eu sempre tive vontade de viajar por todo o continente americano, europeu, asiático e africano. No entanto, eu tinha algumas atividades empresariais que impediam. Aos poucos eu parei de me dedicar a elas e quando eu percebi que poderia dispor do meu tempo, comecei a planejar e executar tudo o que eu tinha pensado.”
Embora consiga custear os projetos por conta própria, o estradeiro reivindica a ajuda das iniciativas pública e privada, com o argumento de levar o nome da cidade pelos locais onde passa. A repercussão positiva das viagens anteriores trouxe boas consequências nesse sentido. O Brasil Total terá o apoio da Honda, que forneceu a moto e prestará assistência técnica durante o trajeto, e da Duas Barras Auto Peças, fornecedora do baú e dos bauletos especiais adaptados para a moto. Durante o Salão Bike Show (SBS), no Riocentro, Augusto teve um estande para a divulgação da viagem. A adesivagem da moto também foi patrocinada.
"A parte estrutural eu consegui toda. O tipo de ajuda que eu mais preciso é com relação a comida e hospedagem. E não é muito, porque o custo da viagem é pequeno. Nesse meio tempo, eu recebi mais de 100 e-mails com convites de hospedagem na casa das pessoas. Inclusive em lugares em que eu nem vou passar. O que eu tenho de oferecimento já cobre 50% da viagem, tudo em troca de uma boa conversa. As pessoas querem saber sobre as minhas aventuras.”
Moto escolhida tem baixo consumo e resistência o suficiente para o bom desenvolvimento nas estradas
As viagens de Augusto
Viagem ao Alaska – Em 2011, Augusto percorreu 55 mil quilômetros de Nova Friburgo até Anchoras (Alaska). Foram seis meses sobre uma moto de 660 cilindradas, multimarcas, toda preparada por ele mesmo. Durante o período, o motociclista atravessou 16 países americanos: Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Peru, Equador e Colômbia (América do Sul); Panamá, Costa Rica, Nicarágua, Honduras, El Salvador e Guatemala (América Central); México, Estados Unidos e Canadá (América do Norte). Na volta, passou por Sturgis (Dakota do Sul - EUA), e participou do maior encontro de motociclismo do mundo. Augusto também acompanhou a abertura dos Jogos Pan-Americanos a convite do prefeito de Guadalajara, no México. O estradeiro se tornou o 1° motociclista sul-americano a chegar a Sturgis pilotando a própria moto desde a cidade de origem.
Projeto Eurásia - O Projeto Eurásia foi o último grande desafio de Augusto. O motociclista percorreu 40 países em três continentes diferentes — Europa, Ásia e África — no período de 67 dias, sobre uma moto BMW de 800 cilindradas. O objetivo era percorrer apenas os continentes europeu e asiático, mas o aventureiro resolveu visitar também a África.
Logo do projeto Brasil Total: terceiro grande desafio para o motociclista em apenas três anos
Augusto em companhia de representante da Opensat, em Campo Grande: empresa
vai rastrear toda a viagem do motociclista em tempo real
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