O Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet), unida-
de Nova Friburgo, promoveu na noite da última quinta-feira, aula inaugural do primeiro semestre de 2009 para os alunos dos cursos técnicos de gestão em turismo, física e informática. O evento, realizado na Casa da Cultura, teve como convidada especial a pesquisadora e professora da Universidade Candido Mendes (Ucam), Janaína Botelho, que ministrou palestra baseada no seu livro O cotidiano de Nova Friburgo no final do século XIX: Práticas e representação social, lançado no final do ano passado e já na segunda edição.
O panorama político, econômico e social de Nova Friburgo no início do período republicano foi o tema central da palestra, que consistiu numa síntese da pesquisa de dois anos realizada por Janaína nos jornais da época e que originou o livro. Segundo ela, ao final da monarquia a cidade estava desorganizada, cheia de cortiços extremamente insalubres e problemas urbanos e sociais, como menores armando confusões nas ruas, animais pastando na Praça Praça Princesa Isabel (atual Getúlio Vargas) e pessoas que migravam para o município e não se inseriam no mercado de trabalho - os chamados “vagabundos” pelos jornais do período.
No campo político, o poder estava concentrado nas mãos da família Neves, uma oligarquia rural muito forte que não tinha interesse no núcleo urbano do município, de acordo com os dados levantados pela palestrante. Em função disso, um grupo de médicos liderados por Ernesto Brasílio se uniu para assumir a gestão da cidade no início do período republicano, entre 1892 e 1908. O grupo era responsável pelo Hotel Central, um complexo que reunia quartos para hospedagem e uma estação hidroterápica, no prédio onde atualmente funciona o Colégio Nossa Senhora das Dores. Nesta época, Nova Friburgo era reconhecida como uma cidade da saúde pois recebia pessoas para tratamento de enfermidades e moradores do Rio de Janeiro que passavam longas temporadas fugindo das epidemias. Isso alavancou a economia do município que, entretanto, apresentava vários problemas de ordem urbana. “Isso gerou a insatisfação dos médicos, conhecidos como higienistas. Ao assumirem o poder promoveram melhorias na infraestrutura e saneamento”, destacou Janaína.
Segundo a pesquisadora, “o turismo saúde deu uma base econômica forte e mudou a vida da cidade no âmbito social”. Prova disso foi o incremento do comércio que passou a ser mais sofisticado, e a intensa vida cultural existente no município. O Carnaval também era uma referência com eventos que iam da Batalha das Flores aos bailes no Theatro Dona Eugênia, nos hotéis e residências. “Foi uma época áurea propiciada pelo turismo de saúde. Essa referência do passado poderia ser resgatada para ajudar a cidade a encontrar um meio de impulsionar a economia”, concluiu Janaína, bastante aplaudida pelos presentes.
A aula magna contou com a presença do vice-diretor geral do Cefet - Rio, Carlos Henrique Figueiredo Alves, da diretora e do gerente acadêmico do Cefet, unidade Nova Friburgo, Fernanda Rosa dos Santos e Antônio Ferreira da Silva. O evento também foi prestigiado pelo pró-reitor de coordenação e expansão da Ucam, Alexandre Gazé. A apresentação ficou a cargo da coordenadora do curso de turismo, Bianca Tempone.
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