Já dei muito show, conforme se diz, daqueles que não valem a pena lembrar, por conta de um temperamento entre o sanguíneo e o colérico, que só o tempo me fez compreender e lidar melhor.
Mas, por outro lado, não sou de “dar show”, isto é, meu comportamento social básico está mais para o low profile dos ingleses do que para o entusiasmo dos italianos. E isso se deve, em parte, à minha família e à minha cidade, pois ambas abominavam o escândalo, não obstante se divertissem com ele.
Digo, assim, no passado porque tanto a família a que me refiro já se foi como a cidade em que fui criado também não existe mais. Todavia, continuo amando as duas loucamente em meu coração e as reverencio em minha memória.
Creio que tenha sido esse senso de discrição exagerado que me empurrou bastidores adentro, desde a minha estreia como autor, ator e diretor de teatro, simultaneamente, aos 16 anos de idade. Naquela velha Friburgo de 1974. E como compositor no ano seguinte.
De lá pra cá, só fiz recuar nas sombras das coxias como se a luz do proscênio mais me assustasse do que encantasse, o que, decididamente, não é verdade!
Faltou-me, creio, compreender e aceitar o quanto eu queria estar nos braços da plateia, entregue a um destino exibidor, que minha formação estóico-jesuíta de certa forma reprovava, pois os homens sérios como eu (glup!) não andam por aí se mostrando e muito menos em cima de um palco!!!
O subconsciente da gente é um poço sem fundo de generalizações que permeiam o senso-comum e muito embora a gente saiba que tudo aquilo não passa de rematada tolice, permanecemos, muitos de nós, como eu, presos por fios invisíveis à negação da oportunidade de ser o que genuinamente somos. E queremos ser!
Tímido, porém, persistente, vim caminhando desde lá, dos meus lindos 16 anos de idade, até o dia de amanhã, quando retomo a ribalta, na companhia do percussionista Piter Toledo e de outros convidados, para dar um show pra vocês, queridos friburguenses de 2011.
E, como dizia um artista que eu amo, Gonzaguinha, acreditem, quando eu soltar a minha voz, palavra por palavra, eis ali um homem se entregando.
Espero vocês por lá para dividir comigo essa noite que tem tudo para ser muito gostosa. A começar pela lua cheia (de poesia) e o friozinho delicioso! Brrr... Na serra e na barriga! Rs...
Beijos, ar.
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