Não é possível uma doença cuja ameaça de se transformar numa pandemia é real, ainda seja motivo de disputa semântica. De um lado o governo mexicano preferindo chamá-la de “suína”, para não denegrir ainda mais a imagem de um país que já sofre com as degradantes consequências do narcotráfico; de outro judeus e mulçumanos, preferindo chamá-la de “mexicana” uma vez que o porco é considerado impuro nas suas religiões; sem falar nos criadores e comerciantes da carne desse animal, que temem uma retração nas suas vendas. No entanto, se já tivemos a gripe espanhola, em 1918, cuja origem foi na Espanha, a gripe asiática de 1957, que começou na China, por que não gripe mexicana se o seu vírus, o H1N1, foi isolado pela primeira vez, no México?
Semântica à parte o problema é sério, pois em menos de 15 dias, já temos mais de 4.000 casos relatados em 29 países, com 49 óbitos. O problema é que no hemisfério sul começa a época das gripes sazonais, por causa do inverno, e a combinação do vírus atual com o dessas gripes, pode ser um fator a mais de complicação. Outra ameaça real é a fusão do H1N1com o da gripe aviária, o H5N1, que permanece endêmica (não foi erradicada) na Ásia, isso porque, segundo os cientistas, a fusão dos dois vírus pode ser explosiva. É que no caso da mexicana, o contágio é mais fácil por ser homem a homem, mas tem um poder letal menor, ao contrário da aviária cuja transmissão é mais difícil, mas o índice de mortalidade pode chegar a 60%. O temor é que a combinação dos dois vírus produza um terceiro altamente letal e que se espalhe pelo mundo inteiro.
Os sintomas dessa gripe não se diferenciam muito das gripes comuns, no entanto chama a atenção o aparecimento súbito de febre alta, maior que 38° C, além de tosse, dores musculares e articulares e fortes dores na cabeça. As pessoas sadias, que quase nunca ficam doentes, correm menos riscos ao contraí-la. Já os menores de cinco anos com um sistema imunológico em formação e os maiores de setenta com a diminuição própria da idade, são os mais ameaçados e requerem tratamento mais intenso.
Esses vírus se multiplicam e dobram em número a cada seis horas deixando margem para a agressão de outros micro-organismos, o que pode causar uma infecção generalizada. Aliás, esta é a causa mais comum das mortes. Outro dado importante é que o H1N1 aumenta a possibilidade de haver acúmulo de líquidos nos pulmões, tornando mais vulneráveis aqueles que sofrem de doenças pulmonares ou cardíacas.
As medidas preventivas são as mesmas para as gripes comuns onde se deve evitar ambientes fechados ou grandes aglomerações, quando é recomendável o uso de mascaras protetoras, aliás esta também deve ser usada pelo pessoal que trabalha em postos de saúde e em hospitais. Além disso, lavar sempre as mãos, principalmente quando se chega da rua e, se possível, manter as janelas abertas o maior tempo possível.
O tratamento deve ser iniciado logo que aparecem os primeiros sintomas, daí ser importante entrar em contato com o seu médico ou os postos de saúde disponíveis o mais rápido possível.
* Dr. Max Wolosker Neto, jornalista e médico
Email: woloskerm@gigalink.com.br
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