A farsa da saúde pública

sexta-feira, 11 de novembro de 2011
por Jornal A Voz da Serra

Se a população brasileira acreditasse nos coloridos anúncios divulgados na mídia sobre os avanços da saúde pública do país e nas diversas inaugurações de hospitais, postos de saúde e serviços médicos viveria em um mundo de sonhos. A realidade é bem outra. Dura, caótica, perversa mesmo que leva a sofrimento, amargura, decepções e abusos inomináveis. Alguns poucos milhões de brasileiros dispõem de planos de saúde, caros, elitizados mas que são verdadeiras armadilhas quando a necessidade fala mais alto. Na verdade financiar a saúde privada não é sinal de pronto e eficaz atendimento e a cupidez, a burla sempre estão e estarão presentes em tais empresas.

A Saúde Pública brasileira chegou a um impasse. Com gestores desonestos, pessoal malqualificado e muito menos interessado nos ”pacientes”, com péssimo comprometimento com as funções para as quais foi recrutado o atendimento médico da população é uma farsa que mostra seu ângulo cruel, omisso, desinteressado a partir do momento em que o infeliz precisa marcar uma consulta com o “doutor”, geralmente com prazo de 2 a 3 meses e um profissional alheio às preocupações de um cliente que não tem condições financeiras de pagar uma simples consulta particular, quase sempre pela casa de um salário mínimo.

Hospitais, postos de saúde, nosocômios, ambulatórios, emergências formam, em conjunto, uma formidável farsa governamental que vem ilaqueando os brasileiros nos últimos dez anos, quando ela se agravou em virtude da explosão demográfica. Hoje há mais seguranças nos estabelecimentos hospitalares que médicos para o atendimento e até os governantes temem o corporativismo da classe que, na defesa de seus interesses, pode deflagrar uma paralisação que comprometeria mais ainda a imagem dos gestores da coisa pública.

A presidente Dilma com certeza nunca foi a um hospital público precisando de atendimento para si ou para um parente. Por isso é que ela acha que o problema na área de Saúde não é de gestão mas de dinheiro e que sem a CPMF ressuscitada o caos persistirá. Se houvesse disposição para averiguar a corrupção existente no setor, em todo o país, exemplos como o do Rio de Janeiro, onde foram encontrados desvios de verbas em TODOS os hospitais da cidade, apenas com um exame preliminar, a Saúde Pública seria outra. Dois fantasmas assombram os profissionais da área e os gestores: primeiro a proposta que prevê 10% da receita da União para a Saúde e segundo a socialização da Medicina no país. São doses extremas para um sistema de Saúde que penaliza, castiga e humilha a população.

Dirmar de Caireyt é jornalista em Brasília

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
TAGS:
Publicidade