A expectativa do julgamento do mensalão

segunda-feira, 09 de julho de 2012
por Jornal A Voz da Serra

* Prof. Dr. Valmor Bolan

O Supremo Tribunal Federal já marcou para agosto o julgamento do mensalão, certamente um dos mais aguardados pelo País, e que coincidirá no calor da campanha eleitoral de 2012. O Brasil espera que não termine em pizza este imbróglio que evidenciou de modo muito explícito o alto grau de corrupção do governo, em todas as instâncias, especialmente na era Lula. Bem que o ex-presidente tentou se valer de sua popularidade para fazer tráfico de influência junto ao ministro do STF, Gilmar Mendes, visando evitar que o julgamento do mensalão acontecesse esse ano, ainda mais no período eleitoral. Foi mais uma pagação de mico de Lula, que parece estar desnorteado, desesperado mesmo para ver seu pupilo, Fernando Haddad, ser eleito prefeito de São Paulo e fazer valer seu status de mandachuva na política nacional, agindo como um grande caudilho desta já velhíssima Nova República. Chega a ser também meio patológico ver Lula tão afoito em mostrar que quem manda ainda no Brasil é ele, e que o ex-candidato a Secretário-Geral da ONU parece ter se contentado em ser cacique de política regional. E para manter-se no pódio, não titubeou em abraçar Maluf, mais outro mico pago recentemente, o que fez a deputada federal Luiza Erundina abandonar a disputa à vice na chapa de Haddad.

O mais vexatório em toda a história do mensalão foi o comportamento cínico de Lula em todo o episódio, aparecendo algumas vezes na televisão para dizer que fora traído pelos seus apaniguados e que nada sabia do que acontecia na sala ao lado do gabinete da Presidência da República, um atestado notório de incompetência, que ele próprio reconheceu sem ficar enrubescido. Assim como Fernando Henrique passou para a história com a famosa frase “esqueçam-se do que escrevi”, Lula também protagonizou este momento ignóbil da história recente da República, quando disse que não sabia de nada dos desmandos praticados por parlamentares do seu partido e por partidos aliados , na gula insaciável por dinheiro e vantagens de toda espécie. Esperamos que o Supremo Tribunal Federal seja criterioso e rigoroso mesmo na deliberação do mensalão, tendo aí uma excelente oportunidade de passar o Brasil a limpo, punindo os que forem comprovadamente corruptos. Fala-se tanto em reforma política que o STF tem agora uma oportunidade de fazer história, começando com este julgamento a colocar em prática o que a nação espera: um Brasil limpo, ético, que preza as leis e a instituições, que respeita o erário público, que contém as práticas corrosivas da corrupção. Queremos que não termine mesmo em pizza, pois é hora de mostrar à sociedade que é possível afirmar o Brasil ético que desejamos. Esperamos que não acabe como acabou a ficha limpa nessas eleições a Prefeito. Os fichas-sujas, por decisão do Tribunal Superior Eleitoral, poderão ser candidatos nas próximas eleições Municipais. Que o julgamento não seja, é claro, injusto, pois não queremos nenhum linchamento à luz dos holofotes. Mas que seja técnico, preciso, que mostre fatos e documentos, provas contundentes daquilo que irá julgar. E que haja punição, na medida adequada dos delitos, para que possamos começar uma página nova na história. Ficamos assim à expectativa do julgamento do mensalão, para o bem do Brasil.

*Valmor Bolan é doutor em Sociologia e presidente da Comissão Nacional de Acompanhamento e Controle Social do Prouni (Conap/Mec)

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