Célio Junger Vidaurre
Como Didi havia encerrado a sua carreira, o genial craque de Campos dos Goytacazes foi ser o treinador da Seleção do Peru na Copa de 1970, no México, no momento em que começava um novo tempo do futebol brasileiro com os brilhantismos de Gerson, Rivelino, Tostão e o furacão Jairzinho. Pelé, o âncora, que já era rei, fez tudo o que tinha direito naquele tri-campeonato e a taça ficou definitivamente aqui.
No final dos anos 70, chegou ao fim as participações desses atletas vencedores e surgem outros valores, como Zico, Sócrates, Carpegiani, Falcão, Junior, Careca, Roberto Dinamite e outros que disputaram várias copas e que jamais conseguiram ganhar títulos para o país. Passaram em branco em termos de seleção, mas, em seus clubes de origem sempre foram vencedores.
Foi uma fase negra do futebol brasileiro, foram 24 anos sem que o Brasil atingisse alguma glória. Foi a chamada era dos perdedores. Nossos grandes jogadores passaram a defender os clubes europeus e aqui só ficavam os que não interessavam aos estrangeiros. A seleção brasileira para ser formada depois desse tempo, tinha e tem que trazer ‘os europeus’ (brasileiros que jogam no exterior), e quando alguém daqui era ou é convocado é para ficar na reserva. Essa questão das transferências de jogadores brasileiros para o exterior, por mais que pareça natural do ponto vista da melhoria salarial de cada um, está ligada a penúria ou quase falência dos clubes brasileiros.
Aliás, hoje, quase ninguém que joga no Brasil faz parte da disputa na África do Sul. Surgiu, então, em 1994, a era Dunga, numa Copa ganha pelos gols de Romário e pelos erros dos italianos que, através de um pênalti cobrado por seu maior astro, Roberto Baggio, que conseguiu chutar a bola para fora do estádio. Com um meio de campo formado com Mazinho e o brucutu Mauro Silva, Dunga levantou a taça, apesar de não terem apresentado nada demais.
No penta, em 2002, no Japão, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho e Ronaldo Fenômeno resolveram tudo e trouxeram o caneco. Com a era Dunga em curso, agora, vamos partir para o hexa com Gilberto Silva, Josué, Felipe Melo, Elano e Julio Batista. São muitos ‘pernas de pau’ de uma só vez. A sorte desses caras é que o brasileiro torce até pela disputa de ‘cuspe à distância’, tratando-se das coisas nacionais, existindo, ainda, a expectativa de grandes exibições de jogadores como Robinho, Maicon e Nilmar, tendo em vista que Kaká e Luiz Fabiano estão sem as suas condições físicas ideais.
Ao deixar Paulo Henrique Ganso, Ronaldinho Gaucho e Neymar fora da Copa, Dunga lembra o Flávio Costa de 1950, quando optou por Bigode no lugar de Nilton Santos ou Noronha, Augusto no lugar de Pindaro e Juvenal no de Mauro Ramos de Oliveira. Mas, como em futebol tudo pode acontecer, vamos torcer. Um lembrete: se já fomos campeões do mundo com Oreco e Moacir Canivete em 1958, com Jair Marinho e Zequinha em 1962, com Fontana, Joel e Dario Maravilha em 1970, Mauro Silva, Mazinho e o próprio Dunga no tetra, acreditamos que nem as vuvuzelas vão atrapalhar a conquista do hexa.
Pra frente, Brasil, Brasil, salve a seleção!
Célio Junger Vidaurre é advogado e cronista político e-mail: celiovidaurre@yahoo.com.br
acesse também o site www.celiojungereconvidados.com.br
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