A despedida do Monsenhor Pedro Maia Saraiva

terça-feira, 13 de dezembro de 2011
por Jornal A Voz da Serra
A despedida do Monsenhor Pedro Maia Saraiva
A despedida do Monsenhor Pedro Maia Saraiva

José Duarte

A comunidade católica de Nova Friburgo foi surpreendida, na manhã de 7 de dezembro, com a notícia da morte do Monsenhor Pedro Maia Saraiva. Ele foi pároco da Catedral São João Batista, em Nova Friburgo, entre 1983 e 1984. Seu corpo foi velado na paróquia São José de Leonissa, em Itaocara, com missa de corpo presente presidida pelo Bispo Diocesano Dom Edney Mattoso, seguida de sepultamento.

Natural de São Roque, 1° distrito de Itaocara, no Noroeste Fluminense, Monsenhor Saraiva nasceu em 1919, foi ordenado sacerdote em 1956, e durante sua trajetória, realizou importantes trabalhos por onde passou. Era uma figura das mais carismáticas e queridas que a Diocese de Nova Friburgo já conheceu.

Depois da saída dos padres espanhóis da Catedral São João Batista em 1983, ele teve papel fundamental como pároco, sendo substituído pelo Padre Antonio Leão Ferreira. Mas continuou morando na Catedral, e ocupou os cargos de reitor do Seminário Diocesano por 10 anos e de diretor espiritual por 15 anos. Foi vigário-geral da Diocese nos governos de Dom Clemente Isnard e Dom Alano Maria Pena e ainda colaborou com o Bispado de Campos, ocupando a Paróquia de Cambuci. Desde que saiu de Nova Friburgo estava em Itaocara, onde foi pároco da Paróquia São José de Leonissa.

O monsenhor era um dos religiosos mais experientes da Diocese, e recebeu título de cidadania de diversas cidades. Na missa comemorativa pelos seus 90 anos de vida, realizada em 2009, ele pode compartilhar esta amizade com os fiéis e amigos que superlotaram a igreja.

Filho de José Saraiva e Aydée Maia Sobrinho, o padre teve uma infância pobre: sua família vivia da plantação de fumo. Seu José era fumeiro e quando contratado por um fazendeiro, mudava-se com a família. Ainda menino, além dos pequenos serviços que executava, carregava malas dos passageiros na Estrada de Ferro Leopoldina, e colocava arreios nos cavalos antes de levá-los para seus donos. Despachado, criou uma espécie de cooperativa de engraxates com outros garotos que trabalhavam durante o dia e à tarde,

Foi testemunha ocular da Revolução de 30, aos 11 anos, tendo sido Itaocara o último reduto a se render ao governo de Getúlio Vargas: assim aprendeu a conviver com guerrilha de grupos, o que lhe desenvolveu a sagacidade e o espírito de liderança. Na juventude, conquistou a simpatia do prefeito, que o convidou para a função de auxiliar de contabilidade e secretário particular.

Estudou um ano com o vigário local e prestou provas no Artigo 100, em Miracema, um curso intensivo do antigo ginasial, hoje 1º grau. Em meados de 1938, o jovem Pedro Saraiva fundou, em Itaocara, o Grupo de Escoteiros Tabajara. Logo no início, ganhou apoios importantes: do padre Ananias da Silva Câmara e do prefeito Carlos Moacyr de Faria Souto.

Seis anos depois daquele primeiro encontro com padre Ananias, agora já com 26 anos, entrou para o Seminário no Rio de Janeiro, em 2 de fevereiro de 1945, em caráter experimental. Após um curso feito em Belo Horizonte, concluiu seus estudos no Seminário São José, só voltando à sua terra como sacerdote.

Em 29 de abril de 2010, recebeu o título de Cidadão Carioca em solenidade festiva realizada na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

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