Quem passou na tarde da última quinta-feira, 5, pela Praça Getúlio Vargas ou pela calçada em frente à Casa da Cultura (antigo Fórum) com certeza percebeu que algo diferente e até mesmo inusitado estava acontecendo. No coreto da praça, declamações de poesias e trovas, música e encontro de poetas e artistas para um bate-papo cultural. Na escadaria da Casa da Cultura, apresentações de balé, dança de salão, circo e música com alunos da Oficina Escola de Artes de Nova Friburgo e escolas de dança da cidade.
Já no saguão da Casa da Cultura houve exposições de desenhos e pinturas também dos alunos do curso de desenho da Oficina Escola. No segundo piso do Friburgo Shopping, exposição de artesanato de artistas locais e nos bancos da praça ‘esquecimento’ de livros de literatura para estimular a população a criar o hábito da leitura e orientação através de bilhetes para, após ler, esquecê-los novamente, de modo que outra pessoa pudesse ter o prazer de viajar e se enriquecer com a leitura. “Amei essa ideia”, disse a estudante Andrezza Schuenck, do Colégio Estadual Jamil El-Jaick, que começou a ler um livro de poemas ali mesmo.
A programação simultânea, diversificada e para todos os gostos serviu para chamar a atenção da população para o Dia Nacional da Cultura, comemorado dia 5 e, infelizmente, ainda desconhecido por muitos. E também para mostrar a quem vive aqui ou visita a cidade que Nova Friburgo tem – e muita – cultura com artistas anônimos e muitos jovens que se dividem entre as atividades escolares e a arte. De acordo com o secretário municipal de Cultura, Roosevelt Concy, que acompanhou todas as atividades especiais da última quinta-feira, a proposta da programação, denominada Virada Cultural, foi exatamente despertar a curiosidade de quem passou pela rua no momento de realização das atividades. São as chamadas intervenções culturais.
Roosevelt se surpreendeu com a resposta positiva do público, que quebrou um pouco da rotina estressante do dia a dia e, entre uma atividade e outra nas ruas, parou, nem que por apenas alguns minutos, para observar e prestigiar as atrações culturais. “Veja que interessante: além das pessoas que pararam na calçada para assistir a algumas apresentações num tablado erguido na escadaria da Casa da Cultura, muitas outras ocuparam as alamedas da Praça Getúlio Vargas para acompanhar os estudantes da Oficina Escola de Artes, que despertaram a curiosidade de crianças, jovens, profissionais liberais, donas de casas e até executivos. Esse é objetivo da intervenção cultural. Chamar a atenção e promover a interação instintiva do público que, sem perceber, prestigia nossos talentos”, observou o secretário, que pretende promover novas intervenções culturais nas ruas daqui para frente, pelo menos uma vez por mês.
Roosevelt Concy, inclusive, lembrou que a ideia de promover intervenções culturais teve início mês passado, durante o Encontro Suíço Brasileiro, quando, num domingo, artistas profissionais e amadores, músicos, grupos folclóricos e estudantes mostraram aos coirmãos europeus o que Nova Friburgo tem de melhor culturalmente. Simultaneamente as atrações tomaram conta das praças Getúlio Vargas e Dermeval Barbosa Moreira, num mix de atividades que chamou a atenção do público e, o melhor, agradou em cheio.
Público aprova as intervenções culturais
A aposentada Francisca Honorata de Alencar e Silva, 68 anos, reside na localidade de Dona Mariana, zona rural de Sumidouro, e veio a Nova Friburgo na quinta-feira para uma consulta médica. Ao sair da clínica, se deparou com a apresentação de dança de salão dos alunos da professora da Oficina Escola de Artes, Lisiane Victer, e parou para prestigiar. “Pensei que tinha alguém passando mal, devido a tanta gente reunida na calçada, mas ouvi o som de uma música e como gosto de dançar fui ver o que era”, disse a senhora, que hesitou ao ser convidada, em seguida, pela professora para participar de uma aula pública com os alunos da Oficina Escola. “Fiquei com vergonha”, confessou Francisca.
O vendedor Elias Barreto, 29 anos, também deu uma paradinha no serviço na tarde de quinta-feira para prestigiar as apresentações de balé e dança no tablado montado na escadaria da Casa da Cultura. “Eu nem sabia que hoje era o dia da cultura! Não tenho jeito para dançar, mas gosto muito de ver apresentações de dança. Achei essa ideia diferente: pegar o público de surpresa na praça com atividades culturais”, disse ele, aplaudindo a apresentação da companhia de dança do bailarino, ex-aluno e atual professor da Oficina Escola de Artes, Cosme Silva.
A dona de casa Arlete Borges da Silveira, 56 anos, também aprovou a intervenção cultural. “Estava passando apressada e fui surpreendida por apresentações de crianças. Isso sim é uma surpresa boa. Semana passada meu filho estava passando pela praça à noite em direção à rodoviária e ficou sem o relógio de pulso. É muito melhor deparar-se com arte do que com um ladrão”, disse a mulher que encantou-se com as demonstrações de arte circense dos alunos do professor Carlos, da Oficina Escola de Artes e dos alunos da escola de dança Studio 3, das professoras e coreógrafas Michele e Iane Rocha.
Neste domingo tem mais Virada Cultural na praça
Quem for passear no centro da cidade neste domingo, 8, poderá prestigiar novas intervenções culturais promovidas pela Secretaria Municipal de Cultura. A partir das 11h, a Banda Municipal promoverá uma fanfarra junto ao coreto animando o público. Já a partir das 13h começarão as intervenções em qualquer lugar da praça com artistas e todos aqueles que quiserem mostrar o que fazem de melhor, além de demonstrações de dança do ventre, do-in e massagem.
No coreto acontecerão também, a partir das 13h, apresentações de hip-hop com alunos dos Pontos de Cultura da Secretaria de Cultura, sapateado, jazz e às 17h apresentação especial da banda sinfônica Campesina Friburguense, em mais uma edição do projeto Banda na Praça.
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