As novelas sempre foram um assunto polêmico dentro da mídia. Dentro do mercado interativo, seu potencial de alcance e impacto na sociedade é assustador. Por isso, há uma preocupação frequente entre os intelectuais e críticos da televisão brasileira: falta criatividade nas novelas? Você acha que são sempre as mesmas histórias e que o segmento precisa passar por uma inovação? Bom, se você acha isso, está enganado. As novelas brasileiras estão em alta e permanecerão ainda durante um tempo que não pode ser previsto, tudo isso devido à fórmula perfeita pela qual estão sendo produzidas e sempre foram planejadas. E isso envolve, mais do que você imagina, a criatividade. Para que as novelas brasileiras fossem mantidas todo esse tempo em plena expansão no mercado, necessariamente tiveram que amadurecer e evoluir com as pessoas. Elas também tiveram que acompanhar o desenvolvimento econômico e tecnológico, sem que isso determinasse a exclusão de outras camadas sociais. Continuar se mantendo dentro da casa dos telespectadores pobres e ricos produzindo transferência e identidade não é tarefa fácil, por isso, nossas novelas agora são exportadas, compradas e assistidas em diferentes partes do mundo como Grécia, Itália, Cuba, Estados Unidos, Austrália, Índia e outros pontos do globo. A qualidade e capacidade de percepção social dos autores para autoria das obras estão em destaque no cenário dramaturgo também e merecem respeito pela ousadia. Cada vez mais os temas polêmicos que circulam na mídia estão sendo pautados nas novelas e, muitas vezes, entram em debate na sociedade através da contestação social dos autores. A Favorita, por exemplo, não foi um sucesso por acaso. Quem não lembra que em plena crise do Congresso levantou o debate ético dentro da política nacional, e defendeu os direitos femininos e homossexuais no horário nobre em meio a uma sociedade ainda machista e conservadora. Quem não lembra em Caminho das índias como foi abordado os costumes e tradições sobre uma perspectiva de globalização. Glória Perez, diga-se de passagem, sempre levantou temas modernos e inovadores dentro da televisão, carregados de embasamento sócio-responsáveis e campanhas em prol da sociedade. Você já parou para pensar em quantos dogmas estariam perseverando na sociedade brasileira se não fosse a criatividade das novelas? Por incrível que pareça, as novelas estão fazendo o seu papel, sim! Para concluir, as obras são planejadas e produzidas sempre com foco no cliente, o telespectador. Isso envolve pesquisa de opinião e muito planejamento. O Ibope comprova que, mesmo com o controle remoto, novos meios de comunicação como a internet e mais opções de canais, nada consegue desvirtuar a atenção do telespectador de um último capítulo. Provavelmente, ao ler agora o versinho “Que beijinho doce, que você tem...(a música cantada por Patrícia Pillar como Flora, em A Favorita)”, ele ainda ficará martelando um tempinho na sua cabeça, e isso não é ganho por chatice não, é sim, criatividade! Talvez as novelas pudessem ser mais criativas sim, mas para que isso seja possível é necessário mudar antes o mais difícil e o que não depende dos novelistas e da televisão para servirem de inspiração, a criatividade do telespectador.
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