A chuva, o apagão e a internet

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
por Jornal A Voz da Serra

(*) Osvaldo Lucho

O período de chuvas no país chegou cedo e forte. Muitos estados têm sido afetados em demasia, provocando prejuízos em centenas de municípios por todo o Brasil, com destaque para a região Sul, embora o Sudeste também já esteja sendo bastante prejudicado. Consequência do fenômeno El Niño, que aumenta o volume de chuvas e já é conhecido dos brasileiros, as altas temperaturas elevam o consumo de energia através de aparelhos como ventiladores e ar-condicionados. Juntando tudo isso e mais os mistérios da tecnologia, vivenciamos, recentemente, apagões em vários estados e, com mais frequência, nos municípios, como é o caso de Nova Friburgo, onde chuva forte é o prenúncio da falta de energia elétrica. Acostumados, embora não menos preocupados, os friburguenses sabem que época de chuvas no final do ano é para alarmar e se precaver de possíveis enchentes e deslizamentos.

Mas os apagões trazem outros tipos de transtornos, como o dano a equipamentos domésticos. E com a expansão da Internet, as chuvas e os apagões passaram a trazer mais uma possibilidade de transtorno: o prejuízo com computadores. Embora as concessionárias sejam, por lei, responsáveis pelos danos causados por problemas no fornecimento de energia, ninguém quer ter este tipo de aborrecimento. E apesar dos conselhos para desligar aparelhos das tomadas ou desligar disjuntores quando não houver energia para evitar a queima de equipamentos, nem sempre isso é possível. O ideal é que nada isso fosse necessário, mas o país, de maneira geral, parece estar longe desse tipo de tranquilidade.

Mas os dependentes da Internet, seja por questões profissionais ou pessoais, se desesperam com mais frequência, pois embora a tecnologia avance a cada dia, para os clientes de varejo, que têm um tratamento diferente dos clientes empresarias ou corporativos, que pagam mais caro, ainda é comum ficar sem conexão, excluindo-se os casos em que a cidade toda fica sem luz.

Entretanto, um esclarecimento se faz necessário, pois embora a contratação dos serviços possa ser integral, com conexão 24h por dia, existem momentos em que não será possível navegar, checar e-mails ou baixar arquivos. Para simplificar, imagine que a conexão de Internet seja um veículo. Dependendo do preço pago, será um Fusca ou uma Ferrari. Mas qualquer um deles pode ter um pneu furado. É mais ou menos assim que funciona a conexão de Internet, o Fusca seria a conexão com velocidade menor, contratada pela maioria dos clientes de varejo. A Ferrari seria a conexão dos clientes empresarias e corporativos, que pagam por um resgate imediato para que o ‘pneu’ seja trocado na mesma velocidade de um pit stop de Fórmula 1. O que muitas vezes acontece é que o cliente adquire uma conexão de varejo, mas a utiliza profissionalmente. Pequenas empresas, profissionais liberais, autônomos, escolhem sua conexão pelo preço, mais baixo no varejo, mas querem um suporte de cliente vip.

Essa relação de custo/benefício é que precisa ser esclarecida. Se você quer um serviço com garantias maiores e melhores, vai ter que pagar por isso. Um cliente corporativo, por exemplo, paga para ter uma disponibilidade anual de conexão de 99,5%, o que dá uma margem de 3h30 ao mês sem conexão ou com falhas nessa conexão. Ele paga também para ter garantia de 100% da banda contratada. Além de um suporte que o socorrerá em caso de problemas em menos tempo que um cliente de varejo.

Um exemplo concreto pode ser verificado junto à empresa Gigalink, que possui, para os clientes de varejo, uma média geral de 99% de disponibilidade de conexão (percentual auditado e que estará disponível em breve na Internet). A diferença de 0,5% para o cliente corporativo representa um investimento enorme, pois o cliente que utiliza a Internet profissionalmente, e paga por isso, exige todo um sistema de reserva preparado para um eventual problema na conexão. Isso permite que o suporte para os clientes empresariais ou corporativos seja mais rápido. Embora a legislação exija que os clientes tenham sempre um mínimo de 20% da velocidade contratada, os clientes de varejo da Gigalink recebem, na maior parte do tempo, a real velocidade que escolheram na hora de contratar o serviço de conexão. Já o suporte, que para os clientes empresariais ou corporativos têm um prazo máximo de 8h para atendimento, para os de varejo, essa prazo aumenta para 24h.

Além disso, os equipamentos utilizados domesticamente não costumam ter a mesma qualidade que os de empresas, normalmente não têm sequer um estabilizador de energia, quanto mais um no break (aparelho que funciona como um gerador quando há falta de energia, permitindo que o usuário possa salvar seus arquivos e só então desligar o computador enquanto aguarda o restabelecimento do fornecimento de luz, funcionando também como estabilizador para proteger o computador). Na maioria das casas, acontece outro problema, a falta de aterramento, o que deixa os computadores mais vulneráveis em casos de interrupção do fornecimento de energia elétrica, raios ou queda de cabos de alta tensão nas proximidades. Nos prédios, esse risco é menor, pois a maioria já possui sistema de aterramento.

O ideal, além de ter certeza de que a casa ou prédio tem um aterramento bem feito, é fazer um seguro de danos elétricos para qualquer eventualidade desse tipo, e avaliar qual a necessidade que o usuário tem de uso da Internet para definir se o plano escolhido é o mais adequado. O fornecimento de energia elétrica ou a falta dele, a incidência de raios ou a queda de cabos de alta tensão não dependem em nada do cliente, mas escolher um plano de conexão que atenda às necessidades do usuário, isto sim, é de competência de cada um.

(*) Engenheiro Eletricista

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
TAGS:
Publicidade