Elas só florescem uma vez ao ano e a floração dura cerca de sete dias. Suas folhas desaparecem com a chegada do outono. Os galhos nus enfrentam o inverno para desabrochar em flor na estação seguinte, entre março e abril.
Estamos falando da Sakurá, mais conhecida como cerejeira, a flor nacional do Japão, símbolo de felicidade: é na época de sua floração que as crianças iniciam o ano escolar, que os recém-formados saem em busca de trabalho; além disso, o chá de pétalas de sakurá é utilizado em rituais como casamentos e ocasiões festivas.
No Brasil, poucas variedades de cerejeira puderam se desenvolver devido às variações climáticas; no entanto, a partir dos anos 80, após várias tentativas algumas espécies conseguiram se adaptar ao nosso clima, as mudas passaram a ser vendidas e seu plantio se espalhou por diversos estados. A variedade de sakurá que mais se adaptou foi a “okinawa sakurá” (cerejeira de Okinawa, ilha que tem as mesmas características climáticas do Brasil). Em muitas cidades e núcleos nipo-brasileiros, foram plantadas grandes quantidades desta arvore e na época da sua floração, no período que vai de julho a setembro, temos um visual de encher os olhos. Em geral, nesses locais têm sido organizados festivais japoneses.
Em Nova Friburgo, a presença japonesa é marcada pela chegada do engenheiro agrônomo Tohoro Kassuga, nascido em 1892, na cidade de Shiga-Ken, hoje Kusatsu . Em 1908 ele imigrou para o Brasil, onde desembarcou no porto de Santos. Não fixou residência no estado de São Paulo, reduto dos japoneses na época, pois seguiu viagem até o Rio de Janeiro, onde se radicou na área rural de Friburgo. Foi ali que se dedicou ao plantio do caqui, fruta até então desconhecida na região e, provavelmente, é com ele também que começa a história da cerejeira, no município. Aos poucos o número de mudas se multiplicou a ponto de ser considerada hoje, a árvore símbolo da cidade.
No dia 6 de julho, foi realizada uma festa, na colônia japonesa que fica na estrada de Salinas, denominada hanami (ver as flores). Assim como no Japão, essa festa é realizada ao ar livre, em baixo das árvores, justamente na época em que todas estão floridas; são servidas comidas típicas, tem-se a apresentação de danças folclóricas e é mostrada um pouco da arte manual japonesa. Chama a atenção também, uma arvore onde as pessoas colocam pedaços de papel coloridos em seus galhos, amarrados com barbante e que contêm pedidos os mais variados. Poderia ser chamada a árvore dos desejos.
É nessa época que Nova Friburgo mostra toda sua beleza natural. As cerejeiras florescem no inverno e em todos os bairros encontramos hanamis mostrando a exuberância de sua floração. É a compensação visual para o frio que castiga e obriga a tirar os casacos do armário.
Com o início do Festival de Inverno, no dia 16 de julho, você terá a oportunidade de conhecer uma das mais bonitas cerejeiras de Friburgo, pois ela está situada nos jardins do Country Clube, onde teremos várias apresentações do festival, que finalmente volta às suas origens.
Max Wolosker Neto, jornalista e médico
Email: woloskerm@gigalink.com.br
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