A  campanha da fraternidade é de todos e para todos

sexta-feira, 25 de março de 2011
por Jornal A Voz da Serra

Domingo, houve a abertura solene em nossa cidade da Campanha da Fraternidade 2011, cujo tema é: A Vida no Planeta e o lema é: A Criação Geme em Dores de Parto. A campanha foi aberta oficialmente pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil com mensagem do Papa Bento XVI na Quarta-feira de Cinzas. Quisemos, na oportunidade, lembrar que a palavra ECOLOGIA (oecologie) nasceu da combinação das palavras gregas oikos (casa) e logos (estudo). Significa literalmente “estudo da casa”. Ernest Haeckel (1834-1919), naturalista alemão, cunhou esta expressão para designar uma nova ciência que procurou investigar as relações entre todos os seres vivos existentes e destes com o meio que os cercam. Já a  expressão ECOSSISTEMAS — relação de interdependência entre todos os seres da Natureza — só viria a aparecer no século seguinte. Ciência e segmentos religiosos, cada qual com suas ferramentas de observação, sustentam e emprestam sentido à vida. A percepção de uma realidade sistêmica em um Universo no qual a figura de Deus está presente é traço comum em todas as doutrinas ou tradições religiosas. Fritjof Capra afirma que “...a percepção da ecologia profunda (...) é entendida como o modo de consciência no qual o indivíduo tem a percepção de pertinência, de conexidade com o Cosmos, tornando-se claro que a ecologia é espiritual na sua essência mais profunda”. Leonardo Boff chama de “universo autoconsciente e espiritual“ o ambiente onde todos estamos intrinsecamente em relação. Francisco de Assis conversava com borboletas e pássaros há 800 anos e deixou eternizado o Cântico das Criaturas. Pesquisas genéticas recentes confirmam pelos exames de DNA que temos 300 mil genes e nossa diferença para os ratos é de 300  genes apenas. Em relação aos vermes são apenas 10 mil genes. A nossa relação de parentesco é bem próxima! Somos feitos rigorosamente dos mesmos elementos que constituem o planeta. A palavra homem, de onde vem Humanidade, tem origem no latim HÚMUS. A palavra Adão, que aparece simbolicamente no Velho Testamento como primeira criatura humana, significa Terra Fértil em hebraico! Essa mesma terra que dá nome ao planeta e à nossa espécie, se revela no nosso exame de sangue quando descobrimos que em nossas veias transportamos minérios do solo como ferro, zinco, cálcio, selênio, fósforo, manganês, potássio, magnésio e outros elementos fundamentais à nossa vida, saúde e bem estar; e estão presentes em boa parte do que ingerimos. O mesmo ocorre com relação à água. As primeiras estruturas microscópicas de vida aparecem nas águas quentes e salgadas dos mares primitivos. A bolsa d’água no útero materno nos envolve na gestação. O soro fisiológico salva vidas. A proporção de água no planeta é de 70% — a mesma que compõe o nosso corpo físico. Precisamos ingerir 2,5 litros de água por dia para o bom funcionamento do metabolismo, irrigando glândulas, órgãos, tecidos e células, além do sangue. Também precisamos de água no ar que respiramos. A respiração profunda de ar puro regula o batimento cardíaco, harmoniza os centros de força (chacras) que distribuem a energia vital, clareia o raciocínio, oxigena os pulmões, acalma as emoções. Então: “O meio ambiente começa no meio da gente“ (Tetê Catalão — poeta e ambientalista brasiliense). O fluído cósmico universal, matéria-prima de tudo que existe, assume diferentes formas e expressões na exuberante rede de sistemas que se desdobram pelo universo, segundo Allan Kardec no 1º capítulo do Livro dos Espíritos. A ONU decretou que 2003 seria o Ano Internacional da Água Doce e, pela primeira vez em 40 anos, a Campanha da Fraternidade elege um tema ecológico: “Água: Fonte da Vida“. Dez mil paróquias em todo o Brasil foram estimuladas a refletir sobre o desperdício, a poluição e o aspecto sagrado desse recurso fundamental à Vida. Em 2007, a Campanha da Fraternidade lança “Amazônia e Fraternidade; vida e missão no chão“, debatendo a vida de mais de 23 milhões de brasileiros que vivem da terra. Pensadores católicos como Leonardo Boff, Frei Beto, padre Marcelo Barros, padre Josafá Carlos de Siqueira, entre outros, contribuem com livros e artigos inspirados em assuntos ecológicos para reflexão. Ontem, por defender a Teologia da Libertação, Leonardo Boff foi obrigado a respeitar um silêncio obsequioso por 8 anos imposto pelo Vaticano, tendo que submeter-se também a um interrogatório promovido por aquele que respondia pela Congregação para Doutrina da Fé, o cardeal alemão Joseph Ratzinger. Hoje, o mesmo Cardeal, defende, fala, mobiliza escreve e luta pelos mesmos ideais ambientais e suas soluções: Bento XVI.  Dom Dimas, presidente da CNBB, nos fala em Pecados Sociais: a exploração do outro, o escravismo. Na semana passada, trabalhadores se rebelaram devido à exploração a que estão submetidos na construção da hidroelétrica de Jirau, a 130 quilômetros de Porto Velho, capital de Rondônia. A construtora Camargo Correa não ajusta o valor da cesta básica, não paga horas extras e seus encarregados agem com truculência com os operários que ainda pegam malária e trabalham horas seguidas. Monte Belo recebe milhares de trabalhadores sem condições de assentamento. Estes são alguns dos Pecados Sociais que Dom Dimas fala. Já em março de 2008, Bento XVI acrescentou a poluição ambiental, a manipulação genética, o uso de drogas e a desigualdade social à lista dos pecados capitais da Igreja Católica. No Budismo, o Dalai Lama assina inúmeros textos no seu site sobre o meio ambiente. O Rabino Nilton Bonder explica o sentido do Shabat, que além do descanso, é fundamental uma reflexão  sobre a saúde de tudo que é vivo: por um mundo no qual 24 horas é pouco, o meio ambiente e a Terra imploram por uma folga onde nós mesmos não suportamos mais a falta de tempo... E descansar se torna uma necessidade do planeta. Para as religiões de matrizes africanas, a natureza é sagrada. O ex-Ministro da Cultura Gilberto Gil diz que a Natureza é uma espécie de teatro para a manifestação do Sagrado, e a Divindade se manifesta pelas pedras, árvores, rios, grutas, lagos, mares. É um espaço para as potências e energias superiores. Todas as suas práticas rituais e litúrgicas dependem dos animais e das ervas. “Sem folha, não há orixá“. O Brasil tem o maior estoque de água doce superficial (Bacia do Amazonas) e subterrânea (O Aquífero  Guarani —  e nós somos co-responsáveis por sua conservação). Se grandes flagelos são da própria natureza, inúmeros outros são provocados pelos Homens. Cabe-nos cuidar, prevenir e encontrar soluções após os desastres. Esta a razão do título deste artigo. Cada um é responsável por todos e todos são responsáveis por cada um. Tão importante como cuidar do planeta para os nossos filhos e netos é cuidar dos nossos filhos e netos para o planeta. Lembro aos colegas professores que divulguem junto aos seus alunos o discurso do Cacique Seattle. 

Gilson Rangel é formado em História pela UFF, em Direito com pós-graduação em Direito Civil também pela UFF, em Pedagogia pela FFSD, especializado em Orientação Educacional e foi Professor da rede pública Estadual, do Município do Rio de Janeiro e da FGV ( CNF ) . Referências : TRIGUEIRO,André. Espiritismo e Ecologia.2a. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2010. ----- KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos.31 ed.Rio de Janeiro: FEB.----CAPRA, Fritjof. A TEIA DA VIDA.9a. ed. São Paulo. Cultrix, 1996 ----http://www.arquidiocese-sp.org.br/ecologia/pastoral_da_ecologia.htm---- Carta do Cacique Seatle, procurar no Google

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