A bicicleta

José Saramago, o grande escritor português, uma vez afirmou que “nossa maior tragédia é não saber o que fazer com a vida”.
sexta-feira, 16 de novembro de 2012
por Jornal A Voz da Serra
A bicicleta
A bicicleta

Carlos Emerson Junior

José Saramago, o grande escritor português, uma vez afirmou que “nossa maior tragédia é não saber o que fazer com a vida”.  Que ela não é fácil isso não se discute, mas a maneira como a vivemos, as expectativas que criamos, decepções com sonhos não realizados, os amores não correspondidos e a inexorável jornada para a morte são mais do que suficientes para gerar frustrações e ressentimentos.
Durante nossa breve existência temos que conviver com a disputa pelo poder, o consumismo desenfreado, preconceitos, o ódio e o mais importante, nossa própria ignorância! É claro que somos recompensados com amores, amizades, esperança e curiosidade, mas a grande dificuldade sempre foi e será o que fazer com a vida que recebemos.
Um pequeno conto mostra que aprendemos sempre, mesmo quando estamos fazendo algo banal,  como andar de bicicleta. Não sei quem é o autor do texto, mas gosto de imaginar um monge, talvez em uma cidade esquecida no interior da Índia, conversando com seus discípulos. E, o mais sábio, é que não nem é preciso ser um asceta para olhar o mundo com outros olhos. 
Basta tentar.  

*****

“Um mestre Zen viu cinco dos seus pequenos discípulos voltando das compras, pedalando suas bicicletas. Quando eles chegaram ao monastério e largaram suas bicicletas, o mestre perguntou aos estudantes:
— Por que vocês andam com suas bicicletas?
O primeiro discípulo disse:
— A bicicleta carrega, para mim, os sacos de batata. Estou feliz por não ter de carregá-los em minhas costas!
O mestre elogiou o primeiro aluno:
— Você é um rapaz muito inteligente! Quando você crescer você não andará curvo como eu ando.
O segundo discípulo disse:
— Eu adoro ver as árvores e os campos por onde passo!
O mestre elogiou o segundo discípulo:
— Seus olhos estão abertos e você enxergará o mundo.
O terceiro discípulo disse:
— Quando eu pedalo minha bicicleta eu fico feliz e cheio de energia.
O mestre louvou o terceiro estudante:
— Sua mente se expandirá com a suavidade de uma roda novamente centrada.
O quarto discípulo falou:
— Pedalando minha bicicleta eu vivo em harmonia com todos os seres sencientes.
O mestre ficou feliz e disse ao quarto estudante:
— Você pedala no caminho dourado da bondade.
O quinto aluno disse:
— Eu pedalo minha bicicleta por pedalar.
O mestre sentou-se aos pés do quinto estudante e disse:
— Sou seu discípulo.”
carlosemersonjr@gmail.com

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