Eloir Perdigão
O secretário estadual de Defesa Civil, coronel bombeiro Sérgio Simões, esteve em Nova Friburgo na segunda-feira, 5, quando se reuniu com o Ministério Público esclarecendo pontos do Programa de Proteção de Comunidades contra Desastres Naturais no Estado do Rio de Janeiro e a implantação em Nova Friburgo do Sistema de Alerta e Alarme por meio de Sirenes. Sérgio Simões estava acompanhado de outros oficiais bombeiros e do subsecretário de Reconstrução da Região da Região Serrana, Affonso Monnerat. Participaram da reunião os promotores das 1ª e 2ª Promotorias de Justiça de Tutela Coletiva de Nova Friburgo, Carlos Gustavo Coelho de Andrade e Luciana Soares Rodrigues, da Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Cordeiro, Carolina Maria Gurgel Senra, da Promotoria de Justiça da Infância e da Juventude de Nova Friburgo, Renata Aline de Castro Leal, e da Promotoria de Justiça Cível e Coordenador Regional do Craai Nova Friburgo, Hédel Nara Ramos Jr.
Falando à reportagem de A VOZ DA SERRA, o secretário expôs que o mais importante naquela reunião era a demonstração do governo estadual de integrar um planejamento único de gestão de riscos para situações de chuvas fortes. Desta integração fazem parte órgãos do Estado, como Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Departamento de Recursos Minerais (DRM), entre outros, e a Defesa Civil do município. Entre as várias ações que o Estado tem desenvolvido está a identificação das áreas de risco geológico (prioridade por ser a que mata o maior número de pessoas), ações desenvolvidas de reassentamento de famílias e obras de contenção.
Simões salienta que essas ações não atenderão a todas as famílias que vivem em áreas de risco num curto período. A solução, então, é que essas pessoas saibam que vivem em áreas de risco, a chamada percepção de risco, risco sério que pode levar essas pessoas à morte.
O assessor especial da Sedec e o coordenador da Defesa de Nova Friburgo, coronel Roberto Robadey Júnior e tenente-coronel João Paulo Mori, respectivamente, fizeram exposição dos trabalhos em curso no sentido da implantação do sistema de alerta por sirenes e mensagens de SMS via telefonia celular, bem como das outras alternativas em estudo para mobilização da população residente em área declarada como de risco iminente nos laudos elaborados pelo grupo de trabalho composto pelo DRM, CPRM, Uerj, UFRJ, Coppe, Puc-Rio, Inea e MPRJ. O comandante do 6º GBM – Nova Friburgo, coronel Palência, apresentou os resultados do uso do produto Capsoil como impermeabilizante de taludes.
Todos os presentes foram unânimes em apontar como prioridade de atuação dos seus órgãos a ampliação e universalização do sistema de alerta de risco a todos os cidadãos residentes nas áreas mapeadas como de risco iminente, de modo que nenhum morador desconheça o risco de que sua residência seja atingida por desmoronamentos, desabamentos ou por qualquer outra ação da natureza em decorrência das chuvas.
O SISTEMA DE DEFESA CIVIL – Sérgio Simões falou do Sistema Nacional de Defesa Civil, pois o governo federal também integra essa ação, representado pelo estado e município, que trabalham na implantação do Sistema de Alerta e Alarme por Meio de Sirenes para o caso de chuvas fortes. Consiste na emissão de mensagens por SMS (via celular) para um grupo de pessoas que constituem o núcleo de defesa civil nas áreas de alto risco. São basicamente integrantes do Programa Saúde da Família, bombeiros e policiais militares que moram nessas comunidades e associações de moradores e seus segmentos organizados.
Simões explica que essas pessoas receberão do Estado um telefone celular por meio do qual receberão, num primeiro momento, um alerta, uma informação privilegiada com previsão de chuva para aquele dia ou noite e, a partir daí, se estabelece um canal de comunicação, pois esse telefone vai possibilitar que comunidade e governo comecem a trocar informações, que essas pessoas sejam agentes multiplicadores do alerta na comunidade.
As pessoas já estão sendo capacitadas por esse sistema de defesa civil integrado por Estado e município. Há uma grande parceria com a Cruz Vermelha e o trabalho está sendo feito através de duas vertentes: a Cruz Vermelha ensina os primeiros socorros e a Defesa Civil ensina um protocolo de ações para essa situação, a partir do alerta ou quando soa a sirene de alarme.
O sistema de alarme está vinculado ao radar meteorológico, que dá a previsão com um mínimo de antecedência, de acordo com a chuva, forte ou menos forte. Se o radar meteorológico indica a chegada da chuva, no primeiro momento é dado o alerta; se a chuva chega e se confirma que ela vem com determinada intensidade, junto com esse alarme é feita leitura digital no pluviômetro, a ser instalado junto com a sirene. É estimado que uma chuva num espaço de tempo de uma hora, com intensidade de 30mm a 40mm, indica a necessidade de soar o alarme. Esse sinal de alarme anuncia para a comunidade que ela deve sair de casa para local seguro, que pode ser uma outra casa, fora da área de risco, um ponto de apoio que a prefeitura está identificando para orientar as pessoas, que é para onde elas devem se dirigir naquele momento.
30 DE NOVEMBRO – A previsão de Sérgio Simões é que até o dia 30 de novembro a Defesa Civil tenha cumprido a instalação desse sistema de alarme nas áreas de risco de Nova Friburgo. À medida que esse sistema seja instalado, imediatamente começa um treinamento de desocupação da comunidade, na opinião de Simões, a parte mais importante. “É, efetivamente, a comunidade se conscientizar que o alarme significa que há um risco—e tomara que não se configure. É importante a comunidade saber disso. Na maioria das vezes todos vão sair a não vai acontecer nada. Isso não significa que agiram errado, pelo contrário, esse é o melhor cenário”.
Sérgio Simões afirma que sem a participação da comunidade não há nenhuma chance de êxito, “porque o serviço público não consegue responder a tempo a todas as demandas”.
Em caso de ocorrência de chuva forte antes de 30 de novembro, Simões crê que, na medida em que a Defesa Civil avança na capacitação dos núcleos, as pessoas poderão ser mobilizadas para alertar as comunidades.
Além das medidas de prevenção destinadas a alertar a população, também foram discutidas as ações governamentais necessárias à contenção das encostas, ampliação da estrutura da Defesa Civil nos municípios de Nova Friburgo e de Bom Jardim, demolição de imóveis interditados, capacitação de moradores como voluntários para atuação em caso de calamidade e outros temas de relevância na prevenção de nova tragédia. Sérgio Simões comprometeu-se a reequipar o Grupamento de Bombeiro Militar de Bom Jardim, recebendo, das mãos da promotora de Justiça Carolina Senra, ofício neste sentido e, de imediato, determinou a entrega de um barco novo para aquela cidade, duramente atingida pela inundação das águas provenientes de Nova Friburgo.
“A reunião foi muito produtiva, sendo elaborada minuciosa ata do encontro pelo Dr. Carlos Gustavo, em que se detalharam as ações em curso e os planos de atuação para a temporada de chuvas que se aproxima”, afirmou o coordenador regional do Craai Nova Friburgo.
Defesa Civil continua com reuniões sobre Sistema de Alerta por Sirenes
(SECOM) A Subsecretaria de Defesa Civil de Nova Friburgo continua cumprindo o seu calendário de reuniões com moradores de áreas de risco do município. Iniciadas no dia 26 de agosto passado, até o momento já foram realizadas quatro reuniões, congregando moradores dos bairros Floresta e Três Irmãos, São Geraldo, Rui Sanglard e Solares. De acordo com o subsecretário de Defesa Civil, João Paulo Mori, o objetivo é instruir os moradores sobre o Sistema de Alerta/Alarme por Sirenes—para o caso de chuvas fortes—a ser instalado primeiramente em dez bairros, dos 25 selecionados.
Esses pontos estão sendo indicados pelos próprios moradores e analisados pelas equipes da Defesa Civil para confirmação ou não. Pode ser uma escola, igreja ou qualquer outro. Após as chuvas todos devem aguardar mensagem de desmobilização da Defesa Civil para que retornem às suas casas.
A assistente social Edna Peixoto, da Defesa Civil, diz que nessas reuniões os moradores de áreas de risco são orientados sobre como proceder após o toque das sirenes, para que prestem atenção nas mensagens, se encaminhem a um abrigo em local seguro, de forma ordeira e sem pânico. Nesse local seguro devem aguardar a mensagem de desmobilização da Defesa Civil para que retornem às suas casas.
CALENDÁRIO - As reuniões estão sendo agendadas através de contatos telefônicos com os representantes comunitários. As próximas seis estão assim definidas para o mês de setembro: dia 6, 17h30 - Lazareto, na creche; dia 9, 18h - Santa Bernadete, na igreja; dia 10, 18h – Vilage, na praça; dia 13, 18h – Califórnia, na igreja; dia 17, 10h – Jardinlândia, na escola; e dia 19 – Córrego Dantas, em local e horário a serem definidos.
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