Hoje, 19, o Brasil celebra sua bandeira, o lábaro que ostenta estrelado — estabelecida logo após a Proclamação da República, em 1889, substituindo o antigo modelo, que representava o Brasil Império. A mudança do símbolo pátrio foi consoante com a reestruturação política do país, que naquele momento passava de um regime de governo imperial para uma república federativa, exprimindo, assim, a ideia de um estado-nação, com o patriotismo que lhe é cabido, a valorização das riquezas, da identidade nacional.
A Proclamação da República foi um levante político-militar que visou destronar a família real portuguesa, então mandatária de todos os rumos da população brasileira. O imperador D. Pedro II não tinha filhos, somente filhas, ou seja, como o sistema monárquico depende de linhagens diretas, na ocasião de sua morte a função de administrar o Império seria automaticamente herdada por Princesa Isabel, sua filha mais velha – casada com o francês Gastão de Orléans, o Conde d’Eu, o que suscitava o receio, em parte da sociedade brasileira de que o país passasse a ser governado por um estrangeiro e, além disso, um homem tido como arrogante e ganancioso. Outro fator que corroborou com a Proclamação da República se deu anos antes, na Guerra do Paraguai, quando os negros escravizados lutaram junto com as tropas, mas retornaram ainda sem liberdade garantida, tendo sido mantidos na condição de escravos. O Brasil progressista e republicano não era pró-escravatura.
Os olhos do Brasil voltaram-se, na verdade, para uma perspectiva positivista, de progresso e desenvolvimento econômico, político e social. No mesmo dia 15 de novembro, quando a República foi proclamada, foi instituído um governo provisório republicano, formado pelo Marechal Deodoro da Fonseca, assumindo o cargo maior, o Marechal Floriano Peixoto como vice e Benjamin Constant, Quintino Bocaiúva, Ruy Barbosa, Campos Salles, Aristides Lobo, Demétrio Ribeiro e Eduardo Wandenkolk como ministros – curiosamente, todos membros regulares da maçonaria.
Nesse cenário nasce a bandeira auriverde, o pendão da esperança. Em seu desenho encontramos um retângulo verde que abriga um losango amarelo e um globo azul, este último ostentando a frase “Ordem e Progresso”. Em volta da faixa com este dizer, 27 estrelas representam cada um dos estados brasileiros — e mais o Distrito Federal. No entanto, para que uma bandeira seja considerada oficial, é preciso respeitar as cores e as proporções exigidas para a sua confecção.
Curiosidades
*O desenho da bandeira é do pintor Décio Villares e o projeto, de Raimundo Teixeira Mendes e Miguel Lemos, todos positivistas — tanto que adotaram a inscrição Ordem e Progresso claramente inspirados pelo lema político positivista do autor francês Auguste Comte, “L’amour pour príncipe et l’ordre pour base; lê progrès pour but” (O amor por princípio e a ordem por base; o progresso por fim).
*Apesar de se acreditar que o verde da bandeira representa as matas do Brasil e o amarelo, suas riquezas minerais, a explicação mais aceita é a de que o verde é a cor da família real portuguesa, a Casa de Bragança, enquanto o amarelo representaria os Habsburgos, a família da imperatriz Leopoldina, que era austríaca.
*O desenho das estrelas representa o céu do Rio de Janeiro, então capital do Império, naquele dia 15 de novembro de 1889.
*A bandeira que fica permanentemente hasteada na Praça dos Três Poderes, em Brasília, é a maior bandeira nacional do mundo: tem 286 metros quadrados. Já o mastro tem 100 metros de altura.
*Há uma bandeira desenhada no carpete do Plenário do Senado, logo abaixo da Mesa, obra do auxiliar de serviços-gerais Clodoaldo Silva, que fez o desenho pela primeira vez em 1998 para celebrar o nascimento do filho. Desenhada com auxílio de um aspirador de pó, a obra agradou aos senadores e desde então nunca mais deixou de ser feita, sendo retocada todas as semanas.
*Bandeiras rasgadas devem ser entregues à Polícia Militar para serem incineradas no Dia da Bandeira.
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