Muitas campanhas são feitas todos os dias em busca dos gestos de gentileza para com o outro. Sejam as campanhas pragmáticas, caridosas, como as que arrecadam brinquedos, roupas e alimentos em datas específicas, como natal e dia das crianças; sejam as campanhas de conscientização do homem enquanto um ser social — são diversos os motes: desde aquelas que pedem a paz no trânsito às que incentivam ofertas de café entre desconhecidos, ou aquelas campanhas em que as pessoas oferecem abraços, como a Give me a hug, ou que oferecem flores. Até mesmo campanhas de prevenção como a Outubro Rosa e Novembro Azul podem ser consideradas também como ações de gentileza, já que, na essência, você deixa de pensar em si mesmo por um momento para dedicar atenção ao outro.
Uma conhecida ação promove, desde 2011, encontros entre pessoas desconhecidas as quais tenham algo que não usem mais, que gostariam de dar para outra pessoa. É a Feira Grátis da Gratidão, movimento que começou no Rio de Janeiro e atualmente vem ganhando simpatia em outros estados, como São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Ceará, Maranhão e Goiás, crescendo cada vez mais pelo Brasil afora. A inspiração para a criação do movimento veio da Gratiferia, a ‘Feira Grátis’ que começou no Uruguai e também já chegou a demais cidades do mundo. Nela, cada pessoa pode levar o que quiser para compartilhar, de livros a artigos de decoração. Não há venda, não há troca. É pegar e levar.
O lema da Feira Grátis da Gratidão é “Somos todos abundantes”. A proposta é promover uma vivência sobre confiança, entrega, gratidão e amor: dar por se sentir abundante. Nessas feiras não há dinheiro, não há moeda: as ofertas, doações e gratidões são feitas em forma material e imaterial. A forma material pode ser com desapegos/doação de roupas, sapatos, livros, CD’s, vinis, enfim, objetos que estão em abundância para um indivíduo e que podem ser necessidade para um outro. É comum também haver a oferta imaterial: o compartilhamento de um conhecimento, ou o oferecimento de serviços, de afetos, de abraços. Até sorrisos. Até massagens. A Feira Grátis da Gratidão é feita exclusivamente através de colaboradores, pessoas que disponibilizam sua energia, de forma gratuita e amorosa, para que os encontros possam acontecer — e se multiplicar.
Em Nova Friburgo, quem organiza o evento, desde agosto de 2013, é Emílio Alonso, que afirma: “É doação. A palavra ‘troca’ dá a ideia de que as pessoas são obrigadas a levar algo e pegar algo. Mas não é bem assim. Você leva o que quiser e se quiser, pega o que quiser e se quiser. O valor máximo cobrado é um sorriso ou um abraço. A ideia da Feira Grátis é o desapego; levar o que não lhe serve mais, pegar o que você pode precisar. Tudo ou nada... fique à vontade”. Ele ressalta, ainda, que o convite para participar da feira é estendido a quaisquer profissionais que queiram participar ofertando um pouco do seu tempo de trabalho, tais como massoterapeutas, artistas, advogados para orientação jurídica, etc. A Feira Grátis da Gratidão de Nova Friburgo, depois de já ter tido programações na Praça do Suspiro e em Lumiar, acontece todo último sábado de cada mês, a partir das 10h30, no chafariz da Praça Getúlio Vargas.
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