Se Nova Friburgo – como todo o Brasil – já tinha um déficit de casas para atender à população, com a tragédia das chuvas de janeiro passado a necessidade aumentou vertiginosamente. Com apoio dos governos federal e estadual, as prefeituras das cidades atingidas têm a promessa da construção de oito mil casas populares, sendo mais de três mil somente em Nova Friburgo.
A reportagem de A VOZ DA SERRA foi às ruas para saber se esta não será mais uma promessas dos políticos que não será cumprida ou se as pessoas confiam nas autoridades e que as casas realmente serão construídas, beneficiando os desabrigados. Confira as respostas.
Eloir Perdigão
“Eu quero acreditar, mas está difícil. Porque em outros lugares aconteceram fatos semelhantes antes e as casas não foram feitas ainda. Só se Friburgo for tratada diferente. Até porque as pessoas estão precisando muito. Eu tenho que acreditar, como cidadã, mas é difícil”.
Ivete Maria da Silva, 60 anos, professora, Cordoeira
“Se for feito rápido assim, como estão prometendo, acho que vai cair tudo. As casas têm que ser bem feitas, em local seguro, para que o problema não se repita. Agora, se vão sair... Não acredito. Nem o aluguel social que prometeram saiu. O dinheiro que mandaram para ajudar a gente ninguém está vendo. Está todo mundo tendo que se virar”.
Paloma Cândida Gulart, 27, dona de casa, Vila Amélia (“Eu morava na Vilage, mas fiquei desabrigada”)
“Se pegarmos os últimos governos, lá se vão 20 anos, nada foi feito. Mas devido a esse alarme aí, promessas existem. Petrópolis, por exemplo, acabou de entregar 40 casas da enchente passada. Agora, oito mil casas em menos de um ano? Imagina. Seria muito bom se isso acontecesse, mas infelizmente a gente está tão desacreditado da política que eu não sei se realmente vão sair essas três mil casas, não. Tenho minhas dúvidas”.
Daniel Lopes, 30, técnico ambiental, Lumiar
“Eu espero que saia diante da necessidade e do sofrimento de quem perdeu tudo. É um compromisso com o povo. E também para que a gente não fique mal com quem disponibilizou esse dinheiro, com quem nos ajudou. Seria muito chato para Friburgo se essas casas não forem construídas, com tanta necessidade, com tanto sofrimento devido a essa coisa horrível que aconteceu, que ninguém sabe ainda explicar o que foi. Eu espero que essas casa saiam - porque o dinheiro está aí – e que as pessoas necessitadas possam ter uma vida digna, como merecem, como todo cidadão”.
Loisete Moraes, 68, professora aposentada, Centro
“Eu não acredito que saia. Tem tanta coisa que os políticos prometem e só ficam na promessa. Eu acho que vai ser mais uma promessa e o pessoal não vai ter sua casa para morar. Infelizmente”.
Neuzeli Macário da Costa, 26, agricultora, Barracão dos Mendes
“Essas casas são uma obrigação. Tenho certeza que vão ser construídas, sim. Eu acho é que algumas pessoas não vão aceitar a localização, se for na Fazenda da Laje, porque vai ficar bem contramão para elas, que eram de outros locais. Eu já soube disso. Mas são obrigatórias, muito importantes”.
Lenir Elisa Mesquita de Oliveira, 51, psicóloga, Parque Dom João VI
“Eu não acredito. Não faço fé no governo. Com certeza vai ser mais uma promessa. Ninguém vai ter nada. O pessoal vai ter que se virar, como sempre. Vai ser sempre assim”.
Robson Teixeira, 47, comerciário, Amparo
“Eu acredito que não. Se sair não chega à metade disso. Pode sair alguma coisa. Vai beneficiar alguns, mas outros vão ficar sem nada. O pessoal vai ter que batalhar mais uma vez e correr, outra vez, risco. Porque nossos governantes não pensam na sociedade como um todo. Pensam muito mais neles. Eles estando bem, a sociedade que se exploda. Alguns podem ser beneficiados e outros vão continuar em área de risco”.
Odair Soares, 40, cortador de moda íntima, Perissê
“Olha, eu acho que vai ter que haver uma pressão de toda a sociedade, principalmente aqui, de Nova Friburgo, para poder buscar uma solução mais rápida possível para resolver toda essa situação. Eu acredito que sim, mas num conjunto de toda a população da cidade e as autoridades competentes. Tem que haver pressão de toda a sociedade para que isto venha realmente acontecer. Nós não podemos deixar as coisas esfriarem. Temos que estar, todo dia, buscando e renovando a esperança dessa gente que ficou desabrigada. A necessidade é muito grande. Porque foi a maior tragédia do Brasil em todos os tempos”.
Ana Paula Silva, 23, professora, trabalhando na área jurídica, Catarcione
“Eu estou esperançosa. Eu espero que realmente saiam essas casas, até porque existe uma cobrança do Ministério Público. Existe muita cobrança nesse sentido que alguma coisa, de fato, agora precisa acontecer. Que esse dinheiro que está vindo do governo federal - que a gente sabe que são em torno de 20 milhões de reais - seja revertido em favor desse pessoal que está precisando”.
Andréa Amador Storck Silva, 40, pedagoga, Cônego
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