O QUE VOCÊ FAZ POR NOVA FRIBURGO? - Ambulatório da Catedral São João Batista é exemplo de iniciativa em benefício daqueles que mais precisam

quarta-feira, 17 de julho de 2013
por Jornal A Voz da Serra
  O QUE VOCÊ FAZ POR NOVA FRIBURGO? - Ambulatório da Catedral São João Batista é exemplo  de iniciativa em benefício daqueles que mais precisam
O QUE VOCÊ FAZ POR NOVA FRIBURGO? - Ambulatório da Catedral São João Batista é exemplo de iniciativa em benefício daqueles que mais precisam

Márcio Madeira

O movimento de pessoas é contínuo. De segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, há sempre um pequeno grupo aguardando atendimento médico ou a distribuição de remédios. Tudo é limpo e organizado, e alguém que não conheça a história do ambulatório da Catedral São João Batista terá dificuldades para acreditar que todos ali são voluntários, todos os remédios e equipamentos foram doados, e que nada disso existia nesses moldes há um ano.

"A Catedral sempre teve uma pequena farmácia, mas não era como hoje”, explica a voluntária Vanda Izabel da Silva Costa. "Ela era muito menor e funcionava próxima à secretaria. Foi o padre Marcos Vinícius quem teve a ideia de promover o ambulatório e ampliar o atendimento da farmácia. Todos os remédios que temos aqui são fruto de doação. Vários médicos nos cedem as amostras grátis que recebem, e também pessoas da comunidade fazem diversas colaborações. Nós pedimos, inclusive, que as pessoas não deixem seus remédios sem uso passarem da validade, porque nós precisamos muito deles por aqui. Para manter a farmácia nós fazemos bazar, rifa, pastel, fotocópia... Fazemos o possível para arrecadar o dinheiro que nos permite comprar material de apoio, para que o ambulatório possa funcionar decentemente. Coisas como papel higiênico, material de limpeza, lençóis descartáveis ou café. Remédios é que nós não temos condições de comprar, porque são muito caros. E sempre precisamos de muitos aqui”, concluiu.

Entre os pacientes, as palavras são apenas de elogio e gratidão. "Esse ambulatório tem sido muito importante para mim, eu tenho recebido muita ajuda aqui. Eu sou aposentado, ganho salário mínimo, e tive o coração operado recentemente. Então esse apoio que nós temos aqui tem sido fundamental para mim. Só tenho a agradecer”, comentou o senhor Aristalziro de Azevedo. Já a paciente Camila Vilhena afirmou que "tudo funcionou como em uma clínica normal. Fui muito bem tratada e atendida com atenção e carinho. Gostei muito.”

Os voluntários, no entanto, costumam dizer que são eles próprios os maiores beneficiados. É o que pensa, por exemplo, a jovem psicóloga Sarah Rufino de Souza Calixto, que dedica as tardes de terça-feira ao atendimento no ambulatório. "Aqui eu ganho por todos os lados. Além da satisfação e da importância de doar parte do meu tempo e fazer algo por quem precisa, eu também sinto que estou ganhando uma experiência valiosa. Aqui eu atendo especificamente crianças e adolescentes, e aprendo muito com elas e suas histórias. Cresço enquanto profissional, porque a demanda é muito grande. E se falta algum paciente, eu não vou embora. Em vez disso, fico na recepção ajudando os voluntários. Eu sou recém-formada e tenho meu próprio consultório, além de um quadro em um programa de rádio na cidade. Mas acredito que aqui posso unir um pouco de filantropia com uma chance a mais de ganhar experiência e consolidar meu nome na comunidade. Eu amo a psicologia e pretendo continuar aqui por muito tempo ainda”, explicou.

Opinião semelhante é defendida por Regina Helena de Lima, técnica de enfermagem responsável pela administração do ambulatório. "Nós ganhamos muito aqui. Não ganhamos em dinheiro, mas ganhamos muito porque nossa recompensa vem de Deus. E eu sempre digo que os maiores beneficiados somos nós, porque temos essa satisfação de saber que estamos sendo úteis, de ver as pessoas que nos procuram saindo daqui mais aliviadas. Essas coisas não têm preço.”

Outras, no entanto, têm sim, e costumam ser caras. "Nós precisamos de todo tipo de ajuda possível aqui”, continua Regina. "De uma maneira geral, os médicos de Friburgo já colaboram muito conosco. As amostras grátis que eles juntam no consultório, eles encaminham para a gente. Mas se alguém tiver como fazer doação de material de limpeza, café, ou remédios dentro da validade, para a gente é sempre algo bem-vindo.”

Contanto com o apoio de diversos profissionais da saúde, a maior limitação do ambulatório acaba ficando por conta dos exames mais complexos. "Nós temos cinco psicólogos, clínico, cardiologista, pediatra, ginecologista, nutricionista, fisioterapeuta, urologista... Temos profissionais de diversas áreas, mas nosso maior problema é a situação dos exames, principalmente esses que o Sistema Único de Saúde (SUS) chama de ‘alto custo’”, destaca Regina. "Os exames preventivos nós conseguimos a preço de custo com um patologista que nos ajuda, mas nem sempre esses exames são suficientes. Às vezes a pessoa precisa de uma mamografia, uma ultrassonografia, uma urografia, um doppler, e esses exames atualmente representam nossa maior dificuldade, porque nós não temos como conseguir. Nós até mandamos ofícios à Câmara Municipal e à Prefeitura, para ver se conseguimos a liberação desses serviços, mas até agora não tivemos resposta. Porque na realidade nós estamos prestando um trabalho à população carente, e até colaborando para reduzir um pouco o problema da saúde.”

Regina explica ainda que, com o aumento da demanda, foi preciso adotar critérios de triagem, para dar preferência a pacientes mais carentes. "A idéia inicial era atender a todas as pessoas, sem qualquer restrição. Mas então começamos a passar por situações delicadas, quando fomos procurados por pessoas que tinham plano de saúde e uma condição financeira mais favorável. Então sentimos que não era uma postura justa. Agora nós fazemos uma triagem, seguindo orientações que recebemos de uma assistente social. Atualmente nós damos preferência às pessoas que já são cadastradas no Bolsa Família, porque essa já é uma comprovação em relação à renda, além de pessoas que ganham até cerca de um salário, um salário e meio. Esse é o nosso público preferencial, para que a gente possa ajudar a quem realmente necessita, aproveitando ao máximo nossa pequena oferta de vagas.”

O ambulatório e a farmácia funcionam de segunda a sexta, das 8h às 17h, anexos à entrada lateral da Catedral São João Batista, na Rua Monsenhor José Antônio Teixeira, no Centro.


Todos os equipamentos do ambulatório foram doados,

mas ainda existem carências em algumas áreas

 

Dona Vanda é uma das 30 voluntárias na farmácia


O sorridente senhor Aristalziro de Azevedo é um dos muitos

pacientes que recebem remédios na farmácia do ambulatório

 

 A jovem psicóloga Sarah Rufino de Souza Calixto compõe a grande

lista de profissionais que atendem gratuitamente no ambulatório




CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
TAGS:
Publicidade