Já está disponível na secretaria da Câmara dos Vereadores de Nova Friburgo um abaixo-assinado que será encaminhado nos próximos dias à Secretaria Estadual de Segurança Pública, dando conta do repúdio da população à permanência do assassino do menino João Hélio no núcleo regional do Centro de Recursos Integrados de Atendimento ao Adolescente (Criaad), ex-Criam, na Rua Ventura Spargolli, Prado, distrito de Conselheiro Paulino. A intenção é que ele seja transferido para outra unidade de recuperação do estado, de preferência na região metropolitana do Rio de Janeiro, onde há maior segurança.
O criminoso, hoje com 19 anos, participou há três anos de um assalto no bairro de Oswaldo Cruz, na Zona Norte do Rio e, ao render a motorista de um carro num sinal, tomou a direção do veículo. Durante a ação rápida, João Hélio, de 3 anos, ficou preso ao cinto de segurança pelo lado de fora do carro e foi arrastado por cerca de sete quilômetros. O caso chocou a população devido à tamanha brutalidade.
O assassino, que cumpre pena em regime semiaberto, foi transferido para o Criaad de Nova Friburgo na semana passada, conforme antecipado com exclusividade por A VOZ DA SERRA, por decisão do juiz da 2ª Vara da Infância e Juventude da capital, Marcius da Costa Ferreira, a fim de garantir a segurança do assassino, que vinha sofrendo represálias dos demais internos na unidade de recuperação onde estava, no Rio de Janeiro.
A Câmara dos Vereadores de Nova Friburgo tenta com o abaixo-assinado sensibilizar as autoridades estaduais quanto à repulsa da população friburguense com a vinda do criminoso de alta periculosidade para Nova Friburgo. “Dez em cada dez pessoas em Nova Friburgo são contra a permanência desse bandido aqui”, sustenta o presidente da Câmara, vereador Sérgio Xavier, observando ainda que o assassino de João Hélio tem liberdade para circular livremente pelas ruas do município durante o dia, oferecendo perigo aos friburguenses.
Informações extraoficiais, no entanto, dão conta de que o bandido tem ficado o dia e a noite dentro da unidade do Criaad, que chegou a ter até vigilância de policiais militares a pedido da Câmara dos Vereadores. Ontem, 2, no fim da manhã, porém, nenhuma viatura do 11º BPM foi encontrada no local. Há informações ainda de que o assassino estudará na unidade do Centro de Ensino Supletivos (CES), que funciona dentro do Criaad de Nova Friburgo, e desde que chegou à unidade, na madrugada da última quinta-feira, 25, tem demonstrado bom comportamento.
Outro temor dos vereadores é que grupos de criminosos do Rio de Janeiro subam a serra para resgatar o assassino, oferecendo risco à população. “O Criaad local tem uma vulnerabilidade total. Não há sequer grades, muito menos um circuito interno de TV”, enumera Sérgio Xavier, que esteve na unidade junto com outros vereadores e autoridades municipais e não conseguiu entrar. Os vereadores, inclusive, avistaram o assassino de João Hélio, que os teria recepcionado com gestos obscenos. “Isso é mais uma prova de que esse rapaz não quer se recuperar. No Rio de Janeiro ele chegou a querer matar um carcereiro. É um jovem perigoso e Nova Friburgo não quer se transformar num paraíso de férias de bandidos”, disse o presidente da Câmara, reacendendo a polêmica sobre a instalação de uma casa de custódia no município. “Será que essa unidade que o estado quer construir aqui não pode se transformar num depósito de criminosos perigosos de outras cidades?”, questionou o vereador.
Ele observou ainda que o juiz carioca, ao transferir o assassino de João Hélio para cá, provavelmente não se inteirou das condições estruturais do Criaad que, inclusive, é ladeado pelo núcleo da Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), a Creche Colméia do Senhor e a Escola Estadual Vicente de Moraes. Segundo o presidente da Câmara, funcionários do Criaad e o juiz de infância e juventude de Nova Friburgo, Marcus Vinícius Miranda Gonçalves, foram contatados pelo Legislativo, mas não quiseram se pronunciar sobre o caso.
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